F1, Nigel Mansell: “Agora os pilotos saem do carro e parece que vieram do cabeleireiro; não suam”
Nigel Mansell, antigo campeão do mundo de Fórmula 1, comparou o desporto nos dias de hoje à da sua época e conclui que o desporto fez uma evolução “incrível”.
Quando Nigel Mansell se tornou campeão do mundo há 30 anos, a Fórmula 1 era um mundo completamente diferente do que é hoje. “A Fórmula 1 era muito perigosa nessa altura”, recorda Mansell, um dos maiores nomes de sempre da F1, numa entrevista com Adrian Flux. “No nosso tempo, fazia parte do trabalho, muitas pessoas morreram”. Na época de Mansell, só na Fórmula 1, entre 1980 e 1995, houve seis acidentes mortais em corridas ou testes. “Se cometêssemos um erro há muitos anos, tínhamos de pagar o preço por ele”, diz Mansell recordando a morte de Gilles Villeneuve.
A filosofia da Fórmula 1 mudou muito após os acidentes fatais de Roland Ratzenberger e Ayrton Senna no fim-de-semana de Imola, em 1994. Desde esse momento, apenas há registo de um acidente fatal na F1: o de Jules Bianchi em 2014, no circuito de Suzuka.
“Em [quase] 30 anos, uma única pessoa perdeu a sua vida e foi um acidente estranho. Acontecia-nos quase todos os anos”, recorda Mansell. “[Desde 1994] todas as curvas rápidas e perigosas foram retiradas, e foram inseridas enormes escapatórias. Por um lado, é uma pena que não haja mais curvas perigosas. Mas do ponto de vista do piloto[…] é fantástico. Eles sentem-se super-homens. Podem ter os piores acidentes com os carros atuais e simplesmente sair ilesos. É espantoso”, revela.
“Todos os pilotos devem estar incrivelmente gratos por isso”, disse, explicando que os pilotos podem agora ter carreiras muito mais longas como resultado. “Conduzi cerca de 180 Grandes Prémios”, recorda. “Mas os pilotos hoje pilotam 300 ou mais Grandes Prémios! Em algumas corridas, eles saem do carro e parece que acabam de vir do cabeleireiro. Eles não suam nem nada do género”. A direção assistida nos carros de hoje é a principal razão para isto.
“Tínhamos de ter braços realmente fortes e apanhar o carro nas curvas. Se não tínhamos força física para um carro de Fórmula 1, então tínhamos um acidente. Hoje pode-se pilotar com um dedo”, brinca o piloto, que soma 31 vitórias ao longo da sua carreira. “Isto abriu o desporto a muitos pilotos que não têm realmente força física”, acredita Mansell. Outra diferença: “Têm 30 a 50 engenheiros a equilibrar o carro para o piloto. […] Nós tínhamos um engenheiro!”
Esta é uma das principais razões pela qual a Fórmula 1 dos dias de hoje não pode ser comparada com a das gerações passadas. Mansell conclui que “é inacreditável onde o desporto está hoje”.