F1: a transformação da Ferrari sob a ‘batuta’ de Fred Vasseur: é desta que chegam ao título?

A temporada parecia um enigma para a Ferrari. Depois de um início promissor, o meio do campeonato trouxe desafios inesperados que ameaçaram enterrar as esperanças da Scuderia. Mas como a fénix que renasce das cinzas, a equipa encontrou o seu momento de viragem, emergindo como uma das forças mais dominantes nesta reta final de campeonato. Com três vitórias em cinco corridas, o ‘Cavallino Rampante’ galopa agora com vigor renovado, aproximando-se de um sonho não realizado desde 2008: o título de construtores.
O maestro por trás dessa transformação em curso é Fred Vasseur, o estrategista e líder que trouxe uma nova batida ao coração de Maranello. Mais do que um chefe, Vasseur tornou-se o arquiteto de uma revolução cultural. Sob a sua liderança, a Ferrari tem abraçado a agressão calculada e a tomada de riscos, mas com um toque humano raro no automobilismo. O francês criou um espaço onde erros são aceites, desde que se transformem em aprendizagem, e onde cada voz, do engenheiro ao piloto, é ouvida.
Essa mudança não é apenas visível nos resultados, mas na essência da equipa. A Ferrari de hoje é mais do que motores potentes e estratégias afinadas; é uma unidade que opera com confiança, comunicação aberta e um desejo inabalável de melhorar. A ordem é clara: não mirar cegamente o campeonato, mas sim maximizar o presente, corrida a corrida, curva a curva.
Os frutos dessa abordagem já despontam. A consistência da equipa já rivaliza com as maiores potências da grelham, a McLaren e a Red Bull, e o sonho do título de construtores não é mais um eco distante, mas uma possibilidade real. No entanto, o foco permanece no agora, no trabalho incansável que garante que o brilho da Ferrari não seja apenas uma faísca, mas uma chama que em Maranello querem tornar constante.
Sob a batuta de Fred Vasseur, a Ferrari não apenas luta por vitórias, mas sim redefine a sua identidade como uma equipa unida, ousada e resiliente.
Em declarações ao F1.com, Fred Vasseur disse que “tivemos um momento difícil depois do Mónaco, mas conseguimos recuperar bem depois desta sequência. Como equipa, foi uma boa jogada.
“Por vezes é difícil reagir quando se está neste tipo de situação. A equipa fez um bom trabalho para regressar. Tivemos uma boa sequência. É claro que perdemos alguns pontos em Baku, mas desde a pausa de verão, acho que fizemos um bom trabalho.”
A Ferrari tem o hábito de cavar um buraco cada vez mais fundo quando as coisas correm mal. A equipa não tinha a confiança necessária para admitir os erros com medo de perder o emprego – e por isso a criatividade era reduzida e o risco reduzido ao mínimo, mas Vasseur começou a mudar isso. Devolveu a confiança à equipa. Encorajou-os a correr riscos. Incentivou-os a cometer erros se isso pudesse abrir o caminho e a melhorar a equipa: “Só quero que as pessoas trabalhem como uma equipa, para a equipa. Quero que sejam agressivas, que corram riscos. A motivação está lá. Não é preciso motivar as pessoas aqui, às vezes até é preciso acalmá-las um pouco.
“O mais importante é aceitar que podemos cometer alguns erros, trabalhar sobre eles, tentar melhorar e ter esta mentalidade de tentar fazer um trabalho melhor do que no dia anterior. Estamos apenas a tentar fazer um trabalho melhor”.
“A capacidade de assumir riscos e de avaliar a gestão dos riscos é crucial na nossa atividade. Temos de aceitar que não se pode culpar alguém se estiver a cometer um erro. É uma cultura, não se trata apenas de uma decisão.
“Temos de aceitar e assumir mais riscos, temos de os gerir e temos de aceitar que vamos cometer erros. Vamos aprender com isso. Estamos neste processo. Pedi à equipa para ser mais agressiva e, duas ou três corridas depois (em Austin), fomos desclassificados no ano passado! Mas é o preço que temos de pagar. Se estivermos mais perto do limite, acabará por compensar”.
Está a começar a compensar agora – embora Vasseur lhe diga que “é um processo sem fim” e que precisam de continuar a trabalhar incansavelmente. A Ferrari está em excelente forma para potencialmente conseguir o seu primeiro campeonato mundial de construtores desde 2008, ajudada em parte pelo facto de Leclerc e o colega de equipa Carlos Sainz estarem a pontuar de forma consistente, mas Vasseur só quer foco na próxima corrida ”a minha única preocupação é o desempenho na próxima sessão. Quero que estejamos apenas concentrados no próximo evento, no desenvolvimento a curto e médio prazo – mas não pensamos no campeonato”.
Para já, está a correr bem, e há claras hipóteses da Ferrari conseguir saborear a glória do campeonato pela primeira vez desde 2008.