F1, GP de Singapura: Red Bull não vai além da vitória no Segundo Pelotão
A Red Bull mostrou este ano ser uma máquina bem oleada, parecendo possível que vencesse todas as corridas da temporada, mas no Grande Prémio de Singapura um conjunto de circunstâncias levaram que não conseguisse melhor que impor-se entre as equipas do Segundo Pelotão.
Em 2023 em momento algum a formação de Milton Keynes pareceu ter uma quebra de competitividade, sobretudo com Max Verstappen, mesmo quando na qualificação era batida, como aconteceu em Baku e em Monza, havia a ideia clara de que na corrida teria um andamento muito superior aos de mais, o que lhe permitiria restabelecer a ordem natural das coisas.
Mas em Marina Bay desde os primeiros momentos dos treinos-livres que os Red Bull se mostraram difíceis de dominar, deixando os seus pilotos em dificuldades.
Com a primeira sessão ter lugar ainda durante o dia e com a pista muito suja, a relevância do terceiro posto de Verstappen atrás dos pilotos da Ferrari poderia não ser substancial, sendo a segunda bateria de treinos, disputada à noite à hora da corrida e da qualificação, uma imagem mais real do equilíbrio competitivo do pelotão.
No entanto, na sessão nocturna a situação dos pilotos da Red Bull piorou, ficando Sergio Pérez no sétimo posto e Verstappen no oitavo, a cerca de oito décimos de segundo dos homens da ‘Scuderia’, que continuavam à frente das tabelas de tempos.
Era ainda demasiado cedo para tirar grandes conclusões, acerca das dificuldades da formação de Milton Keynes, mas o facto de a equipa ter trocado os fundos dos seus carros, deixando a versão estreada na Marina Bay para reverter para uma versão anterior, deixava antever que algo não ia bem nas boxes da estrutura que vencera todos os Grandes Prémios da temporada até Singapura.
Os treinos-livres de sábado e a qualificação confirmavam os problemas que Verstappen e Pérez experimentavam com o RB19, que exibia uma traseira demasiado nervosa até para o neerlandês, que gosta de um carro sobrevirador.
Nenhum dos pilotos da Red Bull conseguia sequer aceder à Q3, ficando o Bicampeão Mundial no décimo primeiro posto e o mexicano décimo terceiro.
Não havia como esconder, a formação de Milton Keynes estava com problemas e rapidamente começaram a surgir as teorias de que as novas diretivas técnicas da FIA – uma que apontava para uma nova forma de garantir que as superfícies aerodinâmicas não fletiam para lá do permitido e outra para flexão da placa de madeira do fundo – tinham tido um impacto na competitividade do RB19.
No entanto, a explicação, pelo menos para já, poderá estar na afinação do carro de Milton Keynes.
O Red Bull é capaz de rodar com uma altura ao solo inferior relativamente a todos os outros sem produzir o efeito de ‘porpoising’ se fazer sentir graças ao seu sofisticado fundo, o que lhe garante uma vantagem face aos seus adversários, maximizada pelo facto dos túneis venturi serem mais fundos.
No entanto, em Marina Bay, dado os muitos ressaltos da pista, os técnicos da formação de Milton Keynes foram obrigados a subir o carro para evitar chegar ao final da corrida com problemas no desgaste na placa de madeira, que se ultrapassar a tolerância equivale a uma desclassificação.
Isto tirou o RB19 da sua janela de funcionamento, levando a que exibisse um comportamento exageradamente sobrevirador, mesmo para Verstappen.
Em corrida o problema era menos evidente, mas ainda assim os Red Bull não eram aquelas máquinas inalcançáveis de Miami, onde o neerlandês venceu, apesar de ter arrancado de décimo quarto.
Para a corrida, Verstappen e Pérez arrancaram com pneus duros, apostando num primeiro ‘stint’ longo para tentar entrar na luta pelas posições da frente. No entanto, Logan Sargeant estragou os planos da Red Bull, quando na décima nona volta Logan Sargeant bateu de frente numa barreira de protecção, precipitando a entrada em pista do Safety-Car, devido aos detritos que o jovem da Williams deixou em pista a caminho das boxes.
Era demasiado cedo para os Red Bull que, neste momento, ou se mantinham em pista para poderem realizar apenas uma paragem, ou, ao trocar de pneus, teriam de assumir uma estratégia de duas passagens pelas boxes, uma vez que os médios que tinham de montar não conseguiriam realizar as quarenta e duas voltas que faltavam.
Tanto Verstappen como Pérez assumiram a primeira opção, parando apenas na quadragésima e trigésima nona voltas, respectivamente, o que os deixou no meio do Segundo Pelotão.
Até final, voltou a vislumbrar-se o andamento forte dos Red Bull, que subiram até ao topo do Segundo Pelotão, tendo Verstappen chegado mesmo a pressionar o quarto lugar de Leclerc, que tinha ficado sem pneus no seu Ferrari.
Sergio Pérez, com maiores dificuldades com a traseira do seu monolugar, não ia além de oitavo, ficando entre os dois pilotos da equipa de Milton Keynes Pierre Gasly e Oscar Piastri.
A equipa que vencera todas as corridas era assim derrotada e não conseguia mais que se impor perante o Segundo Pelotão. Em princípio terá sido apenas uma derrota episódica, verificar-se-á se o é no Japão, mas a sua hegemonia foi quebrada.
Foto: Getty Images / Red Bull Content Pool