F1: O que pode significar a saída da Liberty?

Por a 30 Janeiro 2019 15:24

Nos últimos dias surgiu o rumor de que a Liberty Media está a pensar vender a F1, ou pelo menos parte das acções, depois de três anos à frente dos destinos do Grande Circo.

É difícil acreditar nestes rumores, ou pelo menos não fariam sentido há algumas semanas atrás. Custa pensar que apenas três anos após a aquisição da F1, a Liberty queira sair e dar a vez a outros, vendendo provavelmente abaixo do preço de compra, tornando-se num péssimo negócio. Mais ainda se para o lugar da Liberty entrar Bernie Ecclestone, o homem que esteve à frente dos destinos da F1 durante mais de trinta anos.

A Liberty pegou na F1 numa altura algo ingrata, e talvez isso não tenha tido sido em conta. A F1 já trazia problemas que careciam de resposta e encontrou novos desafios. Além procurar novas formas de trazer novos fãs, a Liberty tinha que resolver os problemas da falta de competitividade, das desigualdades entre equipas grandes e pequenas, das negociações com os circuitos que recebem as provas, a falta de presença nas redes sociais, ao que se juntou recentemente a necessidade de encontrar um rumo para o futuro a médio prazo, com a Fórmula E a ganhar cada vez mais força. Uma lista de respeito e que talvez não inclua todos os pormenores que tiveram ou ainda têm de ser revistos, numa competição que andou ao ritmo e sob a visão muito própria de Ecclestone.

O balanço da Liberty não pode ser considerado 100% negativo. A presença nas redes sociais é incomparavelmente maior e o trabalho feito nessa área tem sido de qualidade. Claro que a quota de jovens que se interessam pela F1 ainda está longe do desejado, mas talvez seja difícil em três anos, mudar um desporto que estava cada vez mais vocacionado para convencer os ricos em ao invés de ter em atenção as massas. As audiências aumentaram, mas aí a maior competitividade (luta Ferrari vs Mercedes) em pista terá tido provavelmente o seu peso, embora esta nova forma de apresentar a F1 seja mais agradável.

A balança dos aspectos negativos deverá pesar um pouco mais. O nível de investimento feito para melhorar a presença nos media e nas redes sociais levou a uma quebra nas receitas. Alguns investimentos fizeram todo o sentido, tendo em conta a vontade de mudança, mas outros deixaram algumas dúvidas.

A postura também sofreu algumas alterações, com as indicações iniciais a darem-nos uma Liberty com vontade manter as pistas com mais tradição com foco nos fãs, mas ultimamente, além da vontade de aumentar o calendário, algo criticado pelas equipas e que pode não trazer os benefícios desejados, essa ideia de manter as pistas com tradição está a cair face a vontade de ter mais retorno. Em contradição, coloca-se na mesa um modelo para um GP em Miami em que há uma divisão de lucros entre a F1 e o promotor local, o que desagradou a outras pistas com acordos menos favoráveis.

Depois há a visão para o futuro. A Liberty optou pela via do diálogo e investiu num departamento técnico responsável por pensar a fundo no futuro da competição com a mudança de regulamentos de 2021 a ter uma importância cada vez maior, o que foi uma excelente medida. Mas até aí as coisas não correram bem e a vontade de atrair novas marcas não passou disso mesmo, com a Porsche e a Aston Martin a deixarem de lado essa hipótese. As negociações para encontrar uma base regulamentar também não foram fáceis e as equipas demoraram muito até encontrarem uma proposta base que agradasse, que só surgiu quando o interesse de novas marcas se desvaneceu e foco passou por manter quem estava.

A F1TV leva para já nota negativa, com muitos problemas e com muito ainda para ser desenvolvido.

Num mundo que exige resultados imediatos é normal que em três anos houvesse vontade de ver outro tipo de números na F1, mas olhando às mudanças necessárias, era claramente um objectivo demasiado ambicioso.

Há coisas boas que foram feitas, essencialmente a nível das redes sociais, e da escolha das pessoas para pensarem o futuro da F1, como o caso de Ross Brawn e Pat Symonds. O resto seriam sempre assuntos que demorariam tempo a serem resolvidos. Apesar do balanço não ser tão positivo quanto o desejado, e de haver claramente arestas a limar quanto a postura e ao caminho escolhido, não se pode dizer que tenha sido tão mau ao ponto de levar a uma saída. O regresso de Bernie também não me parece ser a melhor solução. Bernie sabe como lidar com as equipas, sabe como colocar o grande circo a funcionar e a dar dinheiro, mas as opções e o caminho que estava a escolher não era de uma F1 que agradasse aos fãs.

Será preciso esperar para ver quais os desenvolvimentos para o futuro da F1, mas numa fase como esta, a saída da Liberty e a instabilidade não seriam o melhor cenário com 2021 cada vez mais perto.

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