F1: McLaren conquista o título do 2º Pelotão

Por a 14 Dezembro 2020 15:26

O Grande Prémio de Abu Dhabi era o palco da decisão do “título de construtores do Segundo Pelotão” e esperava-se uma luta intensa entre Racing Point, McLaren e Renault e, depois da vitória de Sérgio Pérez em Sakhir, esperava-se que a formação de Silverstone pudesse garantir o título oficioso, mas acabou por ser a estrutura de Woking a impor-se com autoridade.

Com a Ferrari fora da luta pelo terceiro lugar no Campeonato de Construtores, estas três equipas chegavam a Yas Marina separadas por vinte e dois pontos e, se a Renault precisava de um fim-de-semana perfeito para ficar apenas com a Mercedes e a Red Bull pela frente, os dez pontos de desvantagem que a McLaren tinha face à Racing Point davam algumas esperanças aos homens de cor de laranja.

No papel, o entediante traçado que alberga a derradeira prova da temporada parecia poder favorecer o “Mercedes Cor de Rosa”, uma vez que privilegia as acelerações e a aderência a baixa velocidade, mas logo na sexta-feira começavam a surgir os primeiros problemas para os homens da formação de Silverstone.

Sérgio Pérez, o vencedor da corrida anterior e o líder em pista da equipa, era obrigado a trocar de unidade de potência, dado a sua estar no limite da quilometragem, depois de ter recorrido a um V6 turbohíbrido antigo após a falha massiva do motor Mercedes no Grande Prémio do Bahrein.

Isso implicava que o mexicano arrancasse do final da grelha de partida para uma prova num circuito em que as ultrapassagens não são propriamente fáceis.

Num segundo pelotão que se mostrava muito equilibrado, os McLaren e os Renault revelavam-se muito competitivos, o que face à “defesa coxa” da Racing Point colocava esta sob pressão nesta na luta pelo terceiro lugar no Campeonato de Construtores.

Para dificultar ainda mais a vida dos homens dos carros cor de rosa, George Russell sofria na segunda sessão de treinos-livres um problema na MGU-K da unidade potência Mercedes do seu Williams semelhante ao vivido por Pérez na primeira corrida de Sakhir, fazendo soar os alarmes em Brixworth.

Para o restante fim-de-semana, todos os utilizadores de V6 turbohíbridos Mercedes teriam de reduzir o nível de performance para proteger a sua fiabilidade e, se os homens do construtor germânico garantiam que as perdas eram inferiores a um décimo de segundo por volta, num segundo pelotão tão equilibrado, tudo contava e para Pérez, que precisava de potência máxima para poder recuperar desde o fim da grelha de partida esta era uma medida da qual não necessitava.

Na qualificação, a McLaren confirmou o que tinha prometido com Lando Norris a assegurar um bom quarto posto na grelha de partida, batendo Alex Albon que via o seu colega de equipa conquistar a pole-position, ao passo que Carlos Sainz, com uma unidade de potência mais antiga e menos potente, registava o sexto crono.

A Renault era a desilusão da tarde de sábado, não conseguindo colocar nenhum dos seus pilotos na Q3. Esteban Ocon alinhava no décimo posto e Daniel Ricciardo no décimo primeiro, beneficiando da penalização de três lugares na grelha de partida de Charles Leclerc – cortesia do incidente na Curva 4 do Grande Prémio de Sakhir – que tinha registado o nono tempo.

Com Pérez remetido para o décimo nono da grelha de partida – também Kevin Magnussen trocara componentes da sua unidade de potência – Lance Stroll era o único representante da Racing Point na Q3, mas sem grande brilho, garantia o oitavo posto da grelha de partida entre os dois pilotos da AlphaTauri, mas a meio segundo de Norris.

Tanto os homens da McLaren como Stroll arrancavam para a corrida com borrachas macias, ao passo que os pilotos da Renault com escolha livre, escolhiam médios, no caso de Ocon, e duros, no de Ricciardo, o que numa prova em que a gestão das borrachas da Pirelli seria um fator determinante poderia ser de grande importância para o desfecho do Grande Prémio e para a luta pelo terceiro lugar do Campeonato de Construtores.

No arranque, as posições mantiveram-se inalteradas, com Norris no quarto posto seguido de Albon e Sainz, ao passo que Stroll seguia em oitavo com Ocon, Pierre Gasly e Ricciardo no seu encalço.

