F1: Menos ultrapassagens não se justificam apenas pela redução das zonas de DRS

Por a 5 Maio 2023 13:17

Pelo segundo fim de semana consecutivo, a FIA reduziu as zonas de DRS disponíveis. Já tinha acontecido em Baku e em Miami duas zonas DRS foram encurtadas em 75 metros, com a última zona na reta da meta a manter-se igual, uma vez que no ano passado pouco ou nada ofereceu ao nível das ultrapassagens.

Na antevisão do fim de semana do GP de Miami, a maioria dos pilotos consideram que a entidade federativa está a ir na “direção errada” e deveria manter as zonas de DRS inalteradas.

George Russell salientou o facto dos pilotos não terem sido ouvidos nesta matéria. “Penso que todos nós não percebemos muito bem porque é que [as zonas de DRS] foram encurtadas. Nenhum de nós foi consultado ou pediram a opinião sobre o assunto e penso que em Baku a corrida falou por si. Não sei se vamos manter o mesmo procedimento para este fim de semana”, explicou o piloto da Mercedes em conferência de imprensa. Também Charles Leclerc considera que este não é o caminho. “Não me parece que seja a direção certa. Penso que com os carros que temos atualmente, ainda é bastante difícil de perseguir. É melhor do que os carros da geração anterior, mas ainda não são suficientemente bons para ter menos DRS, por isso espero que nas próximas corridas não voltem a encurtar [as zonas].

Enquanto Logan Sargeant e Esteban Ocon partilham da opinião de Russell e Leclerc, Max Verstappen considera que esta situação pode ser encarada por cada piloto de forma diferente e esta questão é mais complexa do que parece. Para Verstappen, a recente dificuldade de ultrapassar mesmo em zonas de DRS deve-se a dois fatores: os monolugares pesados e com uma suspensão que não permite passar com os carros pelos corretores na tentativa de encontrar outra trajetória diferente, surpreendendo os adversários – Verstappen disse mesmo que “hoje em dia todos estamos a conduzir mais ou menos na mesma trajetória” – além de se ter tornado mais difícil de perseguir o adversário da frente em consequência de algumas soluções aerodinâmicas encontradas pelas equipas. O líder do campeonato gostaria que “pudéssemos correr sem DRS, mas isso não é possível”.

A questão da redução das zonas de DRS é levantada pelos pilotos, porque são eles que sentem como se tornou difícil de ultrapassar. Como disse Max Verstappen, é consequência da evolução dos monolugares segundo as alterações regulamentares que entraram em vigor na temporada passada, tornando-os aerodinamicamente mais eficientes, mas também de se manterem mais pesados do que a geração anterior e menos ‘manobráveis’.

Lando Norris levantou ainda outra questão que pode justificar a decisão da FIA em encurtar as zonas de DRS. Para o piloto britânico, analisando os dados dos carros no ano passado esta decisão pode fazer sentido, mas “à medida que os carros evoluem e têm mais ‘downforce’, geralmente isso piora sempre um pouco as corridas, o que nos levou por este caminho”. Logo, a FIA possivelmente atua com a informação recolhida na temporada passada, mas esta já não é a realidade porque as equipas aprenderam muito com os monolugares de 2022 e evoluíram muito o pacote aerodinâmico, criando ao mesmo tempo mais dificuldades em ultrapassar.

Como escrevemos antes, talvez o facto de termos assistido a corridas com menos ultrapassagens, que podem ser vistas pelos novos fãs da disciplina como mais aborrecidas do que nos anos anteriores, pode levar a uma alteração regulamentar nos próximos tempos, antes da grande mudança pensada para 2026, no ano em que serão apresentados as novas unidades motrizes.

Foto: Mark Thompson/Getty Images/Red Bull Content Pool

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