F1: Conclusões pós incidente de Suzuka, Eduardo Freitas deixa de ser Diretor de Corrida

Por a 21 Outubro 2022 17:31

O GP de Suzuka não correu bem à direção de corrida da F1, com a presença de uma grua para a remoção do Ferrari de Carlos Sainz da pista, numa altura em que as condições de visibilidade não eram as melhores, o que provocou a ira de Pierre Gasly, que passou perto da grua. O triste episódio que vitimou Jules Bianchi foi relembrado de forma demasiado viva e a FIA procedeu a uma investigação. Hoje, o órgão federativo lançou as conclusões da mesma, além de novas medidas para evitar que algo semelhante suceda. Entre as várias decisões, em baixo, Eduardo Freitas deixa de ser diretor de corrida de F1 durante esta época, com Niels Wittich a assumir esse papel até ao final da época.

O painel de revisão foi composto por representantes de vários departamentos da FIA, incluindo do Race Control, do FIA Remote Operations Centre (ROC), Segurança, Operações e Departamento Técnico. O processo foi supervisionado pelo Vice-presidente da FIA para o Desporto Robert Reid, que esteve presente em Suzuka.

A revisão baseia-se no processo de reflexão crítica da FIA, numa carta da GPDA (Associação de pilotos de GP) e em discussões entre o Presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, e vários pilotos, incluindo George Russell, Director da GPDA, e Pierre Gasly, da AlphaTauri, que expressaram as suas preocupações sobre os incidentes na pista durante a corrida atingida pela chuva em Suzuka.

A FIA defende que o procedimento de arranque foi feito adequadamente e que “embora estivesse a chover, as condições eram suficientemente adequadas para iniciar a Corrida numa largada estacionária. Todas as equipas começaram com pneus intermédios após as voltas de reconhecimento, mas a chuva mais forte por volta da hora de partida significou que o controlo do carro com pneus intermédios após a partida foi mais desafiante.”

Quanto ao acionamento de veículos de remoção, a FIA reconhece que a grua foi acionada prematuramente, dadas as condições da pista, afirmando, no entanto, que não detetou a vinda do carro de Pierre Gasly para a zona crítica do incidente, pois a direção de corrida tem de estar focada com o que acontece na zona do incidente. No documento pode ler-se o seguinte:

“Embora seja prática comum utilizar veículos de recuperação depois de uma corrida ter sido neutralizada, o painel de revisão discutiu se a entrada do veículo de recuperação em Suzuka para recuperar o Ferrari de Carlos Sainz foi prematura dadas as condições prevalecentes.

O painel de revisão reconheceu que ter gruas de recuperação na pista de Suzuka naquelas condições meteorológicas é uma questão sensível, tendo em conta os trágicos incidentes do passado. O painel determinou que, em retrospetiva, como as condições meteorológicas mudavam, teria sido prudente ter atrasado a colocação dos veículos de recuperação em pista.

Foi reconhecido que deveriam ser feitos todos os esforços para realizar uma recuperação eficiente e segura dos veículos. Um período de recuperação mais longo, em condições como as que prevaleceram em Suzuka, pode originar uma suspensão da corrida.

Foi também reconhecido que enquanto o Safety Car é utilizado para neutralizar uma corrida, a FIA tem controlo sobre os carros diretamente atrás do Safety Car, mas não tem controlo suficiente sobre os carros que se encontram noutros locais à volta da pista.”

No caso de Pierre Gasly, a FIA fez questão de recordar que apesar de o francês estar a tentar apanhar o pelotão, qualquer piloto tem de limitar a velocidade consoante as situações e as bandeiras mostradas pelos comissários e que o senso comum deve ser sempre usado. O documento diz que Gasly lamentou o facto de estar a mais de 200km/h quando passou no local.

A performance dos pneus de chuva está também a ser avaliada com o Departamento técnico da FIA e o fornecedor, a Pirelli. O escoamento de água da pista de Suzuka está a ser discutido com os responsáveis japoneses da pista com vista a melhorias no futuro.