Com estas posições, a Racing Point precisava urgentemente que Sérgio Pérez se colocasse em condições de lutar pelas posições pontuáveis e o mexicano esforçava-se por isso, tendo ganho cinco lugares, mas após cruzar a linha de meta pela oitava vez o vencedor do Grande Prémio de Sakhir abandonava com, mais uma vez, problemas na MGU-K da sua unidade de potência, terminando assim a sua relação com a equipa cujas cores defendeu ao longo de sete temporadas.

A formação de Silverstone ficava apenas com Stroll, que ultrapassara Kvyat para sétimo, para garantir o terceiro lugar no Campeonato de Construtores, o que o obrigava a terminar entre os dois pilotos da McLaren.

Mas o abandono de Pérez tinha ainda reflexos diretos na corrida, uma vez que para recuperar o “Mercedes Cor de Rosa”, Michael Masi era obrigado a enviar para a pista o Safety-Car quando estavam decorridas nove voltas, o que provocou uma romaria às boxes para montar pneus duros por parte da maior parte dos pilotos com o intuito de terminarem a corrida com eles, ainda que fosse uma estratégia a roçar o limite da duração das borrachas da Pirelli, que tinha levado para Abu Dahbi as construções mais macias da sua gama – C3, C4 e C5.

A McLaren chamou Norris e Sainz às boxes, o que deixava o espanhol exposto a Stroll. Porém, o piloto de Madrid abrandou abaixo dos 80 Km/h na via das boxes – foi registado a 73 Km/h – e isso foi suficiente para que mantivesse à justa a posição relativa ao canadiano.

O procedimento de Sainz viria a ser analisado pelos comissários desportivos, mas estes acabaram por não considerar que o piloto de Woking tivesse feito algo de errado, mantendo a classificação.

Após as trocas de pneus, Ricciardo liderava o segundo pelotão, que não parara e continuava com os duros com que tinha iniciado a corrida, seguido de Norris, Vettel, Leclerc, Sainz e Stroll, tendo os dois pilotos da Ferrari decidido contra uma passagem pelas boxes, tentando com o ganho de posição em pista conseguir um resultado que a performance do SF1000 não permitia.

Com este cenário, a Racing Point mantinha o terceiro posto, mas Ricciardo e os dois representantes da “Scuderia” tinham ainda de parar, o que deixava tudo em aberto.

Assim que a corrida foi retomada, Sainz começou a ganhar posições a Leclerc e a Vettel, mas quando se esperava que pudesse ser seguido por Stroll, isto não se verificou, e o canadiano apenas conseguiu desfeitear o monegasco, ao passo que o espanhol estava já com o seu colega de equipa no horizonte.

A impotência de Stroll era evidente quando se viu obrigado a submeter-se a Gasly, descendo para décimo na vigésima nona volta, assistindo ainda à ultrapassagem do francês a Vettel duas voltas depois.

Era evidente que o canadiano não estava em condições de defender o terceiro lugar no Campeonato de Construtores da Racing Point.

Na cabeça do segundo pelotão, Ricciardo mantinha a liderança, mas sem conseguir abrir uma vantagem para os dois McLaren e, quando parasse, perderia posições para o duo. No entanto, estaria em condições sair das boxes em sétimo, beneficiando do tempo perdido por todos os pilotos fizeram parte do comboio liderado por Vettel.

Na trigésima nona volta, o australiano passava, finalmente, pelas boxes para montar pneus médios, o que deixava no ar a ideia de que poderia estar em condições de mover uma caçada aos McLaren nas derradeiras vinte e seis voltas.

Porém, mesmo com borrachas mais frescas e performantes, o piloto da Renault não conseguiu ter um real impacto na prova dos pilotos da McLaren, reduzido a sua desvantagem de 19,8s, quando saiu das boxes, para 13 na linha de meta, terminando no sétimo posto final com um ponto extra fruto da volta mais rápida da corrida.

Sem opositores, Lando Norris e Carlos Sainz garantiam quinta e sexta posições, uma dobradinha no segundo pelotão, levando a equipa de Woking definitivamente até ao terceiro lugar no Campeonato de Construtores.

Stroll, numa corrida sem grande rasgo, terminava no décimo posto atrás de Pierre Gasly e Esteban Ocon, um resultado insuficiente para os desejos da Racing Point.

A formação de Silverstone, que teve consistentemente o terceiro carro mais rápido do plantel, terminava no quarto posto do Campeonato de Construtores à frente da Renault e da Ferrari, vendo-se batida pela McLaren que teve como principais trunfos os seus pilotos, consistência e a sua capacidade de execução, sendo habitual conseguir concretizar o potencial que tinha à sua disposição e, por vezes até, suplantá-lo.

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