F1: O porquê do ‘blackout’ ao teste de Barcelona
Os adeptos estão ávidos por ver os novos carros em acção, mas a primeira sessão de testes desta pré-temporada será disputada longe dos olhares de todos. Qual será o motivo?
A FOM revelou na passada quarta-feira que a primeira sessão de testes deste defeso será realizada no Circuit de Barcelona – Catalunya, como tem sido tradicional há vários anos, à excepção do ano passado, confirmando as datas que já há muito eram conhecidas – entre 23 e 25 de Fevereiro – mas dando algumas novidades, ainda que algumas já fossem aventadas nos bastidores há inúmeras semanas.
Já há alguns meses que era discutida a possibilidade de os testes realizados em Barcelona não contarem com transmissão televisiva, ao contrário do que aconteceu nos últimos dois anos, mas a grande notícia é que a FOM nem sequer disponibilizará o tradicional “live timing”, deixando todos os adeptos às escuras, uma vez que também não será permitido público na pista espanhola.
O único acesso a informação que os fãs terão será tudo o que as publicações presentes no circuito situado nos arredores de Barcelona noticiarem e a um resumo de uma hora transmitido pela F1 TV no final de cada um dos dias.
Num momento em que a curiosidade é intensa, dado ser a primeira vez que os carros de acordo com o novo regulamento rodam em pista, a informação é reduzida quase ao mínimo, o que frustrará os seguidores da categoria, sobretudo, depois de uma temporada intensa em que muitas vezes foi até dado acesso exagerado aos fãs.
Porém, será a novidade dos carros e as hipotéticas dificuldades dos primeiros quilómetros precisamente a razão por detrás de tanto secretismo.
Quem não se lembra da primeira sessão de testes das novas unidades de potência, em Jerez no já longínquo ano de 2014, quando foram diversas as equipas a passarem por vexames, tendo o maior sido sofrido pela Red Bull, que depois de quatro títulos consecutivos, arrancava para a nova era com apenas vinte e uma voltas completadas em quatro dias devido a problemas de instalação da unidade de potência da Renault.
Até a Mercedes, a mais bem preparada para o novo regulamento, passava uma tarde inteira de boxes fechadas devido à quebra de uma asa dianteira, quando Lewis Hamilton rodava com o W05, que viria a ser uma máquina avassaladora.
As unidades de potência serão as mesmas, ainda que evoluídas relativamente às suas predecessoras, e, portanto, não se prevê muitos carros parados com problemas nos respectivos V6 turbohíbridos, mas tudo o resto é radicalmente diferente – chassis, aerodinâmica, pneus, travões – e, apesar de todas as ferramentas de simulação que as equipas têm ao seu dispor, sobretudo as maiores, são esperadas dificuldades.
As equipas, assim como a FOM, querem evitar mostrar carros parados na pista ou nas boxes sem que possam rodar consistentemente, furtando-se passar uma mensagem que não seja de excelência técnica a toda a prova, como normalmente se verifica, e a não expor as estruturas e os seus patrocinadores.
Os adeptos acabam por ficar a perder, não podendo seguir de perto os testes que marcam o início de uma nova era, quando a curiosidade e avidez por saber mais é muita.