F1: O Diabo está nos detalhes

Por a 24 Abril 2018 11:00

Já se sabe que a F1 é feita de pequenos detalhes, que dão ganhos mínimos. Mas todos os detalhes a trabalharem em conjunto podem dar a hipótese de vitória. É essa luta constante por um décimo aqui e outro ali que tornam a F1 complexa para alguns e fascinante para outros. E é exactamente essa busca que faz surgir regularmente algumas  dúvidas. A ultima está relacionada com o volante de Sebastian Vettel.

O piloto alemão tem no seu volante uma patilha a mais, em relação ao volante de Kimi Raikkonen. Essa patilha tem um sensor rotativo que permitirá mudar um parâmetro do carro.  Há quem diga que permite alterar os modos do motor mais facilmente, outros dizem que  poderá permitir mudanças mais rápidas e práticas no diferencial. Mas tudo são suposições e teorias. Uma coisa é certa, não pode ser um elemento que permita um ganho significativo pois nesse caso Kimi também teria de ter esse elemento no seu volante. É provável que seja uma solução desenvolvida por Vettel e pela Ferrari para se adequar ao seu estilo, algo que terá sido descartado por Kimi,

A FIA irá estar atenta a este assunto pois a regulamentação  foi apertada quando foi introduzida apenas uma patilha para a embraiagem, de forma a aumentar o grau de dificuldade nos arranques dos pilotos. A Ferrari encontrou soluções engenhosas mas a FIA sempre se mostrou muito atenta.

Há outras soluções interessantes a serem testadas e uma das que mais deu que falar até agora é o escape da Renault que apresenta um ângulo de saída diferente das restantes máquinas, estando virada “para cima”. Acredita-se que essa solução pretenda acelerar o ar debaixo da asa traseira o que poderá aumentar o apoio aerodinâmico criado. A FIA  proibiu as configurações dos motores que permitam mais saída de gases quentes mesmo quando  o piloto não está a acelerar,  uma solução introduzida pela Red Bull em 2010 que aquecia o ar debaixo do carro e aumentava assim o “efeito solo” mesmo em curvas mais lentas (provocando um som muito característico ). As equipas poderiam cair na tentação de voltar a usar esta técnica agora na asa traseira mas a FIA não gosta de desperdício e esse tipo de configurações vai contra a filosofia de eficiência que vigora no órgão máximo do automobilismo mundial.

 

Voltando ao volante da Ferrari, a confirmar-se que é apenas um “extra” estudado pela equipa e por Vettel, vem confirmar o trabalho que o alemão tem desenvolvido na Ferrari. Vettel é um dos responsáveis pelo regresso da Scuderia ao topo. Pode não ter o talento de Hamilton ou Alonso, mas a forma como trabalha com a equipa mostra bem o seu envolvimento em todos os aspectos. Pequenos pormenores como festejar a vitória em italiano pode parecer supérfluo para a maioria mas significa muito para os homens de vermelho e motiva a equipa a fazer mais. Fez um esforço que nem todos estão dispostos a fazer (basta olhar para o outro lado da garagem). São pequenos detalhes e pequenas coisas que lhe valem agora o estatuto que tem dentro da Ferrari. As corridas de F1 não se começam a ganhar na pista mas sim muito antes, com a equipa. Vettel entende essa fórmula e segue-a. Os resultados estão à vista. Claro que o alemão não é o único a fazer esse tipo de trabalho de casa. Hamilton, por exemplo, tem um ar de “bon vivant”, mas tem à volta dele uma equipa de profissionais que o ajudam em várias vertentes e que permitem que o britânico esteja no top. Cada piloto terá o seu truque ou a sua metodologia de trabalho mas nalguns casos há pormenores que saltam à vista. E são esses pormenores que fazem a diferença.

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