F1: Andretti mais perto de concretizar o sonho?

Por a 5 Janeiro 2023 17:47

A Andretti anunciou uma parceria com a Cadillac de forma a reforçar a sua candidatura à F1. Mas estará a equipa americana mais perto do sonho agora que se juntou a uma grande marca?

O interesse da Andretti na F1 começou a ser veiculado em agosto de 2021 e desde então a estrutura americana esteve próxima de comprar a Sauber, um negócio que falhou à última hora. Mas a vontade de Michael Andretti entrar na F1 manteve-se e o foco passou a ser a criação da sua própria equipa de raiz, um plano ambicioso, mas que foi ganhando cada vez mais tração. Se do lado americano a vontade de correr na F1 foi crescendo à medida que se iam juntando os meios para entrar no Grande Circo, do lado da F1 e da FIA a vontade de abrir as portas sempre pareceu diminuta.

Apenas a Alpine e a McLaren se mostraram a favor da entrada da estrutura americana, enquanto as restantes foram encontrando motivos para que a entrada da Andretti não se justificasse. As razões apontadas para justificar a pouca vontade de abrir as portas vão desde as dúvidas quanto à capacidade financeira, assim com a sua visibilidade no panorama global, com a maioria dos intervenientes a declarar que a entrada da equipa americana não traria benefícios ao clube fechado da F1, cujas portas são cada vez mais difíceis de abrir, agora que há potencial para ter lucro com os novos regulamentos financeiros, além do interesse crescente na modalidade.

O que deverá estar realmente está em causa é o dinheiro que todos os anos é dividido pelas equipas. Das receitas que a F1 recebe, 50% é aplicado nas equipas, com uma tabela de prémios, cujos pagamentos dependem de vários fatores (prestação no campeonato, longevidade no campeonato, sucesso recente), além de uma fatia fixa e igual para todas. Ora os 50% das receitas das são divididos por 10. Se a divisão for feita por 11, implica uma redução do prémio de cada uma. Para compensar este fator e para garantir que quem queira entrar na F1 tenha um plano sólido, é exigida a uma nova estrutura 200 milhões de dólares, que são divididos pelas equipas já existentes (já houve vontade de fazer subir esse valor, sob a premissa de que o valor da F1 é agora superior ao que tinha quando essa verba foi acordada).

A Andretti afirmou ter fundos e capacidade técnica para garantir competitividade a curto prazo, além dos 200 milhões. Mas as oito equipas que se mostraram contra a entrada da Andretti continuam a não querer dividir o bolo que tem vindo a crescer.

Mohammed Ben Sulayem anunciou a vontade de lançar um “processo de declaração de interesse” em que as estruturas interessadas dariam o primeiro passo para entrar na F1. Oficialmente nada foi lançado, mas apenas foi declarado o desejo do presidente em abrir o processo, que é complexo, exigente e pode esbarrar ainda na pouca vontade da F1.

A resposta da F1 ao anúncio é clara e mostra que há ainda muito caminho pela frente para a Andretti se fixar na F1:

“Há um grande interesse no projeto F1 neste momento com a continuação de uma série de conversas que não são tão visíveis como outras”, disse F1. “Todos queremos assegurar que o campeonato se mantenha credível e estável e qualquer pedido de novo participante será avaliado com base em critérios que satisfaçam esses objetivos por todas as partes interessadas relevantes. Qualquer pedido de novo participante requer o acordo tanto da F1 como da FIA”.

Em resumo, a candidatura da Andretti ganhou mais força com a entrada em cena de uma marca com muita força num mercado que a F1 deseja explorar mais, a FIA parece com mais vontade de abrir a porta a uma 11ª equipa, mas a F1 ainda tem muitas dúvidas. Poderá ser a novela de 2023. 

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Pity
Pity
1 ano atrás

Quando há dois a mandar, cada um puxa para o seu lado. A questão é: a quem pagam as equipas a sua inscrição? À FIA ou à FOM / Liberty? Que eu saiba, é à FIA, portanto, é a FIA que tem de decidir se entram mais equipas ou não. Não é entrar qualquer uma, como aconteceu no tempo da HRT e companhia, mas a Andretti é uma equipa com créditos firmados no desporto automóvel, não percebo tanta resistência por parte das equipas. Será por causa do bolo ou, como eu acho, por receio de (mais) uma concorrente forte? A… Ler mais »

Frenando_Afondo™
Frenando_Afondo™
Reply to  Pity
1 ano atrás

Acho que o grande problema é a aprovação das equipas. Pela divisão do bolo, que fica mais pequeno. Embora agora eles criaram uma taxa de entrada que é dividida directamente pelas equipas existentes (200 milhões divido por 10), para compensar as perdas nos primeiros anos e caso a equipa nova se vá embora, as equipas existentes não percam demasiado orçamento (o The Race no YouTube explicou isto num vídeo há pouco tempo). Claro que também há o “medo” das equipas menores perderem dinheiro por serem batidas pela nova equipa. Já as grandes duvido que se preocupem, a menos que caiam… Ler mais »

Last edited 1 ano atrás by Frenando_Afondo™
garantia4
garantia4
Reply to  Pity
1 ano atrás

É por causa do bolo. Isto é sport business. O ‘Pacto da Concórdia’ até permite 13 equipas, mas as actuais 10 consideram que se alcançou um equilíbrio, que conseguiram dar vida a um modelo de negócio frutuoso capaz de tutelar os seus interesses. E a entrada de outros seria uma ameaça a essa certeza, pois iriam ‘papar’ um fatia desse bolo / dividendos ‘ criado’ por esse Pacto,que tanto trabalho deu, e que esteve em risco com a pandemia, a barraca podiaxter caído. Segundo o Toto, equipas como a Andretti entrando desalinhada com algum poderoso construtor, não iria criar mais… Ler mais »

Pity
Pity
Reply to  garantia4
1 ano atrás

A sua última frase diz tudo. Eu não tenho simpatia nem antipatia pela Andretti, mas ela daria mais garantias do que dá a Haas. O meu ponto é sempre o mesmo: se alguma sair, e não seja vendida (pode acontecer) a F1 fica coxa.
Quanto ao bolo, não sei se ele não iria crescer com mais equipas credíveis. Haveria mais fatias, mas poderiam ser maiores.

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