F1: Evolução do MCL60 abre boas perspectivas para a McLaren em 2024
A McLaren progrediu durante a temporada como acontece pouco na Fórmula 1, evoluindo o MCL60 ao ponto de estar mais próximo do desempenho do Red Bull RB19, a máquina dominante de 2023. São bons sinais para o que pode acontecer em 2024 em Woking, faltando saber até que ponto é que a sanção da FIA imposta à Red Bull e que retirou tempo de desenvolvimento do seu carro, pode ter impacto neste cenário de aproximação de ambas as equipas na tabela de tempos.
Não é que tenha tido oportunidades para ultrapassar, mas Lando Norris foi capaz de rodar próximo da traseira do RB19 de Max Verstappen na corrida do Grande Prémio de São Paulo. O carro de Milton Keynes tem fortes argumentos na grande maioria dos circuitos e, apesar de existirem carros mais rápidos em qualificação – como mostrou ser o caso do Ferrari SF-23 em algumas situações – é em corrida que ganha uma vantagem enorme para a concorrência. Basta ver que, mesmo estando perto do RB19, Norris perdeu contacto com o evoluir da corrida e quando Verstappen aumentou o ritmo.
O RB19 é uma máquina muito bem construída, não há dúvidas sobre isso. Levou a que várias das suas equipas adversárias tivessem em conta certas particularidades do seu design para desenvolver os seus próprios monolugares – os flancos são um bom exemplo – no entanto, há áreas dos monolugares que são muito difíceis de desenvolver durante a época, como a suspensão, o que na opinião do chefe de equipa da McLaren, Andrea Stella, será foco de grande evolução durante o inverno por todas as equipas.
Stella advertiu, depois da prova em Interlagos, que a Red Bull ganha vantagem com a melhor gestão dos pneus, mostrando menor degradação do que a maioria da concorrência e mantendo a aderência em níveis mais altos durante as corridas. O mesmo responsável, admitiu que, apesar do enorme salto competitivo do MCL60 durante o ano, há certas limitações no monolugar ao nível da sua arquitetura que não permite aos pilotos da equipa estarem na discussão do triunfo com Max Verstappen. Andrea Stella apontou para a suspensão traseira da Red Bull, que é considerada como uma área fundamental para uma melhor aerodinâmica do RB19, juntamente com algumas soluções inteligentes na traseira do monolugar. Citado pela publicação The Race, Stella esclareceu que o desenvolvimento mecânico do RB19 foi muito importante, permitindo melhorias aerodinâmicas e mantendo os pneus em melhores condições em corrida. Sendo mais fácil desenvolver os componentes aerodinâmicos durante a temporada, ao contrário de desenvolver e introduzir uma nova suspensão com a época a decorrer, Stella salienta que isso acontecerá pela maior parte das equipas durante a pausa de inverno, entre 2023 e início da temporada de 2024. Contando que a McLaren seja uma dessas equipas, a estrutura de Woking pode estar em melhor posição para pressionar a Red Bull no próximo ano.
O trabalho desta temporada permitiu ter um monolugar mais competitivo e com ganhos na aerodinâmica, abrindo boas perspectivas para a McLaren se conseguirem fazer o mesmo durante o inverno em termos do desenho da suspensão, ao contrário de Mercedes e Ferrari. A equipa de Brackley vai optar por um carro muito diferente do atual, não se sabendo bem o que pode valer, enquanto os italianos têm de resolver um problema grave que degrada bastante os pneus, perdendo os pilotos da Ferrari ritmo em corrida.
Porém, fica sempre a dúvida de quanto perde a Red Bull por não ter tanto tempo de CFD e túnel de vento este ano em resultado da penalização da FIA por ultrapassar o limite orçamental. Por isso, podemos assistir a um bom trabalho por parte da McLaren no monolugar de 2024 e mesmo assim, incapaz de lutar com a Red Bull pelas vitórias. Os responsáveis da Red Bull esperam o contrário, que o pelotão vai estar ainda mais próximo e a sua equipa com fortes adversários, uma vez que o efeito da sanção só se deverá ver na prática no próximo ano.