Juan Pablo Montoya foi o primeiro colombiano a ter uma verdadeira carreira internacional e o primeiro a chegar à F1 e aí continuar, garantindo triunfos e lutando pelo título. Rápido e espetacular na condução, Montoya tinha uma particularidade: andava sempre rodeado pelo seu clã, familiar e de amigos fiéis, que foi crescendo enquanto corria a 300 km/h. Pior isso, ele bem que pode ser considerado um pai de família de corrida…
Nascido em Santa fé de Bogotá (ou simplesmente Bogotá, a capital da Colómbia), Juan Pablo Montoya Roldán é filho de Pablo, um arquiteto e entusiasta do desporto automóvel – e que, mal o petiz se conseguiu aguentar nas pernitas, o pôs ao volante de um ‘kart’. E foi no ‘karting’ do seu país que conquistou as suas primeiras coroas de louros, conquistando quatro títulos consecutivos de Campeão Nacional, entre 1981 e 1984. Depois, passou vários anos na Fórmula Renault, sagrando-se vencedor do campeonato colombiano em 1992, ano em que venceu quatro das oito corridas e fez cinco ‘poles’. Nesse ano, foi aos Estados Unidos cursar a Skib Barber School, onde os monitores se rendaram ao talento do jovem de 17 anos, garantindo nunca terem visto até então um tão singular talento.
Em 1993, Montoya dominou o troféu Swift GTI, com sete vitórias em oito corridas e oito ‘poles’. No ano seguinte, dispersou-se por três competições, mas nem por isso perdeu qualidades: ganhou o título do Sudam 125 em Karting; foi vencedor do campeonato de Formula N, no México; e foi 3º na competitiva Barber SAAB Pro Series, nos States. Pelo meio, arranjou tempo para terminar o curso no Colégio San Tarcisio, em Bogotá…
O longo e difícil caminho para a F1
Então, atravessou o Atlântico e veio correr na Europa. Tudo, porque tinha um objetivo bem definido: ser piloto de F1. Mas, então, mal sabia que este iria ser um caminho longo e cheio de problemas… apesar dos bons resultados continuarem.
Em 1995, foi 3º no campeonato britânico de Formula Vauxhall [Opel], vencendo três corridas. Em 1996, subiu para a F3 britânica, com a Fortec e foi 5º, com duas vitórias. Finalmente, em 1997, novo degrau – a F3000, com a RSM Marko. Ganhou três corridas (GP Pau, A1 Ring e Jerez) e foi vice-campeão, a 1,5 pontos de Ricardo Zonta, que foi o campeão. Isso garantiu-lhe um contrato de piloto de testes na Williams. Mas, apesar de ter conquistado o título na F3000 no ano seguinte [que fez com a Super Nova, vencendo na Catalunya, em Silverstone, de novo em Pau e em Enna-Pergusa], Montoya, sem apoios para continuar o seu sonho, regressou aos States, para disputar o campeonato CART.
Então, depois de ter sido 9º no seu segundo ano na CART e de ter ganho as Indy 500, na sua estreia na IndyCar, Juan Pablo Montoya finalmente encontrou lugar na F1, regressando à Europa, em 2001, com um contrato de dois anos com a Williams.
Depois da F1
Juan Pablo Montoya deixou a F1, contrariado é certo, mas com vontade de vencer noutros lados, no verão de 2006. Com um sólido contrato com a Chip Ganassi Racing, que deveria ser aplicado somente no início da temporada de 2007, após sair a bem da McLaren, Montoya acabou por começar ainda em 2006 – porque saiu a mal da McLaren e da F1.
Nesse ano, fez cinco corridas nas duas principais categorias da Nascar (Busch e Nextel Cup), como preparação para 2007. Ano em que fez um total de 53 corridas, nestas séries, conquistando a sua primeira vitória, em Sonoma. Até 2014 (ano em que fez somente uma corrida, em Indianapolis), Montoya venceu mais uma vez – em Watkins Glen, em 2010. O seu melhor resultado foi o 8º lugar, em 2009.
Além disso, entre 2007 e 2013, Montoya participou nasa 24 Hortas de Daytona, vencendo a prova por três vezes – 2007, 2008 e 2013. Na temporada passada, deixou a Nascar e regressou aos monolugares. Agora com o Team Penske [“Quero voltar a ganhar corridas”, disse ele, quando anunciou a decisão], Montoya assumiu novo desejo: um novo título de Campeão, na IndyCar Series. Em 2014, venceu a sua primeira corrida, em Pocono e, este ano, começou-o da melhor forma, com outro triunfo, nas ruas de St Petersburg, na Florida. Será que é desta que Montoya volta a erguer uma taça de Campeão?
O rápido e incómodo Juan Pablo
Na F1 entre 2001 e 2006, Juan Pablo Montoya rapidamente se tornou num dos mais rápidos e atrevidos pilotos em pista, sendo um dos contendores ao título em 2003. Ficaram famosas as suas picardias com outros pilotos, especialmente com o seu colega de equipa na Williams, Ralf Schumacher, com quem nunca se deu especialmente bem. E ao qual votava um latino desprezo, nunca compreendendo nem aceitando a forma de estar do frio e irritante alemão – ao ponto deste, num certo GP, ter encontrado um panfleto, colado no volante do seu Williams, em que Montoya garantia que ele, Ralf, era… ‘gay’!
