F1: A nova polémica… o uso de linguagem inapropriada

Por a 21 Setembro 2024 10:11

Já há algum tempo que não havia uma polémica na F1. E como a ação em pista é tão boa, ninguém sente falta do falatório fora de pista e talvez por isso a imaginação tenha faltado quando se iniciou esta. O uso do calão nas comunicações rádio está a ser, uma vez mais, referido e a FIA, pela voz do presidente, quer que os pilotos controlem a linguagem.

Um dos pilotos que mais usa o vernáculo para aumentar a expressividade das suas afirmações é Max Verstappen. O atual campeão de Fórmula 1, foi punido por usar linguagem ofensiva durante a conferência de imprensa antes do Grande Prémio de Singapura. O incidente ocorreu quando Verstappen descreveu a afinação do seu carro no Grande Prémio do Azerbaijão como “fo….”. Depois de analisarem o áudio e ouvirem Verstappen e os representantes da Red Bull, os comissários de pista consideraram a sua linguagem inadequada para fóruns públicos, violando as normas da FIA. Embora Verstappen tenha explicado que o inglês não é sua língua nativa e tenha pedido desculpas, os comissários enfatizaram que, como modelo, ele deve ter cuidado com a sua linguagem. Como penalização, Verstappen tem de cumprir um trabalho de serviço público.

O presidente da Associação de Pilotos de Grande Prémio, Alex Wurz, criticou o castigo aplicado. Wurz classificou a punição como “extraordinária”, argumentando que os pilotos devem poder se expressar, pois isso aumenta o apelo da F1. Ele também desaprovou a abordagem da FIA, observando que eles deveriam ter consultado os pilotos primeiro. Verstappen, embora se oponha à proibição de palavrões, concordou que as mensagens de rádio ofensivas não devem ser transmitidas. Tanto Wurz como Verstappen fazem uma distinção entre palavrões e abusos.

O diretor da equipa Ferrari, Frederic Vasseur, defendeu os pilotos que dizem palavrões pelo rádio durante as corridas, invocando o stress intenso a que estão sujeitos quando conduzem a alta velocidade. Argumentou que a sua atenção está centrada nas corridas e não no controlo da linguagem, comparando-a com outros desportos em que as conversas dos atletas não são transmitidas. O diretor da equipa Williams, James Vowles, concordou, reconhecendo que os pilotos reagem frequentemente de forma emocional durante as manobras perigosas. No entanto, Vowles sugeriu que, embora alguns palavrões em momentos de alta pressão sejam compreensíveis, devem ser evitados em situações mais calmas, como nas boxes ou nas voltas de abrandamento.

Será que esta questão é assim tão importante? É certo que o uso de linguagem imprópria, especialmente em prime time, deve ser evitado, pois um vasto público vê as corridas e é necessário encontrar um compromisso que permita que todas as culturas possam ver o espetáculo sem grandes problemas (uma exigência normal num desporto global). Mas estamos a falar de homens que competem a velocidades elevadas, com níveis de stress e adrenalina no pico. Quantas vezes usamos linguagem imprópria para classificar uma manobra exagerada de outros condutores no trânsito. É multiplicar (várias vezes) a velocidade, a intensidade e a adrenalina e teremos uma amostra pouco significativa do que se sente num cockpit de F1.

Corre-se o risco de deixarmos de ter as comunicações rádio, uma janela que todos gostam de espreitar, onde podemos ver um pouco mais da estratégia, do estado do espírito dos pilotos. É uma janela que, para quem se incomoda com o uso de linguagem menos própria, pode ser pouco agradável, mas ali temos a F1 sem filtros. É uma visão que muito poucos desportos dão. E noutros desportos, como o futebol, que é rei e senhor em quase todo o mundo, não faltam exemplos de jogadores e treinadores que usam linguagem imprópria. A única diferença é que (por vezes) não se ouve, mas não é preciso se um especialista em leitura dos lábios para entender o que se diz.

É possível fazer um esforço para evitar linguagem imprópria em alturas de menor stress. Mas em corrida, a última das preocupações dos pilotos deve ser como articular de forma correta a análise a uma situação, especialmente quando mais de metade da grelha não tem o inglês como língua materna e a sua escola foram as boxes de competição automóvel um pouco por todo o mundo. Locais conhecidos pela engenharia, pelo espírito de camaradagem e pelo espírito competitivo e não pela beleza das trocas de ideias dos seus interlocutores.

A F1 tem outros problemas que devem ser resolvidos antes de chegarmos à questão do vernáculo na comunicação dos pilotos. Um tema desnecessário numa fase interessantíssima do campeonato.

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2 Comentários
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garantia4
garantia4
3 horas atrás

Pura hipocrisia em relação ao rádio. Precisamente da parte de quem quis e nos atira com este espectáculo ‘voyeurístico’ . Portanto, ou aceitam a transmissão que nos impingem, ou então eliminem – na. Para quê querem transmitir isto para depois fingirem indignar- se?! -OT: – Todos a puxarem pelo Bortoleto e pelo Colapinto, e já sabemos que o hype da novidade é que cria cliques, e vai na volta o Bottas já terá renovado o contrato…. E a nova do mexicano que se vai embora por causa das responsabilidades parentais…Espantoso era vermos 1 artigo sobre o outro mexicano ir rodar… Ler mais »

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Reply to  garantia4
1 hora atrás

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