F1: Nyck De Vries pode servir de exemplo para os jovens pilotos

Por a 22 Julho 2023 10:23

A Fórmula 1 sempre foi implacável e os jovens pilotos sempre tiveram as suas dificuldades e desafios para ultrapassar. No entanto, podemos estar a assistir à era da competição mais inclemente de sempre para pilotos jovens, onde o trabalho de desenvolvimento, anterior ao ano de estreia, tem um papel fundamental na carreira que se avizinha. 

O caso de Nyck de Vries pode ser um exemplo para os pilotos que esperam poder competir na Fórmula 1. O neerlandês não é um piloto desprovido de talento e não chegou ao mundial sem experiência ou apenas competindo nas fórmulas juniores. Foi Campeão do Mundo de Fórmula E e isso pode ter colocado mais pressão ao piloto – recordamos que Franz Tost disse na temporada passada que esperava que o piloto tivesse menos dificuldades em ambientar-se à Fórmula 1 – mas ainda assim, não tinha muitos quilómetros de testes com um monolugar desta competição.

O chefe de equipa da AlphaTauri na conferência de imprensa do GP da Hungria, afirmou que “hoje em dia, se um jovem piloto chega à Fórmula 1, tem de estar preparado da melhor forma possível, o que para mim significa pelo menos 5000 ou 6000 km de testes, testes privados com um carro antigo. Tal como a Alpine fez com Piastri, esta é a forma de o fazer”. 

Este é um caminho longo, onde é preciso investir muito num jovem e dar-lhe tempo para completar testes e prepará-lo o melhor possível para a Fórmula 1. Nem todas as equipas estão dispostas a fazê-lo, por uma série de motivos. A Alpine fez isso com Oscar Piastri, como a McLaren também o fez com Lando Norris, por exemplo.

Noutros períodos da Fórmula 1, apesar de ter existido sempre a pressão de apresentar resultados desde início, os testes privados eram permitidos, com os pilotos a poderem experimentar os monolugares com que a equipa competia e até de equipas diferentes. Não demoravam tanto tempo para sair da F3, por exemplo, e dar o salto para a F1. Agora, um campeão da Fórmula 2, como aconteceu com Piastri e Felipe Drugovich, não tem lugar imediato na disciplina rainha do automobilismo. 

Nunca foi fácil um estreante rumar à Fórmula 1 e fazer carreira, mas entre a falta de testes privados para se darem a conhecer e tempo de pista quando alcançam o objetivo – além de novas pistas acrescentadas ao calendário, com as corridas Sprint, os pilotos têm apenas uma sessão de treinos livres para trabalhar no carro – os jovens contam muitas vezes com o trabalho de simulador para conhecerem o seu monolugar. Sendo uma ferramenta muito importante, não é, de todo, a mesma coisa que estar dentro do carro e dar voltas a uma pista. Basta pensar que os próprios testes de pré-temporada passaram para apenas três dias, onde até os pilotos mais experientes sentem dificuldades para conhecerem os novos carros para a temporada que começa logo depois.

Só o tempo dirá se realmente esta era da Fórmula 1 é mais difícil para os jovens talentos, no entanto, quando vemos um pelotão mais experiente e com menos sangue novo a entrar todos os anos – basta pensar que para substituir Mick Schumacher a Haas confiou no regresso de Nico Hülkenberg – percebemos que se torna arriscado para as equipas em apostar em jovens pilotos.

Foto: Lars Baron/Getty Images/Red Bull Content Pool

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Cágado1
1 ano atrás

A redução de testes vai matar a renovação de pilotos e com isso acabará por matar a própria F1. Se andarmos para trás um pouco, basta lembrar os 5 ou 6 mil quilómetros que o Hamilton fez, com carros actuais, antes de se estrear, o que lhe permitiu ganhar provas e quase o campeonato no 1.º ano. Há séculos que berro com a redução de treinos e com as corridas de sprint, há que pensar a longo prazo. Uma equipa tem de estar disposta a perder pontos 1 ano (pelo menos) e o dinheiro que isso representa, para investir num… Ler mais »

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