F1: Kvyat, a grande dúvida de 2019?
Com os lugares para 2019 definidos, a primeira reação é de satisfação por ver um grid com tanta qualidade. É certo que vimos sair Alonso e Ocon, o que são duas perdas importantes (mais uma equipa que permitisse que estes dois pilotos ficassem era um cenário perfeito), mas no geral, os fãs têm motivos para ficar satisfeitos.
Claro que teremos de esperar até aos testes de 2019 e, quem sabe, até às primeiras provas para entender se este entusiasmo é justificado, mas teoricamente temos um excelente conjunto de pilotos que mistura experiência com juventude, com muita qualidade à mistura.
Há, no entanto, algumas dúvidas que ainda persistirão, pelo menos pessoalmente, do que poderá ser o comportamento dos pilotos na próxima época. Os rookies, claro, serão sempre uma dúvida pois nem todos os que chegam à F1 rendem o que se espera (Vandoorne é o caso mais recente). Mas tanto George Russell, Lando Norris e Alexander Albon parecem dar garantias de muita qualidade. Deste trio, talvez o último seja aquele que mais dúvidas suscite, mas a tendência será ter alguma tolerância com este trio com muito para dar. Antonio Giovinazzi cai um pouco também neste grupo, embora já não seja um estreante, apesar de ter tido apenas duas corridas na F1. O italiano mostrou qualidade no GP2 e embora não entusiasme tanto quanto o trio britânico, tem certamente qualidade para fazer coisas interessantes na Sauber.
Lance Stroll será também um dos pilotos para seguir com atenção. Depois de uma estreia interessante na Williams no ano passado, esperava mais do piloto canadiano. Apesar de não ver tanta qualidade nele do que noutros jovens da atualidade (opinião pessoal que facilmente pode estar errada), não teve as ferramentas certas para mostrar o que realmente é capaz e talvez tenha ficado algo desmotivado com a falta de performance do seu carro. Terá o primeiro verdadeiro teste às suas capacidades na Force India, equipa que habitualmente faz carros muito bons, e com um colega de equipa com qualidade e experiência. Mas a tendência deverá ser positiva, como nos casos acima mencionados.
A grande dúvida deverá residir em Daniil Kvyat. O piloto russo está de regresso à F1 depois de um ano afastado das pistas, apesar de manter a ligação ao grande circo como piloto de simuladores da Ferrari. O russo chegou a ser brevemente falado para a Williams, mas acabou por regressar à casa onde tudo começou… e onde tudo terminou mal.
Kvyat terá sido uma das vítimas da tendência que a certa altura se instalou, de fazer subir para a F1 pilotos jovens que não tinham ainda passado por todas as categorias de iniciação. É verdade que foram vários os casos de sucesso de jovens que subiram e que se deram bem, mas não é menos verdade que os pilotos que passaram pelo GP2 (agora F2) chegam com outro tipo de preparação e para isso servirão de exemplo os jovens que farão a estreia este ano, assim como Charles Leclerc que chegou e provou o seu grande valor, de forma madura e consistente.
Kvyat entrou para ocupar o Daniel Ricciardo que tinha sido promovido à Red Bull. Foi companheiro de equipa de Jean-Éric Vergne, que na altura já estava mais que desmotivado, depois de ter falhado a subida à Red Bull. Foi considerado na altura o rookie do ano, com oito pontos conquistados, apesar das prestações de Magnussen (também rookie nesse ano).
A saída de Vettel precipitou a subida do russo à equipa principal e o primeiro ano até nem foi negativo, tendo superado Ricciardo por 3 pontos na tabela classificativa. Mas a partir de 2016 começou a espiral negativa do russo, que já vinha de 2015, com alguns erros comprometedores. Ficou apenas quatro corridas na Red Bull e depois do erro na Rússia, onde atirou Vettel para fora de prova, foi despromovido para a Toro Rosso, mais para dar lugar a Verstappen do que para ser castigado. Fez as restantes 17 corridas na STR, sem grande brilho e quando se pensava que viria de cabeça limpa em 2017 para provar o seu valor, voltou a falhar e foi dispensado à 15ª corrida do ano, com apenas 5 pontos marcados, contra os 48 de Carlos Sainz, naquela altura. Uma descida tão rápida quanto a sua ascensão.
Kvyat regressa agora, passado um ano, onde pôde “digerir” os fracassos da sua primeira passagem. As primeiras declarações foram positivas com o piloto a mostrar-se satisfeito:
“Acho que foi um dia muito positivo com 155 voltas feitas, o que representa cerca de três Grandes Prémios num dia. Para ser honesto, senti-me imediatamente confortável e confiante no carro, o que foi ótimo. Fomos capazes de testar uma boa quantidade de pneus para o próximo ano, reunindo muitas informações e dados úteis para a equipa. Estou confortável aqui e é ótimo estar de volta. Estou ansioso para o próximo ano!”
“Ficamos todos muito felizes em ver Daniil de volta à Toro Rosso para o segundo dia de testes, e ele conseguiu mostrar imediatamente um bom desempenho “, disse Franz Tost. “Com todos os dados que reunimos, os engenheiros têm uma plataforma válida para preparar e usar os pneus no próximo ano. Já estamos ansiosos pela próxima temporada. O Daniil e Alex são pilotos muito competitivos e mal podemos esperar para vê-los na pista.”
Será Kvyat capaz de enfrentar os seus fantasmas? Será capaz de deixar de lado a fama de “torpedo” e mostrar o potencial que evidenciou nas categorias jovens e que levou Marko a apostar nele quando se esperava que a aposta recaísse num piloto de qualidade e com provas dadas (curiosamente português). Será capaz de mostrar a frieza que revelou antes de chegar à F1?
Na F1 vimos um Kvyat por vezes rápido, mas demasiado dado ao erro, e algo frágil psicologicamente (apesar de ter sido mais vítima do que réu na sua despromoção, não tendo sido suficientemente protegido por quem apostou nele), uma falha grave na F1, que não admite esse tipo de deslizes.
Num ano de estreias, teremos também regressos interessantes. Será Giovinazzi capaz de provar o potencial que mostrou nas duas corridas da Sauber? Será Kubica capaz de ser competitivo? E, para mim, o maior ponto de interrogação… será Kvyat capaz de mostrar que merece estar na F1? Se nos casos anteriores sou levado a dizer tendencialmente que sim, no caso de Kvyat… vou mesmo esperar para ver. O russo não é um piloto que aprecie especialmente, mas não posso dizer que seja fraco. Tem em 2019 a possibilidade da redenção… agora sem desculpas.
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