F1: Mercedes quer usar o conceito da Red Bull em 2018

Por a 17 Novembro 2017 11:46

A Red Bull é considerada uma das melhores equipas do paddock da F1, muito graças às maravilhas que consegue fazer com os chassis. Desde os tempos das vitórias consecutivas de Vettel que a Red Bull faz os melhores chassis da F1, graças ao génio de Adrian Newey e a sua equipa, capazes de criar mais apoio aerodinâmico que as mais diretas concorrentes. É normal que os conceitos que usam sejam replicados noutras máquinas.

Uma das caraterísticas que sempre distinguiu os Red Bull foi a altura da traseira do carro. Esta inclinação está presente na filosofia da equipa desde os tempos dos ‘Blown Diffusers’. Naquela altura, foram implementadas mudanças para diminuir o apoio aerodinâmico e a Red Bull começou um trabalho exaustivo de aproveitamento do difusor, que é a parte que mais apoio aerodinâmico cria, sem a contrapartida do arrasto que as asas provocam.

A Red Bull usou um conceito introduzido em 1983 pela Renault, cuja a ideia principal era aumentar a eficiência do difusor, acelerando o ar por baixo do carro. Para isso, direcionaram as saídas de escape para o difusor de forma a aquecer o ar e aumentar a quantidade de ar extraída debaixo do carro, aumentando assim a pressão negativa e ‘colando’ o carro ao solo, ideia que foi sendo aproveitada por outras equipas.

senna

A Red Bull usou a base dessa ideia para aumentar a eficiência do seu difusor. Colocou as saídas de escape de forma a que o fluxo de ar criado originasse uma espécie de parede invisível nas laterais do carro. Com essa parede a equipa poderia recriar o famoso ‘efeito solo’, com a vantagem de poder elevar a traseira do carro para que a quantidade de ar extraída fosse maior e assim aumentasse a pressão negativa por baixo do carro, aumentando virtualmente o tamanho do difusor. A outra vantagem de ter um carro inclinado para a frente surge na travagem: o carro fica com a asa dianteira mais próxima do chão e cria uma espécie de túnel que aumenta a velocidade do ar, especialmente depois de passar o ponto mais baixo do carro.

redbull

A ideia resultou em cheio e a Red Bull começou a vencer sucessivamente, apresentando um carro capaz de ser muito eficiente em curva. A equipa conseguiu ultrapassar os desafios que esta técnica impôs, permitindo que a frente baixasse, mas apenas o suficiente para não cortar o fluxo de ar (o que provocaria uma perda instantânea de apoio) e para que splliter debaixo do carro não ficasse demasiado desgastado com o contacto com o solo o que iria contra os regulamentos da FIA.

O problema sempre foi a velocidade de ponta que nunca foi o ponto forte dos Bull’s, um problema que foi inteligentemente resolvido no ano passado com uma suspensão que fazia a traseira do carro baixar e assim “esconder” a asa traseira diminuindo o arrasto. Essa solução foi eliminada com as restrições implementadas este ano ao nível das suspensões, mas a Red Bull continua a encontrar formas de tornar o carro eficiente e com menos arrasto possível.

A Red Bull tem muita experiência no aproveitamento de grandes ângulos de inclinação, algo que começou a ser usado também pela Ferrari e pela McLaren e mesmo sem o ‘Blown Diffuser’ para ‘selar’ o fundo plano, as equipas tem encontrado forma de aproveitar esta inclinação para tornar o difusor mais eficiente. Todas menos a Mercedes que este ano foi das poucas a não usar uma inclinação significativa no seu carro, algo que poderá mudar em 2018.

f1

A Mercedes criou um carro muito complexo, que se dava muito bem em pistas rápidas, como Monza e Silverstone. No entanto nas pistas mais sinuosas, a distância entre eixos, maior do que nos outros carros, tornou o carro muito complicado de afinar e entender. A equipa admite que o problema não está apenas na distância entre eixos, mas que tem de minimizar o ‘feitio difícil’ do carro e pretende fazer isso, aumentando a inclinação. A equipa já testou novas soluções na suspensão traseira e parece estar a caminhar para a mesma solução da Red Bull. Em 2018 é provável que a traseira do Mercedes apareça mais saliente.

Já agora vale a pena recordar o som ‘monstruoso’ que os ‘Blown Diffuser’ faziam:

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no-team
7 anos atrás

Não é segredo que a Mercedes perdeu para a Ferrari e até Red Bull nesse sentido, é preciso mudar alguma coisa, caso contrário vão ser ultrapassados em 2018. Não há dúvida relativamente à justiça das conquistas de Mercedes este ano, mas uma Ferrari igual ao que vimos na 1a metade da época, levava o título de pilotos sem problema.

Frenando_Afondo™
Frenando_Afondo™
7 anos atrás

Ah pois… Têm de se adaptar ou perdem a vantagem, porque o motor não vai curar tudo, quando Ferrari e Renault (e quem sabe Honda) chegarem ao mesmo patamar de potência e fiabilidade, depois é tudo o chassi. Por isso, mesmo que em 2018 falhem em acertar no conceito da RB/Ferrari, ao menos aprendem para 2019.

can-am
can-am
7 anos atrás

Enquanto possa contar com o Hamilton, a Mercedes pode superar eventuais fraquezas do carro como aconteceu este ano,com o braço do inglês a fazer a diferença. O Red Bull é assim tão bom ? Pelo contrário parece-me é que foi um projecto falhado, até a nível aerodinâmico. Portanto a Mercedes se vai por esse caminho, vai mal e vai-se enterrar seguramente. A Mercedes deve é aprimorar os aspectos menos bons do carro deste ano,que foi precisamente o facto de não tratar tão bem os pneus como o Ferrari (e já não foi pouco)… e contar que o talento do inglês… Ler mais »

anotheruser
Reply to  can-am
7 anos atrás

A aerodinâmica da RedBull permitiu-lhe levar a luta até à Ferrari e Mercedes nos circuitos mais lentos e mais quentes colmatando o défice de potência de UM. Os problemas da RedBull este ano foram dois: a UM Renault e os dados aerodinâmicos errados colhidos no túnel de vento durante o Inverno. O percurso de desenvolvimento aerodinâmico escolhido pela Mercedes atingiu o desempenho máximo em 2018. Porém esse nível máximo atingido não é suficiente, porque é apenas o 4º melhor do paddock atrás de RedBull, Ferrari e McLaren. Era crítico reformular todo o conceito aerodinâmico do carro, algo que já começou… Ler mais »

Frenando_Afondo™
Frenando_Afondo™
Reply to  can-am
7 anos atrás

A Mercedes teve um carro muito bom nos circuitos rápidos, onde a sua aerodinâmica fez maravilhas, aliado ao motor com a maior potência (conseguiam extrair mais do motor nesses circuitos), mas este conceito teve um calcanhar de aquiles, que foi nos circuitos lentos, viu-se aflito, porque não conseguia meter a potência no chão devido a não ter tanta aderência no eixo traseiro (coisa que RB e ferrari conseguiam bem melhor). Sem falar que era um carro “esquisito” de afinar, tendo uma janela para acertar nessa afinação mais pequena que os seus rivais. Contra a RB conseguiram colmatar isso devido ao… Ler mais »

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