F1, Notas AutoSport: Renault cada vez mais forte
Depois da saída de cena em 2011, a Renault voltou como construtora em 2016, determinada em demonstrar mais uma vez do que é capaz. A relação azeda com a Red Bull e a má publicidade consequente, “obrigou” a marca a tomar medidas drásticas e regressar à F1. A equipa voltou a pegar na estrutura de Enstone e juntamente com o esforço constante em Viry-Châtillon onde se fazem as unidades motrizes, a Renault começou a trabalhar neste regresso e para já os resultados são encorajadores.
A evolução tem sido gradual e constante, liderando neste momento o “campeonato B” das equipas do meio da tabela. Não têm sido brilhantes, mas a consistência tem sido a chave do sucesso até agora. A equipa tem investido também na contratação de pessoas que podem ser mais valias imediatas, quer na parte técnica quer noutras áreas, como agora com Daniel Ricciardo. Ainda falta para que possam começar a enfrentar as equipas de topo, mas os franceses sabiam que era um processo gradual e que não vale a pena tentar acelerar em demasia o plano previamente estabelecido, embora por vezes se sinta que poderiam fazer algo mais.
O filme até agora
Na primeira ronda na Austrália, não se pode dizer que a equipa francesa não tenha mostrado o seu valor, mas esperava-se um pouco mais. Em qualificação estiveram bem, mas a corrida não lhes sorriu e o VSC estragou as contas da equipa, que tinha feito parar os carros pouco antes. Hulkenberg não conseguiu segurar Verstappen mas acabou a corrida a servir de tampão a Bottas e Sainz teve uma corrida também para esquecer, pois no primeiro stint não foi capaz de segurar Alonso, que deixou escapar com um erro e no segundo stint acusou um problema com o sistema que lhe faz chegar a água, que estava constantemente a “servir” liquido ao piloto, que foi bebendo, de tal forma que ficou com o estômago cheio de água, o que provocou náuseas (afinal gerir aquelas forças G de estômago cheio não deve ser fácil).
No Bahrein voltamos a ver a mesma fórmula. Um resultado positivo, mas sem a força que se esperava ver do candidato mais forte ao quarto lugar, sendo até suplantada pela Haas e Toro Rosso. Hulkenberg conquistou o sexto lugar, depois do oitavo na qualificação. Esteve durante muitas voltas com Alonso atrás de si a pressionar, mas manteve a compostura e não perdeu o lugar. Já Sainz começou o fim de semana com muitas queixas, insatisfeito com o equilíbrio do carro, e talvez por isso nunca tenha chegado onde se esperava… perto do seu colega de equipa. Ficou fora dos pontos e não esteve ao nível do que nos habituou.
Na China a Renault mostrou-se mais perto do nível que se esperava. Pelo menos Hulkenberg, pois Sainz estava estranhamente longe das luzes da ribalta. Esperava-se uma luta muito mais acesa entre os dois , mas o alemão tem conseguido manter a sua regularidade característica, enquanto Sainz tem mostrado algumas dificuldades em chegar aos pontos. Mas finalmente mostraram-se claramente superiores a Haas e a estratégia com o Safety Car também foi a correcta. Em Baku os papeis inverteram-se e Hulkenberg (que habitualmente não se dá muito bem naquele circuito) teve um fim de semana fraco, enquanto Sainz finalmente mostrou algo mais. Hulkenberg parecia lançado para uma boa corrida, mas um erro (toque nas barreiras) atirou-o para fora de pista, no mesmo circuito onde tinha tido a última desistência, também pelos mesmos motivos. Sainz largou de 10º, depressa subiu até ao top 5, mesmo com uma estratégia menos conseguida.
Em Espanha a corrida começou da pior maneira, com Hulkenberg a ser apanhado no “furacão Grosjean”, ficando logo fora de prova, o desfecho menos desejado depois do erro em Baku. O alemão ficou prejudicado na qualificação, quando perdeu potência no seu motor (provocado por impurezas no combustível). No arranque perdeu também uma posição e ficou no lugar certo para levar com um Haas. Não estava escrito. Já Sainz fez uma boa corrida, com um bom sétimo posto e algumas lutas interessantes.
Não se pode dizer que os Renault tenham deslumbrado também no Mónaco. Tanto Hulkenberg como Sainz estiveram bem, especialmente o alemão que conseguiu recuperar várias posições e terminou na frente do colega de equipa, mesmo tendo largado atrás do espanhol. Oitavo e décimo não pode ser considerado um mau resultado para a dupla da equipa francesa. Mas esperava-se um pouco mais da Renault… mais uma vez.
