F1, Force India: Fazer muito com pouco, com a ajuda de dois talentos

Por a 15 Dezembro 2017 12:20

A Force India, tal como em 2016, foi a equipa que mais fez com menos orçamento. Esta equipa é um excelente exemplo de gestão inteligente, aproveitamento ótimo dos recursos à disposição e engenho na procura de novas soluções. Não admira que afirmem que com um teto orçamental seriam das melhores equipas do paddock. A Force India tinha de enfrentar em 2017 um novo regulamento e inserir na mecânica da equipa um novo piloto. Quando se tem muito dinheiro, é mais fácil, mas, uma vez mais, tudo correu pelo melhor e o carro, que pareceu o mais feio da grelha em fevereiro, mostrou ser uma excelente base para o resto do campeonato e com a mudança para o rosa da BWT, o carro ganhou outra aparência (primeiro estranhou-se mas depois entranhou-se)…

Quanto à nova dupla de pilotos, se Sergio Pérez continuou a garantir muitos pontos, já Esteban Ocon foi uma agradável surpresa tendo apresentado um nível apreciável na sua primeira época a tempo inteiro na F1. Ambos fizeram da regularidade a chave do sucesso e a Force India conseguiu o melhor resultado de sempre a nível pontual.

A caminhada não foi livre de peripécias e as estrelas da equipa (os pilotos) envolveram-se numa acesa luta dentro de pista e por várias ocasiões causaram dissabores à equipa. O exemplo de Baku é o mais flagrante, onde a equipa poderia ter voltado aos pódios, mas o sangue quente dos pilotos deitou tudo a perder. A agressividade em pista foi de tal forma vincada, que os responsáveis foram obrigados a dar ordens aos pilotos para não se atacarem, uma espécie de castigo para meninos mal comportados. Se para o espetáculo foi mau, temos de entender que a Force vive de recursos limitados e não se podia dar ao luxo de desperdiçar novo 4º lugar final, por uma briga de pilotos.

No entanto, a relação entre ambos foi interessante de seguir, já que Pérez não era colocado em sentido há algum tempo (a dupla com Nico Hulkenberg sempre pareceu mais favorável ao mexicano) e Ocon, no primeiro ano a sério, quis bater o pé a um dos bons pilotos da F1. Pode ter ficado a ideia que a batalha foi equilibrada, mas o resultado final pendeu claramente para Perez que acabou à frente no campeonato, acabou mais vezes à frente do companheiro de equipa em corrida (11-7) e em qualificação (13-7) e conseguiu o melhor resultado do ano da equipa (4º em Espanha).

Por muito que este resultado seja favorável ao mexicano, nunca poderemos apontar Ocon como um claro derrotado. Os números estão próximos, e não nos podemos esquecer que o jovem francês enfrentou um dos pilotos mais experientes e talentosos da grelha. A sua primeira prova de fogo na F1 foi a todos os níveis positiva e Ocon provou que será um nome a ter em conta no futuro. Por seu lado Perez precisava deste desafio, que o obrigou a sair da sua zona de conforto. Por muito que seja um piloto de talento equivalente ao de Hulkenberg, o alemão esteve sempre ligeiramente abaixo do ex-colega de equipa, que é o melhor piloto da história da equipa. O seu estatuto foi posto em causa por um jovem destemido e se no início as coisas azedaram muito, serviram certamente para que ambos crescessem.

O futuro poderá não ser tão brilhantes para a equipa, tendo em conta que McLaren e Renault ficaram em posições longe do seu habitat natural, nem que seja pelos investimentos feitos. O próximo ano espera-se de retoma para as ditas equipas, o que irá prejudicar a Force que com um orçamento menor, não tem as mesmas armas. O respeito dos fãs e dos adversários está conquistado e pode ser que as medidas da Liberty permitam que equipas como a Force India cresçam mais e consigam chegar a um nível ainda maior.

Em relação aos pilotos… espera-se mais do mesmo. O clima de paz que se viveu é claramente temporário e bastará uma manobra mais agressiva para voltar a incendiar a relação, o que pode ser bom para o espetáculo, mas mau para a equipa que em 2018 não poderá dar-se ao luxo de desperdiçar pontos como este ano. Mas são dois excelentes pilotos que em muito valorizam a modalidade. A Force cresceu bem e de forma sustentada e merece chegar a outros.

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ernie
ernie
6 anos atrás

Excelente artigo. Nada a apontar. Também eu considero a Force India uma equipa que tem mostrado ao longo dos anos uma capacidade e qualidade de trabalho fantásticas, mas também um estoicismo à prova de bala, apesar de já todos termos receado pelo seu futuro de cada vez que os seus proprietários andam a fugir à polícia. Sempre pensei que quando VJM comprou a equipa, era mais um “sangrador” que ia usar a equipa apenas para lavar umas rúpias e deixá-la pior, como fez o fundador Eddie Jordan, que a fez crescer e depois descapitalizou, para a vender para as aventuras… Ler mais »

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