F1: Nova tendência pode levar à saída de pistas importantes do calendário?

Por a 24 Janeiro 2024 10:25

O anúncio da entrada de Madrid no calendário da F1 foi recebido de forma morna pela generalidade dos adeptos. Mais um traçado citadino, algo que tem sido cada vez mais frequente. Será este um sinal para o futuro?

Atualmente, há nova pistas cujo contrato com a F1 está prestes a expirar. Silverstone e Suzuka têm apenas contrato até este ano e Monza, Monte Carlo, Hermanos Rodriguez, Xangai, Imola, Spa e Zandvoort têm contrato apenas até 2025, segundo a RacingNews 365. Só estas pistas dariam um excelente calendário para qualquer competição e qualquer fã gostaria de as manter. Em teoria, parece muito difícil que alguma saia. Silverstone, Suzuka, Monza, Spa e Monte Carlo estão enraizadas de forma muito profunda na história da competição e uma saída do calendário levaria inevitavelmente a uma reação negativa por parte dos adeptos (no entanto, todas elas já foram alvo de rumores de potenciais saídas). O Hermanos Rodriguez tem uma festa nas bancadas como mais nenhuma e os promotores da competição sabem que isso valoriza muito o espetáculo. Imola e Zandvoort têm também muita história, mas vêm de ausências prolongadas, pelo que a sua saída, apesar de muito negativa, seria encarada com mais “normalidade”. Xangai está ausente desde 2019 e pouca gente terá sentido falta da pista, mas o mercado chinês interessa (e muito) pelo que a sua manutenção deverá ser garantida.

Apesar de não se anteciparem grandes mudanças, a verdade é que elas podem acontecer. E não seria de espantar que a F1 preferisse uma corrida no centro de Londres, mesmo que para isso tivesse de abdicar de Silverstone, o berço da F1. Da mesma forma, a F1 poderia apostar numa corrida no centro de Roma, em detrimento de Monza ou Imola. A entrada de Madrid confirmou o precedente da preferência por traçados citadinos que pode influenciar o futuro. Esta nova filosofia permite levar o espetáculo a pessoas que podem não estar interessados numa primeira fase, mas que depois até se deixem conquistar. Ao nível da publicidade, trata-se de valor acrescentado, e se os promotores tiverem os bolsos fundos, cria-se uma receita quase irresistível para a F1.

Mas a F1 pode dar um tiro no pé. Como no caso do número de corridas, esta vontade da F1 em apostar cada vez mais em citadinos poderá levar a uma descaraterização da competição. A F1, tal com outros desportos, tem de evoluir, mas os desportos de massas, os mais seguidos no mundo, têm obrigatoriamente de manter uma ligação forte com o passado. Não é uma equação fácil de resolver, mas é de crucial importância que a base, a história, o legado da F1 se mantenham bem visíveis e acessíveis. Tirar a F1 de certas pistas seria negativo. Trocar uma pista como Zandvoort por Istambul Park, ou Imola por Portimão seria mais bem-aceite, pois seria a saída de uma excelente pista, pela entrada de outra. A saída de uma pista de excelência para a entrada de um citadino que levanta muitas dúvidas… é arriscada. Barcelona era uma pista complicada, as boas corridas não era regulares, mas é uma excelente infraestrutura, onde os fãs podem ver os carros em todo o seu esplendor, com bons acessos. Apesar do espetáculo não ser sempre empolgante, Barcelona fazia parte da história da F1 desde 91. E isso foi trocado por um traçado que, à primeira vista, não parece que vá trazer muito mais emoção. Esperemos que quem lidera a F1 saiba manter o legado da competição.

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11 meses atrás

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