As suas lutas em pista eram antológicas, até forçar os seus adversários ao erro… ou então (e bastas vezes…) até ser ele próprio a errar! Nunca dizia não a um duelo roda com roda e, entre as vítimas, uma das suas preferidas era, claro está, o seu colega de equipa, Ralf Schumacher – que ficava pior que ‘urso’ sempre que era desfeiteado pelo latino.
Na verdade, o nome Schumacher parecia nada dizer a Montoya, que nunca se intimidou com Michael, ao ponto de, em 2002 e 2003, ser um dos poucos que ousavam enfrentá-lo ‘no braço’ em pista. Só que, um pouco como Gilles Villeneuve, o prazer que retirava de guiar era superior à gestão necessária para vencer corridas. Por isso, em 94 somente ganhou sete.
A partir de 2003, a sua estrela começou a empalidecer, ofuscada por demasiadas polémicas e atritos. Pouco dado a aceitar ordens de equipa, a sua relação com Frank Williams começou a azedar, tendo deixado a Williams no final da temporada de 2004, para ir para a McLaren.
Aqui, permaneceu durante dois anos, mas ‘zangou-se’ com a F1 e com a equipa, ao ponto de dizer, quando abandonou a F1 e regressou à América, que sempre achou que o volante do McLaren/Mercedes não “fazia parte” do resto do carro.
Além disso, Montoya nunca foi muito dado ao ginásio, recusando treinos os treinos específicos para a F1 e sendo, nos seus primeiros anos na FD1, muito criticado pela sua falta de preparação física. E só deu o braço a torcer já na McLaren, começando finalmente a cumprir um programa de treinos. Que foi rapidamente interrompido quando magoou seriamente um ombro numa queda em Espanha, a seguir ao GP da Malásia de 2005, alegadamente quando estava de férias. As razões para esta queda nunca foram cabalmente explicadas e, sem estar em forma durante várias corridas, o seu relacionamento com a McLaren entrou em declínio.
E, tudo chegou a um final abrupto em meados da temporada de 2006. Primeiro, Montoya anunciou ter um contrato para correr em 2007 na Nascar. Então, surpreendida e desagradada, dois duas depois, a 11 de julho, a McLaren emitiu um comunicado em que despedia “com efeitos imediatos” Juan Pablo Montoya. Não foi um divórcio fácil, demorou várias semanas de ‘bate boca’ entre Montoya e Ron Dennis. Mas tudo chegou a bom porto (para o piloto), quando Dennis finalmente cedeu e deixou partir o colombiano, sem lhe cobrar um chavo de indemnização. Para o sonho de Montoya na F1, foi o fim da linha…
O piloto mais rápido da F1
Juan Pablo Montoya é o piloto mais rápido da F1. Bom, você até pode ter dúvidas, mas o facto é que é do colombiano o recorde de maior velocidade de ponta a jamais atingida por um monolugar de F1. Foi durante uns testes que se realizaram em Monza, no dia 25 de agosto de 2005, dia em que a McLaren mediu a velocidade do seu monolugar, então pilotado por Montoya, em 372,6 km/h.
Além disso, é dele o recorde de volta mais rápida feita a um circuito de F1. No seu caso, aconteceu também em Monza, em 2004, durante a primeira parte da qualificação para o GP de Itália, quando fez uma volta à pista, com o Williams FW26, em 1m19,525s, à média de 262,242 km/h, batendo então um recorde com dois anos, estabelecido no mesmo local.
Nome: Juan Pablo Montoya Roldán
Nascimento: Bogotá, Colómbia, 20 de setembro de 1975 (40 anos)
GP F1 disputados: 95 (94 largadas)
1º GP F1: GP Austrália 2001
Último GP F1: GP Estados Unidos 2006
Vitórias: 7
1ª vitória F1: GP Itália 2001
Última vitória F1: GP Brasil 2005
“Pole positions”: 13
Voltas mais rápidas: 12
Pódios: 30
Pontos: 307
Marcas: Williams (2001 a 2004); McLaren (2005/2006)
Títulos: Campeão F3000 Internacional (1998); Campeão CART (1999)
Vitórias: 24 Horas Daytona (2007, 2008 e 2013); Indy 500 (2000). 38 no total, entre 1994 (Formula Barber) e 2015 (IndyCar)
PALMARÉS
2001 – Williams: 17 GP; 1 v. (Itália). 6º CM, 31 pontos
2002 – Williams: 17 GP. 3º CM, 50 pontos
2003 – Williams: 16 GP; 2 v. (Mónaco e Grã-Bretanha). 3º CM, 82 pontos
2004 – Williams: 18 GP; 1 v. (Brasil); 2 DQ. 5º CM, 58 pontos
2005 – McLaren: 17 GP; 3 v. (Grã-Bretanha, Itália e Brasil); 1 DQ; 1 DNS. 4º CM, 60 pontos
2006 – McLaren: 10 GP. 8º CM, 26 pontos