F1: O que significa o novo contrato de Max Verstappen

Por a 3 Março 2022 16:40

Max Verstappen assinou um novo contrato com a Red Bull que o levará, a ser cumprido, até 2028 com a sua atual equipa, uma movimentação que terá impacto na Fórmula 1 a diversos níveis.

Após ter cruzado a linha de meta do Grande Prémio de Abu Dhabi com o título de 2021 no bolso, o piloto holandês afirmou no meio da euforia do triunfo que “podemos fazer isto juntos por 10 ou 15 anos”. Bem, com a extensão do seu acordo até 2028, que originalmente tinha validade até 2023, chegará a metade dessa amplitude temporal, e terá no seu currículo mais de doze temporadas ao serviço da formação de Milton Keynes, tornando-se no piloto que mais tempo esteve com as cores de apenas uma equipa.

De um ponto de vista, esta continuidade faz todo o sentido – a Red Bull desde o final da década passada que tem vindo a ser moldada a Verstappen, o que foi determinante para a saída de Daniel Ricciardo no final de 2018.

Tudo na formação de bandeira austríaca gira em torno do holandês, que tem pagado essa confiança com vitórias e, em 2021, com um título de pilotos, ceptro que a Red Bull já não conquistava desde o longínquo ano de 2013, então com Sebastian Vettel.

Porém, se é compreensível que Verstappen deseje manter-se no conforto de um ambiente que conhece e de que gosta, existem algumas questões que são menos entendíveis.

Com esta nova extensão que o deixa nas próximas sete temporadas ao serviço da Red Bull, o Campeão do Mundo em título exclui-se do mercado por vontade própria, o que representa, tal como Christian Horner afirmou hoje, “uma verdadeira declaração de intenções” de ambas partes, diga-se.

Segundos os rumores, esta extensão do acordo permitirá a Verstappen auferir de cerca de cinquenta milhões de euros por temporada, ao que se juntará ainda alguns bónus vantajosos, como é tradição na Red Bull.

Provavelmente, haverá ainda alguns objetivos que, a serem cumpridos, permitirão ao holandês ver o seu rendimento incrementado, portanto, o lado financeiro de Verstappen não deixa de estar bastante bem assegurado.

Por outro lado, o Campeão do Mundo deixa de ter margem negocial perante a Red Bull e, mesmo que entre numa dinâmica semelhante à de Lewis Hamilton, com títulos sucessivos, não terá capacidade para impor uma renegociação que melhore as suas condições.

Haverá cláusulas de ambos os lados para a resolução do contrato tendo por base a performance, como é habitual e como Horner admitiu há dois anos, ainda assim, Verstappen pode encontrar-se numa situação em que pode ver-se sem capacidade para sair, mas sem que tenha a possibilidade de lutar por títulos.

Basta que exista a hegemonia de uma equipa que não a Red Bull, como se viveu até 2020, e o holandês poderá ver-se numa situação frustrante.

A contribuir para essa situação está a incerteza do novo ciclo regulamentar, que tem início em 2026, e pelo qual Verstappen passará com a equipa que atualmente representa.

Com um novo regulamento de chassis e novas unidades de potência, as incógnitas são muitas, até porque até lá, a força das grandes equipas – Red Bull, Mercedes e Ferrari – será diluída pelo tecto orçamental e pelas medidas de desenvolvimento aerodinâmico que penalizam as equipas mais bem-sucedidas.

É claro que, ao contrário do passado, a Red Bull, com a sua nova divisão de motores, terá o seu futuro garantido a este nível, seja com as suas próprias unidades de potência, com as da Porsche, ou até as da Honda, mas neste momento ninguém pode dar garantias competitivas a longo prazo.

Já para a equipa de Milton Keynes assegurar os serviços do piloto em quem tanto investiu faz todo o sentido. O contrato de Verstappen terminaria em 2023, um ano antes do acordo entre Charles Leclerc e a Ferrari, dois antes do de Lando Norris, ao passo que George Russell é piloto da Mercedes, com quem tem uma relação de longo prazo.

Sem ter na sua “cantera” um piloto do calibre do holandês ou dos outros nomes mencionados, a Red Bull estava condenada a estender o seu acordo com Verstappen, se quisesse continuar a ter um homem capaz de enfrentar qualquer adversário de igual para igual.

Com o reforço financeiro que obteve recentemente, com a entrada da Oracle como patrocinador-título e da Bybit, tinha a capacidade para pagar principescamente o Campeão do Mundo, o que acabou por fazer.

No entanto, também do lado da formação de Milton Keynes, outras questões que se levantam.

A Red Bull é vista como a equipa de Verstappen, uma ideia que será reforçada com este novo acordo.

Com uma relação tão forte entre os dois lados, outros pilotos com aspirações a vencer títulos olharão de lado para a equipa dirigida por Christian Horner e aconselhada por Helmut Marko, o que poderá tornar difícil encontrar um piloto de calibre para colocar ao lado do holandês – basta recordar o porquê da saída de Daniel Ricciardo.

Por outro lado, na prática, com este novo acordo de Verstappen a Red Bull confirma a sua presença a longo prazo na Fórmula 1, algo que já tinha feito com a edificação da divisão de motores, mas que agora sai reforçada.

Recorde-se que em 2026 entrará em vigor um novo Acordo da Concórdia, que terá de ser negociado, e que não foram poucas as vezes que a Red Bull lançou como ameaça abandonar a Fórmula 1, com as suas duas equipas, para alcançar algo que desejasse.

A partir de agora essa carta perderá força, com o investimento feito na área dos motores e no seu piloto de eleição…

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Cágado1
2 anos atrás

A soma astronómica paga ao Verstappen (como ao Hamilton, diga-se de passagem), significa tb que as equipas com o limite orçamental não deixaram de gastar dinheiro, passaram foi a redirecionar o seu foco: deixam de gastar uns pares de milhões para desenvolver umas pecinhas que lhe dêm uns centésimos por volta e passam a gastar mais umas dezenas de milhões que lhes dêm uns centésimos por volta. A pergunta que se põe é: continuará o Verstappen a ser capaz de dar esses centésimos num prazo tão alargado? Não aparecerão outros prodígios mais baratos?… Parece-me tempo a mais ou dinheiro a… Ler mais »

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