No Canadá viu-se um pouco mais. P7 e P8 pode não parecer nada de espantoso mas foi no global, um bom resultado. Ocon ainda tentou estragar a festa, mas uma paragem mal executada da Force India abriu as portas aos homens de amarelo e preto. Hulkenberg mostrou novamente consistência e eficácia e Sainz ficou atrás do companheiro.
Na França, a Renault apostou na mesma táctica… As bancadas de Paul Ricard estavam cheias de amarelo e a Renault pôde finalmente sentir-se em casa. Sainz teve uma excelente prestação, apenas o azar da falha no motor (ficou temporariamente sem potência) o impediu de fazer um resultado melhor. Mas o espanhol esteve muito bem e merecia mais. Hulkenberg não foi tão “vistoso” quanto o colega de equipa, mas manteve a bitola exibicional… regularidade e eficácia mas abaixo de Carlitos.
Depois de um fim de semana positivo, Red Bull Ring não trouxe boas notícias para os homens de amarelo. O turbo de Hulkenberg cedeu e obrigou o piloto a nova desistência e Sainz não conseguiu fazer durar os pneus como queria, tendo de lutar com um carro longe do ideal até ao final. Para esquecer.
Sainz estava a assumir o protagonismo da equipa nas últimas corridas, mas Hulkenberg voltou às boas exibições em Silverstone e superou o seu colega de equipa em toda a linha. Prestação sólida , que corou uma excelente recuperação (largou de 11º e acabou em 6º) e que retirava um pouco da pressão que poderia estar a surgir. Carlitos estava a subir de produção, mas uma qualificação pobre e um acidente com Grosjean acabaram com o esforço do espanhol.
Hulk guardou a melhor exibição para o seu público. Uma prova exemplar do #27 em Hockenheim, elogiada pelos responsáveis da Renault. Já Sainz teve um dia que prometeu muito, mas que foi pautado pelo azar. A troca de pneus uma volta antes do Safety Car provocado por Vettel e uma penalização de 10 segundos por ter ultrapassado um carro em situação de Safety Car, acabaram com a tarde do espanhol.
A última prova antes da paragem não foi das melhores. Carlos Sainz teve uma má largada e a partir daí teve de correr atrás do prejuízo, sem sucesso, depois de brilhar na qualificação com um excelente 5 lugar. Hulkenberg esteve pior e além de não brilhar na qualificação, em corrida também não se evidenciou e a paragem da equipa para colocar ultra-macios no final não resultou minimamente e confirmou que o alemão não levaria qualquer ponto para casa.
No geral fica quase sempre a sensação de que queríamos mais da Renault mas os números mostram que estão a fazer o que se comprometeram… lutar pelo quarto lugar. A concorrência tem tido altos e baixos, enquanto a regularidade da Renault tem permitido levar a água ao seu moinho. Apenas na Áustria a equipa de amarelo não conquistou qualquer ponto, tal como a Mercedes que falhou uma vez só e apenas superados pela Ferrari que ainda não falhou.
Hulkenberg vs Sainz
Esperava-se uma luta interna um pouco mais apimentada. O alemão da Renault tem sido confortavelmente o melhor piloto da equipa e por isso assegurou o lugar para 2019 enquanto Sainz teve “guia de marcha”. Não está em causa o talento do espanhol, mas esperava-se mais de Carlitos nesta aventura pela Renault. Em qualificação temos um empate com 6-6 e em corrida o alemão tem ligeira vantagem (7-5) mesmo com 3 desistências contra apenas uma de Sainz. Hulkenberg revelou desde a sua entrada ter sido a aposta certa para a Renault. A sua consistência tem sido a chave do sucesso. Sainz teve problemas no acerto do carro no inicio do ano, o que o terá prejudicado muito. A diferença de quase 20 pontos na tabela classificativa é grande e o nome Ricciardo falou mais alto.
O que esperar da segunda metade da época?
A mesma consistência e regularidade. O quarto lugar não deverá fugir pois a Renault tem mais recursos que a concorrência directa por isso, o grande desafio será entender se conseguirão começar a olhar para os lugares de cima com outro tipo de ambição. Não parece que seja para já possível, mas era interessante ver a Renault tentar incomodar o poder estabelecido no top 3. Hulkenberg deverá manter-se como o chefe de fila e Sainz é a interrogação. Já com a cabeça noutro lado, poderá desligar-se da equipa, ou pelo contrário provar que merecia ter ficado, com uma amostra da fúria espanhola. Mas no geral deverá ser mais uma época em que a Renault atingiu os objectivos, sem deslumbrar mas mais importante que isso… sem falhar.
Notas meio da época:
Nico Hulkenberg: Nota 8
Carlos Sainz: Nota 7
Renault: Nota 8
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