F1: O desinteresse de Max Verstappen em vencer “sete ou oito títulos”

Por a 27 Abril 2023 17:09

Nas entrevistas de antevisão para o GP do Azerbaijão, Max Verstappen voltou a falar das mudanças que estão a ser feitas na F1 e, em particular, do aumento do calendário. Verstappen ainda tem cinco anos de contrato com a Red Bull, mas já torce o nariz a uma possível permanência depois desse ano.

“Sempre disse que mesmo que não houvesse mais corridas de velocidade, mas se continuarmos a alargar o calendário e o fim-de-semana for tão longo, a certa altura perguntámo-nos se vale a pena” disse Verstappen em declarações à Sky Sports. “Eu gosto de correr, gosto de ganhar. Sei que, claro, com o salário e tudo o resto, temos uma boa vida, mas será que é mesmo uma boa vida? Penso que, por vezes, chegamos a um ponto da nossa carreira em que talvez queiramos fazer outras coisas.”

“Sei que tenho um contrato até ao final de 2028 e depois voltaremos a analisar. Mas acho que se chegar a um ponto em que é demasiado, é altura de mudar. Acho que temos sempre de falar connosco e olhar para nós próprios [perguntando] ‘ainda estás muito motivado e adoras o que fazes? Penso que cada pessoa é um pouco diferente. Também depende um pouco do que queremos da nossa vida, certo? Algumas pessoas adoram correr e essa é a única coisa que sabem fazer ou a única coisa que querem fazer. Eu estou provavelmente um pouco mais no meio. Quero dizer, adoro corridas, mas também quero fazer outro tipo de corridas e não se pode combinar as duas coisas, ou organizar outro tipo de coisas.

Penso que quando se fazem tantas corridas, não só os pilotos, mas também o pessoal e a equipa, há muita gente que vai ter dificuldades com isso. Não, não estou interessado em ganhar sete ou oito títulos.

Se tivermos o carro para isso, ótimo. Mas mesmo que não tenha, eu já estou feliz, então está tudo bem.”

Estas foram as declarações de Max Verstappen, 25 anos, bicampeão de F1, principal favorito ao título de 2023. Podem parecer declarações de um piloto já veterano, mas não. São de um piloto jovem, mas que já tem 10 épocas na F1. Em 2028 terá 15 épocas feitas, com trinta anos, ainda com muito para dar ao desporto motorizado. E a sua visão é que talvez com este crescente exagero de corridas, não tenha motivação para fazer a F1 e tente fazer outras coisas.

Será que a F1 está a exagerar no que exige aos pilotos? Do staff nem vamos falar porque, sim, é um exagero. Os pilotos são os que têm as melhores condições. Mas até eles começam a ficar com o pé atrás vendo tantas corridas. Verstappen refere algo interessante. Com este calendário, não há tempo para fazer algo diferente. E talvez seja isto que falta. Mais tempo para outros projetos diferentes. Um piloto da F1 tentar a Indy 500, ou as 24h de Le Mans, ou outra corrida. Seria uma forma de levar a F1 a outras competições e de fazer outras competições crescer. Os tempos de pilotos que corriam em vários campeonatos de topo são agora distantes e encontrar calendários que permitissem mais flexibilidade seria um desafio. Mas reduzindo o número de provas, poderíamos ter outro tipo de atividades.

Há a clara sensação de que se está a tentar tirar o máximo de dinheiro, sem olhar ao desgaste que se pode provocar à competição e às suas estrelas. Até podemos chegar à conclusão que este formato de mais corridas é o melhor, mas é importante fazer uma reflexão. E Max Verstappen pode ser o catalisador dessa reflexão. Para o neerlandês, ganhar dois ou três títulos parece ser indiferente. Ele já venceu e disse que tudo o que viesse a partir daí era lucro. Verstappen tem “pinta” de ser piloto para tentar a triple Crown. Parece uma inevitabilidade que vá tentar Le Mans. A Indy… por que não? No entanto, é preciso que as competições encontrem espaço para pilotos assim, que queriam ser mais do que apenas pilotos de F1, ou de resistência, ou de turismos. Se há artistas que querem brilhar noutras categorias, há que dar espaço. Mas sugando tudo o que têm para dar com calendários exagerados não teremos isso.

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2 Comentários
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breno_mascarenhas2020_hotmail_com
1 ano atrás

Verstappen tem razão, a F1 está se banalizando, se tornando uma NASCAR de rodas descobertas.

Pity
Pity
1 ano atrás

O Verstappen tem razão, são corridas a mais. Os responsáveis da F1 estão a exagerar. Pensam só no lado dos adeptos (e nos lucros…), esquecendo quem trabalha na F1. Já nem falo na questão de serem muitos fins de semana fora de casa, mas do desgaste físico de viagens longas, com fusos horários bem diferentes, em pouco tempo, como ir de casa para Baku e daí para Miami numa semana. Os pilotos, nisso, até são os menos sacrificados, mas os mecânicos, que desmontam e montam os carros, descansam o suficiente? É que com o tecto orçamental, as equipas não podem… Ler mais »

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