F1, Jules Bianchi: Dez anos depois

Por a 5 Outubro 2024 10:17

Dez anos é muito tempo, especialmente no desporto. Na F1, então, dez anos é uma eternidade. No entanto, há memórias que perduram e que ficaram connosco para sempre. Há 10 anos, ficava para os fãs de F1 uma memória difícil de apagar.

2014 era um ano de grandes mudanças. Nova era na F1, motores híbridos, com a Mercedes a iniciar um reinado que apenas terminaria em 2022. Nesse ano, Lewis Hamilton fazia dupla com Nico Rosberg na Mercedes, Daniel Ricciardo mostrava-se ao mundo na Red Bull, levando a melhor sobre Sebastian Vettel e Valtteri Bottas destacava-se na Williams, ao lado de Felipe Massa, no início do curto ressurgimento da equipa britânica. Jenson Button fazia dupla com Kevin Magnussen na McLaren e Fernando Alonso continuava a fazer pequenos milagres na Ferrari ao lado de Kimi Räikkönen. Nico Hülkenberg fazia dupla com Sergio Pérez na Force India, Jean-Éric Vergne fazia a sua última época, com a chegada de um jovem muito promissor chamado de Max Verstappen. Vergne era colega de equipa de Daniil Kvyat, que fazia a sua primeira época na F1 para desgosto dos portugueses, com António Félix da Costa a ficar sem a vaga que tinha sido sua por breves instantes. A F1 era muito diferente.

Havia também outras equipas que já desapareceram ou mudaram radicalmente, tal como a Force India, a Caterham e a Marussia. E na Marussia, desde 2013 que um jovem francês se ia destacando. O seu nome era Jules Bianchi.

Bianchi era o grande jovem talento da grelha. Aquele que certamente iria chegar longe. Aquele que confirmou ao mundo todo o seu talento com o espantoso nono lugar no Mónaco, num Marussia pouco competitivo. 2014 era quase uma época de afirmação para o francês, que começava a ser visto cada vez mais como um caso sério. Sendo membro da academia Ferrari, muitos olhavam para ele como o futuro talento a vestir de vermelho. Todos os planos, todas as projeções foram deitadas por terra cruelmente, em Suzuka.

Era apenas mais um acidente na bela pista Japonesa, coberta de nuvens cinzentas sombrias e carregadas. Adrian Sutil tinha perdido o controlo do seu Sauber, que estava a ser recuperado por um trator. As condições da pista eram difíceis, com chuva, pouca aderência e a luminosidade também já longe da ideal. Na volta 43, um Marussia perdeu o controlo na curva 7, a mesma onde o trator tentava retirar o carro de Sutil. O embate foi violento e de consequências trágicas. O novo menino-bonito da F1 ficava entre a vida e a morte. Nessa tarde chuvosa em Suzuka, a tragédia voltou a abater-se sobre a F1. O resultado da corrida (vitória de Lewis Hamilton, com Nico Rosberg e Sebastian Vettel no pódio) deixou de ter interesse, a competição ficou para segundo plano… as atenções viraram-se para a luta de Jules Bianchi pela sua vida, uma luta que meses mais tarde, a 17 de julho de 2015, acabou por perder.

Há dez anos, também um jovem amante da F1, que tinha encontrado como escape escrever sobre a modalidade num blog, muito na moda então, acordou cedo para ver a corrida e fazer o acompanhamento para os poucos que liam. Dez anos passaram e muita coisa mudou. Mas o cinzento da transmissão ainda hoje é recordado de forma vívida. A incerteza dos momentos a seguir ao embate. O fim de corrida triste, numa sensação estranhamente similar ao que esse jovem amante de F1 tinha vivido em 1994, ainda criança.

O acidente de Biachi ficou marcado de forma indelével. O seu acidente levou a uma reflexão profunda e resultou na introdução do Halo que, ironia do destino, evitou ferimentos graves ao seu afilhado, Charles Leclerc, que se tornou numa das estrelas da Ferrari e do futuro da F1… o caminho que ele também deveria ter trilhado.

Bianchi teve uma carreira curta, mas suficiente para provar ao mundo o seu talento. O seu nome ficou inscrito na F1 não só pela tragédia, mas por ter sido um dos primeiros prodígios desta nova geração a mostrar que a F1 tem um futuro risonho pela frente. E é assim que merece ser relembrado.

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