F1: Alex Albon contra as desconfianças

Por a 14 Abril 2020 12:15

Alex Albon protagonizou um dos regressos mais inesperados da F1 e uma das épocas de estreia mais insólitas dos últimos tempos. O piloto tailandês é olhado com alguma desconfiança, mas tem mostrado qualidade para mais.

2018 foi o ano do tudo ou nada para Albon. O jovem teve grandes dificuldades em garantir um lugar no grid da F2, depois de uma época 2017 algo discreta para as suas ambições. Albon tinha dado nas vistas nos karts, máquina cujo primeiro contacto aos quatro anos provocou choro, mas que a segunda tentativa aos sete, incentivada pelo pai também ele piloto, iniciou a história de um jovem a procura de um sonho… que era pintado de vermelho, cor da sua amada Ferrari.

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O apoio da Red Bull Tailândia ajudou inicialmente, mas o programa de jovens pilotos da marca de bebidas energéticas apostou em Albon. No entanto, a primeira época nos monolugares correu tão mal que foi dispensado do programa. Foi um golpe tremendo no qual teve também influência a situação familiar instável que viveu na altura. Mas ganhou força com a desilusão e continuou a lutar pelo seu sonho. 2014 foi o ano da recuperação e conquistou o terceiro lugar na Fórmula Renault 2.0 Eurocup. Seguiu-se um vice-campeonato no GP3 em 2016 e em 2018, depois de um começo titubeante fez uma recuperação tremenda e esteve na luta pelo título até ao fim na F2, contra Lando Norris e George Russell.

Ser campeão poderia abrir as portas que teimavam em manter-se fechadas, mas o terceiro lugar parecia selar o destino de Albon, que já tinha acordo com a Renault para ingressar na Fórmula E. Mas um “buraco” no programa de jovens da Red Bull, provocado pela promoção antecipada de Max Verstappen e a mudança inesperada de Daniel Ricciardo para a Renault obrigaram a Red Bull a apostar em Pierre Gasly e Helmut Marko repescou Daniil Kvyat e Albon. Quando nada o fazia prever, Albon tinha a oportunidade com que tanto sonhara.

A tarefa que tinha pela frente era difícil. Albon era o único piloto do grid de 2019 que chegou a Barcelona sem nunca ter testado com um F1. Um mundo novo e exigente para o qual não tinha a mesma preparação que os restantes estreantes. Os primeiros quilómetros não foram fáceis e as temperaturas baixas que se sentiram em Barcelona apanharam desprevenido o rookie que teve uma saída de pista logo pela manhã. Alguns poderiam pensar que tal iria afetar Albon, mas o jovem prosseguiu com o programa de testes sem grandes percalços.

Foi preciso apenas três corridas para dar nas vistas com Xangai a ser palco de uma excelente recuperação depois de ter tido uma saída de pista na FP3. Foi ganhando confiança e o respeito da estrutura da Red Bull que, com um Gasly demasiado longe do andamento de Verstappen, resolveu dar o lugar a Albon e ver o que o tailandês era capaz.

Arranjando uma comparação futebolística, é como pegar num miúdo dos júniores, fazer meia dúzia de treinos e coloca-lo a titular num jogo grande. Não era uma tarefa fácil para um piloto que ainda procurava ambientar-se à F1. Mas Albon respondeu à altura e demorou pouco tempo a dar nas vistas. O andamento em certas provas não foi muito diferente do de Max Verstappen, o que só por si já é um elogio. Em nove provas terminou no top 5 por cinco vezes e esteve perto do pódio no Brasil, não fosse uma manobra atabalhoada de Lewis Hamilton.

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Não deixa de ser uma opinião pessoal, mas creio que Albon é algo subvalorizado pelo que fez e faz. Teve um desafio tremendo pela frente que conseguiu superar com sucesso. Superou as expetativas e conseguiu provar que merece um lugar na F1. Mostrou uma evolução tremenda ao longo do ano e deu sinais de que pode ser algo mais do que um ajudante de Max Verstappen. Não digo que tenha a mesma capacidade de Verstappen pois isso está reservado apenas aos predestinados, mas não vejo em Albon nada menos do que vejo em Lando Norris ou George Russell… um jovem cheio de talento e com capacidade para brilhar. Um jovem simpático, bem disposto, inteligente, com uma ética de trabalho tremenda e acima de tudo com uma capacidade mental gigante.

Não está ao alcance de qualquer um, na época de estreia, cometer um erro nos treinos livres e conseguir recuperar na corrida. Foram várias as ocasiões em que fez isso este ano, e de todas as vezes saltou a vista a coragem de arriscar mesmo depois de um erro comprometedor. É essa coragem e determinação que distingue os grandes pilotos. Posso estar enganado, mas Albon, o rookie do ano 2019, tem mais para dar do que muitos acreditam.

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