Medidas adotadas

Quanto às medidas que irão ser adotadas a partir do GP dos EUA, eis a lista fornecida pela FIA:

  • Informação a ser fornecida às Equipas através de uma mensagem no sistema oficial de mensagens e comunicada através do sistema de intercomunicação da FIA para notificar as equipas que um veículo de recuperação está a caminho, com a obrigação das Equipas de informar os seus Pilotos.
  • Desenvolvimento de uma janela de monitorização VSC/SC ao vivo para mostrar o estado de todos os veículos, na pista, atrás de SC, nas boxes para ser utilizado pelo Controlo de Corridas e pelo ROC.
  • Atualização do Procedimento de Controlo de Corrida para melhor definir a atribuição de tarefas em toda a equipa de Controlo de Corrida (incluindo a delegação de tarefas de monitorização ao ROC, conforme necessário) segundo o procedimento SC ou VSC. Em relação específica a esta revisão, a delegação de monitorização dos carros que entram no Pit Lane em condições de SC e a consequente extensão do comboio SC.
  • O Diretor de corrida realizará uma revisão dos incidentes em Suzuka durante o Briefing de pilotos do Grande Prémio dos Estados Unidos para explicar que soluções a FIA planeia introduzir, para evitar uma repetição da situação no futuro e para recordar aos pilotos as regras relativas aos Safety Cars e Bandeiras Vermelhas.
  • VSC dinâmico: implementação de uma nova função que poderá alterar a velocidade delta necessária para o condutor seguir antes e nos sectores onde há um incidente. Isto poderá ajudar os pilotos a saber onde os incidentes foram declarados.
  • Em conjunto com as equipas, terá lugar uma revisão dos precedentes de penalização dos pilotos que não respeitem as regras relativas às condições de Bandeiras Amarelas, Duplas Amarelas, VSC e SC.
  • Avaliação da aplicação atual dos painéis publicitários, da sua construção, localização e materiais utilizados para evitar o potencial de serem arrancados e atirados para a pista.

Niels Wittich assume a direção de corrida até ao fim do ano

Eduardo Freitas não será mais diretor de corridas de F1 durante esta época. O português, que era diretor de corrida no GP do Japão, não estará mais aos comandos da prova, com Niels Wittich a assumir esse papel até ao final da época, terminando a rotatividade vigente até então. Não há informação de Freitas regressará como diretor de corrida no futuro.

Quanto à polémica do limite de tempo das corridas e a atribuição de pontos, a FIA vai rever a redação do Regulamento com vista a trazer mais clareza durante a próxima revisão do Regulamento do Desporto.

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4 Comentários
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Não me chateies
Não me chateies
2 anos atrás

O procedimento foi errado, porque o carro do Sainz ficou no meio da pista e o director de corrida sabia que havia um carro, Gasly, que parou nas boxes e que não estava atrás do safety car, devia ter mostrado de imediato a bandeira vermelha antes do Gasly sair das boxes. Se não fosse o cruzamento com a grua, seria um cruzamento com o Ferrari que estava atravessado de lado, ocupando 1/3 da largura da pista, não sei se estavam comissários ou o Sainz no carro, mas disso o Gasly não se insurgiu aos berros.

ruimssousa
ruimssousa
Reply to  Não me chateies
2 anos atrás

Há um video no YouTube feito por um espectador em frente ao local do acidente.
O Sainz já estava em segurança, mas havia comissários de pista a trabalhar no local, que podiam ter morrido se o Gasly perdesse o controlo do carro. Foi muito bem penalizado.

917/30
2 anos atrás

Outra conclusão: Gasly é um idiota! Aquela figura de virgem ofendida quando à chuva e com pouca visibilidade passa a 200 km/h no local acidente, demonstrando uma total falta de senso comum, tem ainda a lata de falar em Bianchi quando ele faz o mesmo erro…

Lugar aos novos!
Lugar aos novos!
Reply to  917/30
2 anos atrás

Achava que era claro que não há pessoas em pista com carros a circular, ou seja, red flag obrigatória e carros no pit lane antes de algum comissário entrar na zona de pista.
Assumir que um piloto tem de ter senso comum quando conduz um F1 é algo arriscado. Tem de ser a FIA a definir as regras de segurança e a direção de corrida a garantir o seu cumprimento, castigando severamente quem não respeitar as mesmas.

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