F1, Limite Orçamental: Um presente que pode ser envenenado

Por a 3 Dezembro 2023 16:35

Para muitos, o Limite Orçamental era o passo necessário para que a F1 mudasse para melhor. Com o mesmo nível de investimento, haveria um limite que as equipas não poderiam ultrapassar, permitindo uma maior equidade. Mas será este um presente envenenado?

A introdução do limite orçamental, em conjunto com o novo Acordo de Concórdia, tornaram a F1 mais pujante do que nunca. Nunca as equipas valeram tanto, nunca houve tantos investidores interessados e nunca as equipas foram capazes de fazer lucro, algo impensável antes desta nova realidade. Teoricamente, todos ficaram a ganhar. Na prática, o cenário é diferente.

Para as maiores estruturas da F1, o limite orçamental implicou reorganizações e adaptações, com membros do Staff a serem alocados a outros projetos ou a serem dispensados. Foi algo referido logo no arranque do limite orçamental, mas que pouco interesse tem suscitado porque quem ficou mais a perder foram os homens e mulheres que ficam longe das câmaras de TV, mas que desempenham um papel fundamental na competição.

Falamos dos engenheiros, técnicos e mecânicos que enfrentam os desafios de épocas cada vez mais preenchidas e mais exigentes. No entanto, tem se visto uma degradação da remuneração. Apesar de a F1 ser vista como um mundo onde há muito dinheiro, esse dinheiro não chega a todo o lado. Começam a ser cada vez mais frequentes os casos de pessoas que começam a perder o encanto pela F1, pela exigência cada vez maior, que não é acompanhada de forma conveniente com os salários, uma realidade ainda mais vincada com a inflação que retira poder de compra a quase todos.

Temos dado conta das dificuldades que a F1 coloca às estruturas com calendários cada vez mais exigentes e com os pilotos a mostrarem uma preocupação crescente com o aumento do número de corridas. Sergio Pérez também falou sobre essa problemática e disse que nunca viu pessoas tão desgastadas na F1 com na última corrida de 2023:

“Não me lembro de ver pessoas tão exaustas na última corrida. Penso que é algo que temos de levar muito a sério porque é importante para o desporto. Para os pilotos também. Para continuarmos a ter as longas carreiras que temos visto da equipa, dos mecânicos… queremos que eles também tenham carreiras muito longas. Então, acho que é algo que devemos considerar”, disse o piloto da Red Bull.

O desgaste físico e mental são alguns dos problemas mais sérios que esta nova F1 traz às equipas, mas a questão financeira também pesa e é cada vez mais comum ver engenheiros experientes a darem lugar a jovens recém-licenciados que farão o mesmo trabalho por um salário menor e sem a experiência. O sentimento de descontentamento poderá crescer também, pois quando se ouve de forma consecutiva que os números da F1 estão melhores e os homens e mulheres que são a coluna vertebral das equipas não são compensados devidamente pelo seu esforço, podemos estar a criar condições para que a F1 se torne atrativa para todos… menos para quem faz de facto a F1 acontecer.

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