F1: Alex Albon não superou a injustiça

Alex Albon assinou mais uma prestação pobre em Imola e terá sentenciado o seu futuro na Red Bull e na F1. O jovem tailandês tem estado abaixo do desejável e deverá fazer as últimas corridas pela sua atual equipa.

O ultimato estava feito… Albon tinha duas corridas para mostrar que podia ser opção para 2021 na Red Bull. Não era tarefa fácil pois as duas corridas seriam em Portimão, pista nova e difícil e Imola, também muito exigente e específica. Depois do pódio em Mugello, Albon não voltou a brilhar mais e a sua substituição começou a ser equacionada, com Nico Hulkenberg e Sérgio Pérez na calha para serem colegas de Max Verstappen. Infelizmente Albon falhou nas últimas corridas e o seu destino parece estar traçado. Mais que isso, começa a ser motivo de chacota nas redes sociais, e os famosos “memes” não perdoam cada erro e desilusão de Albon. Não consigo deixar de sentir que há aqui uma grande injustiça.

A F1 tem memória curta e poucos se lembram que Alex Albon entrou na F1 sem experiência. Lando Norris rodou num F1 pela primeira vez em 2017, em Portimão. George Russell testou várias vezes com a Mercedes antes de assumir o lugar na Williams. A grande maioria dos jovens pilotos testou com um monolugar de F1 antes de entrarem no Grande Circo. Albon não. A primeira vez que testou com um F1 foi no teste de inverno em Barcelona, já “a doer”.

O desafio que tinha pela frente era muito maior que os dos outros rookies nesse ano. E em seis meses provou que tem talento e qualidade para a F1. Infelizmente esse sucesso precoce não lhe trouxe o que merecia. A máquina trituradora de talentos que a Red Bull se tornou desde a chegada de Max Verstappen à equipa fez mais uma vítima e Pierre Gasly foi despromovido à Toro Rosso, e Alex Albon, o mesmo que apenas tinha menos de seis meses de experiência, foi chamado para se juntar a uma equipa completamente virada para Verstappen. E as primeiras impressões foram boas. Aliás Albon foi o rookie do ano pois teve uma ascensão meteórica e nunca acusou a pressão, fazendo sempre boas exibições, especialmente após erros. Albon provou talento e qualidade, mas isso parece ter sido esquecido.

As pessoas esquecem-se que poderia ter feito o primeiro pódio na sua época de estreia, não fosse o toque de Lewis Hamilton em Interlagos. A história de Albon poderia ter sido muito diferente se tem conseguido fazer o pódio na Áustria, algo que lhe foi negado com outro toque. A sorte não tem acompanhado o jovem. Até porque parece cada vez mais que Albon tem de correr com “sapatilhas que não são suas”. O RB16 parece ser um fato que se quer à medida de Verstappen e essas medidas têm de servir a Albon. E Albon, por muito que queira, não se sente bem nesse “fato” nem tem ainda a experiência nem a força para exigir que se façam algumas alterações. Tal como Gasly, foi engolido pela sombra de Verstappen e não encontrou argumentos para a sua causa.

Albon não é pior que Gasly e justiça seja feita a Christian Horner, que admitiu que Albon faria provavelmente igual ao francês na Alpha Tauri. Albon não é mau piloto, pelo contrário é um talento que merecia outra oportunidade e que tem capacidade para singrar na F1. Mas é também o piloto com menos experiência do grid e a inexperiência paga-se caro quando se está numa equipa como a Red Bull. O erro de Albon em Imola não é diferente do erro de Russell, ou até dos erros que Verstappen cometeu nos primeiros anos da Red Bull. Mas o acumular de prestações menos positivas, com um carro onde claramente não se sente confortável criam uma conjuntura desfavorável ao #23.

A Red Bull apoiou Albon e fez quase tudo o que podia para que o jovem ficasse… apenas não fez o mais importante: não teve paciência para deixar que crescesse ao chama-lo da Toro Rosso, assim como não teve paciência com Gasly. Albon é também culpado e foi lhe apresentada uma oportunidade de ouro que apenas aproveitou parcialmente mas, pessoalmente, acredito que a culpa de Albon não é tão grande quanto isso e que é mais vítima do que réu. As portas da F1 fecham-se para Albon e custa ver um piloto com tanto potencial sair enquanto outros, manifestamente com menos capacidade se vão manter. É assim a F1, muitas vezes injusta. Albon fez mais do que muitos conseguem ver e creio que tinha muito mais para dar.