F1: Lance Stroll mostra que não é só filho do patrão

Por a 20 Julho 2020 18:01

Num momento em que um dos pilotos Racing Point parece ter cada vez mais em risco o seu lugar para abrir espaço para Sebastian Vettel em 2021, Lance Stroll liderou o esforço da equipa de Silverstone em pista, vencendo a corrida do Segundo Pelotão do Grande Prémio da Hungria, mostrando que é mais que filho do patrão.

Desde a primeira sessão de treinos-livres para a prova magiar que os ‘Mercedes Cor de Rosa’ evidenciaram um elevado nível competitivo e, se os Mercedes negros eram inalcançáveis, os Red Bull pareciam estar no horizonte do canadiano e de Sérgio Pérez.

Com a pista seca, apesar da instabilidade climatérica que se fazia sentir em Hungaroring, o duo da Racing Point não tinha grandes dificuldades em submeter todo o pelotão, à excepção dos monolugares de Brackley, à sua competitividade, tendo o mexicano superado o seu colega de equipa por mais de quatro décimos de segundo na sexta-feira de manhã.

Contudo, quando existem rumores que apontam que Lawrence Stroll poderá vestir o fato de homem de negócios implacável ao invés do de pai extremoso, o canadiano de vinte e um anos deu um passo em frente e na segunda sessão de treinos-livres, disputada com a pista molhada, impôs-se frente ao seu colega de equipa. Na qualificação, com a ameaça de chuva a pairar no ar, impressionou garantindo o terceiro lugar na grelha de partida, apenas atrás do duo da Mercedes, batendo Pérez por quase dois décimos de segundo.

Pela segunda vez este ano, Stroll suplantava o seu colega de equipa em qualificação, mas era preciso ainda de concretizar a sua superioridade em corrida, algo que não tinha ainda conseguido esta época.

Em defesa de Pérez, é preciso sublinhar que o mexicano se sentiu indisposto durante a qualificação, o que poderá ter sido determinante para o resultado, uma vez que, nos treinos-livres realizados com o asfalto magiar seco, conseguiu sempre deixar o seu colega de equipa a quatro décimos de segundo.

A corrida de domingo tinha o seu início com a pista húmida e traiçoeira, como o pôde constatar Max Verstappen, que se despistou quando se dirigia para a pré-grelha, danificando o seu monolugar.

Mas estas parecem ser as condições em que Stroll se evidencia e se o seu colega de equipa arrancou mal, caindo de quarto para sétimo, o jovem da Racing Point aproveitava as dificuldades de Valtteri Bottas para subir a segundo.

Contudo, a pista secou rapidamente, exigindo slicks, e a partir da segunda volta assistiu-se a uma romaria às boxes, tendo o canadiano caído para quinto devido à jogada estratégica da Red Bull, que prevendo muito trafego no “pit lane” atrasou a entrada de Verstappen, e à antecipação da Haas, que chamou os seus pilotos na volta de aquecimento, permitindo a Kevin Magnussen subir a terceiro e Romain Grosjean a quarto.

Por seu lado, Pérez caía para décimo, rodando quase toda a tarde com carros à sua frente e ganhar posições em Hungaroring não é uma tarefa fácil, nem mesmo quando se tem um “Mercedes de 2019” nas mãos.

Ainda assim, o mexicano conseguiu recuperar até sétimo, cruzando a linha de meta a pouco mais de um segundo de Sebastian Vettel, que levou o seu Ferrari até sexto, um resultado desapontante, mas positivo à luz do que se passou no Grande Prémio da Estíria.

Stroll, com pneus médios usados no seu Racing Point RP20 Mercedes, despachou Grosjean rapidamente, na sétima volta, ao passo que Magnussen conseguiu resistir mais tempo, tendo sido ultrapassado pelo canadiano na décima sexta passagem pela recta da meta, cedendo o terceiro lugar em que rodava.

No entanto, no encalço dos dois rodava Bottas no seu impressionante Mercedes W11 e dificilmente o piloto da equipa de Silverstone poderia suster os seus ataques, mas ainda assim, o finlandês foi obrigado a recorrer ao “undercut”, parando duas voltas antes do seu adversário, para ascender ao terceiro lugar e lançar-se no ataque ao segundo lugar de Max Verstappen.

O andamento de Stroll foi de tal forma elevado que pôde realizar a sua segunda paragem nas boxes, na trigésima quinta volta, sem sequer perder o quarto posto, tal era a vantagem que tinha construído para o quinto classificado, beneficiando do tampão que foi Magnussen.

Esta vantagem poderia ter permitido à Racing Point ser mais aventureira, prevenir o “undercut” de Bottas e esperar que o canadiano pudesse defender-se dos ataques do piloto Mercedes, até por que até à segunda ronda de paragens nas boxes, o finlandês, apesar de mais rápido, nunca foi capaz de montar um verdadeiro ataque ao terceiro posto.

Mas talvez a formação de Silverstone, que presentemente tem no mínimo o terceiro carro mais competitivo em pista, não esteja ainda habituada a lutar com as “Três Grandes” e preferiu jogar pelo seguro e garantir o quarto posto.

Mais tarde, Stroll parou para trocar de pneus, montando duros frescos, sem sequer ser incomodado pelos seus perseguidores, terminando confortavelmente no quarto lugar com mais de vinte segundos de vantagem para Alex Albon, que foi o quinto classificado.

O piloto da Red Bull arrancou da décima terceira posição da grelha de partida, não se mostrando satisfeito com o seu carro até à qualificação.

O tailandês ganhou duas posições no arranque, mas ao longo das setenta voltas de prova, em média, não mostrou um ritmo extraordinário, melhorando à medida que o seu RB16 Honda foi ficando mais leve. Isso permitiu-lhe suplantar Sebastian Vettel a três voltas do fim para assegurar o quinto lugar final.

Daniel Ricciardo evidenciou um andamento para se bater pela posição em que terminou Albon, mas dos contendores do segundo pelotão foi o que entrou nas boxes mais tarde para realizar a sua segunda paragem nas boxes. Num circuito em que a posição em pista é tudo, isso acabou por o penalizar, terminando no oitavo posto encostado no Racing Point de Sérgio Pérez.

Kevin Magnussen, com a sua táctica arrojada de parar na volta de aquecimento, conseguiu manter-se nos pontos, vendo a bandeira de xadrez no nono lugar.

No entanto, os comissários consideraram que a Haas ajudou os pilotos a tomar a decisão para trocar os pneus para piso molhado por slicks, considerando que não respeitaram o regulamento desportivo, tendo ambos sido penalizados com dez segundos.

No caso de Grosjean isso teve pouco impacto, caindo de décimo quinto para décimo sexto, no caso de Magnussen isso implicou cair um lugar, por troca com Carlos Sainz, e perder um ponto.

O espanhol, que completou a primeira volta em oitavo, foi prejudicado pelo tráfego do “pit-lane” aquando da sua troca de intermédios por slicks, caindo para décimo segundo, na quinta volta. Porém, o espanhol recuperou bem, com uma boa estratégia de duas paragens, cruzando a linha de meta no décimo lugar, que se transformou em nono com a penalização de Magnussen.

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