F1: Evolução da McLaren encoraja Oscar Piastri e também Esteban Ocon
Oscar Piastri diz estar otimista quanto ao futuro da McLaren na Fórmula 1, encorajado pela evolução demonstrada esta temporada e mais ainda, pela correlação de dados nas atualizações do MCL60 entre o trabalho de simulação e a análise em pista. Mas não é só no seio da equipa de Woking que o progresso é bem visto, acontece o mesmo entre os adversários, nomeadamente com Esteban Ocon, que quer que a Alpine tente imitar a McLaren e consiga deixar o meio do pelotão para lutar por pódios.
Já aqui referimos que a McLaren progrediu durante a temporada como acontece pouco na Fórmula 1, evoluindo o MCL60 ao ponto de estar mais próximo do desempenho do Red Bull RB19, a máquina dominante de 2023. Sinais positivos para o que pode acontecer em 2024 e que deram um novo fôlego à estrutura liderada por Zak Brown, ao ponto de reconquistar a confiança de Lando Norris – que tem mercado noutras equipas – e encorajar o estreante Oscar Piastri para o que pode daqui surgir.
O primeiro grande pacote de atualizações do MCL60 foi apresentado na Áustria – usando durante toda a temporada a estratégia de montar os novos componentes apenas no carro de Lando Norris, aferir se tudo corre bem e só depois usar em ambos os monolugares – seguindo-se uma nova evolução em Singapura. A McLaren passou a somar pontos em todas as corridas a partir do Grande Prémio da Áustria e mais importante, conquistou desde essa altura até agoraa sete pódios, incluindo o duplo pódio no Grande Prémio do Japão. No plano individual, Norris, ao que tudo indica, deve terminar a temporada com a sua melhor classificação no mundial de pilotos desde que entrou na Fórmula 1 e Oscar Piastri deve terminar a temporada de estreia na competição dentro dos dez primeiros classificados.
“Foi uma reviravolta dos diabos”, explicou o jovem australiano ainda no Brasil, após o GP de São Paulo. “As primeiras atualizações que introduzimos foi um passo em frente no desempenho e tudo o resto desde então tem tido o mesmo efeito”. Aludindo ao facto das simulações terem tido correlação em pista, Piastri salientou que “o mais encorajador foi o facto de tudo o que quisemos colocar no carro, ou tudo o que quisemos alterar no carro, ter feito o que era suposto fazer. Todos os números que esperávamos foram basicamente os mesmos na vida real, o que nem sempre se pode tomar como garantido. Por isso, acho que tem sido notável”.
O piloto australiano da McLaren afirmou que não acreditava poder lutar com a Aston Martin – equipa que foi a surpresa da primeira metade da temporada e ultrapassada pela McLaren após a recuperação da estrutura de Woking na classificação – até à Áustria, identificando este momento como o da reviravolta do desempenho da sua equipa. “Sempre acreditei na equipa que, se tivéssemos um carro capaz de lutar na frente, estaríamos prontos para o fazer. Penso que conseguimos mostrar isso na segunda metade do ano, mas sim, o desenvolvimento e o progresso do carro têm sido incríveis e penso que agora estamos a ficar cada vez mais confortáveis em estar na frente e, em vez de nos referirmos a algumas das outras equipas como as melhores, agora são nossos concorrentes”.
A rápida evolução da McLaren com a temporada a decorrer, apesar de não ser frequente, mostra que isso pode ser reproduzido. Assim, Esteban Ocon mostra-se também otimista quanto ao facto da Alpine poder replicar o impressionante ritmo de desenvolvimento da McLaren no futuro próximo.
Não foi apenas a McLaren que melhorou consideravelmente o seu desempenho em 2023. este ano, Uma outra equipa cliente, a Aston Martin, apresentou-se muito forte no início da época, conquistando pódios e apresentando melhores resultados do que as sempre candidatas Mercedes e Ferrari. Mesmo depois de uma série de atualizações desastrosas, a Aston Martin voltou a apresentar-se como uma equipa com melhor ritmo do que a Alpine em São Paulo.
Numa época complicada para a Alpine, com complicações e mudanças fora de pista, entre gestão da estrutura, Ocon quer mudar o paradigma dos franceses e usa o exemplo da McLaren. “Acho que não há inveja, nem algo como ‘oh não, eles fizeram um trabalho muito bom’. Para mim, é mais como ‘oh, eles fizeram isso, então é possível fazer’. Fair play. Admiração pelo trabalho que fizeram. E é possível sair do meio do pelotão, porque se eles o fizeram, então porque não nós o podemos fazer? O meu pai costumava dizer: ‘dois braços, duas pernas, duas mãos, dois pés, por isso, é possível, vamos a isso’”, salientou Ocon.
De certa forma, o otimismo de Ocon é aceitável, uma vez que a Alpine parece ter recursos para reproduzir o que fez a Aston Martin e McLaren, mas a equipa não conseguiu dar um salto significativo desde que regressou à competição, ainda com a designação Renault. Mudou a sua gestão um par de vezes desde aí e competiu sempre por posições do meio da tabela classificativa. Possivelmente, só com uma mudança de atitude poderão replicar as duas equipas adversárias.