F1: A fabulosa história de Kevin Thomas, o britânico que restaurou dois carros de Fórmula 1

Por a 22 Agosto 2016 15:14

Um foi na sua garagem. O outro numa oficina comum. Kevin Thomas é um apaixonado pela Fórmula 1, sendo responsável, sem qualquer curso de engenharia ou de mecânica, pela construção de dois monolugares.

O primeiro, um Bar-Honda, é uma réplica do carro conduzido por Jacques Villeneuve em 2001, com Kevin a demorar cerca de quatro anos a construí-lo. O segundo é um Caterham CT05 de 2014, com a diferença de ter sido conduzido por Marcus Ericsson. É um carro real, ao contrário do primeiro, mas não menos trabalhoso dada a condição em que se encontrava quando foi adquirido.

“Não sei porquê, mas naquela tarde de domingo em que vi a réplica de um Fórmula 1 da Renault, apenas pensei: ‘Quero um. Eu quero um carro de Fórmula 1”, contou em 2013 à Top Gear.

O britânico construiu o carro de raiz, sem mapas, nem planos, nem esquemas. Olhando apenas para fotografias e pesquisando na internet. Foi aí que encontrou três chassis à venda, todos Bar-Honda, de 1999, 2000 e 2001: “Escolhi o BAR 003 de 2001  porque foi o período de maior sucesso da equipa nesses três anos”, explicou. O chassis em questão nunca realizou nenhuma prova, mas esteve como carro de reserva no GP da Austrália e depois “em mais seis ou sete corridas desse ano”.

Ao contrário da maioria das pessoas que compram peças de carros de Fórmula 1 e as colocam nas suas casas ou escritórios, Kevin queria realmente dar corpo ao chassis e transformá-lo num carro completo. “Tive que aprender tudo. E como não consegui obter todas as peças da BAR, tive que adaptar a maioria das coisas”, revelou.

Kevin Thomas Bar Honda

O fundo plano, por exemplo, é de um carro do ano 2000, e nao servia no chassis. “Vi alguns documentários na televisão sobre como fazer fibra de carbono. Comprei carradas de resina e fui para a minha garagem experimentar. Cometi imensos erros, mas consegui perceber o jeito…” Ou seja, houve peças que foram adaptadas ou construídas de raiz, e outras que vieram de equipas mais pequenas, o que não deixa de ser fascinante. Para consegui-lo, o inglês fez muitas viagens até Oxfordshire, onde estão baseadas muitas das estruturas da Fórmula 1, para comprar coisas que antigos funcionários receberam de borla como um presente após a sua saída das equipas.

O seu Bar-Honda é assim uma miscelânea de outros monolugares: a asa dianteira, traseira, pneus (os traseiros, cortesia de um Super Aguri), cobertura do motor, nariz e chassis vieram de diversos carros dos japoneses, enquanto os painéis laterais são de um Williams. A caixa de velocidades é da Jordan, ao passo que a suspensão é uma mistura de um Honda, Renault e Jordan. Já o volante é de uma Playstation com o logo da casa nipónica colado na frente. “Chegaram a propor-me um volante de um Honda de 2008, mas custava oito mil libras – o preço que eu paguei pelo carro todo!”

Kevin Thomas Bar Honda

À peça final faltava apenas o motor e muito conhecimento de engenharia: “Não era high-tech. Tinha bom aspeto derivado das peças, mas se o conduzisse aposto que se desfazia no primeiro gancho”. Foi aí que Kevin foi à procura de um ‘upgrade’ mais próximo das corridas. Desta vez encontrou outro BAR 003, chassis número cinco – o carro mais ou menos completo, mas novamente sem o motor. Tinha ‘pedigree’ também, uma vez que era o chassis que deu à equipa o seu primeiro pódio, o primeiro de dois de Jacques Villeneuve nessa temporada. No museu da Honda? Nada disso – no telhado de um clube noturno de Leeds!

“Tinha que o ter”, admitiu, sem revelar os detalhes da compra, adiantando apenas que teve que vender o seu BAR criado em casa e pedir um empréstimo. Olhando para o ebay, leilões semelhantes significam que a brincadeira custou-lhe qualquer coisa como 20 mil libras. Continua a faltar o motor, mas o resto está como novo. Este ano voltou a dar um novo passo, adquirindo um Caterham CT05. Este já não é uma réplica, antes o modelo que competiu em 2014 com o sueco Marcus Ericsson ao volante.

Kevin Thomas Caterham CT05

Com o fim da equipa de Tony Fernandes, depois de a Caterham pedir falência ao acumular cerca de 20 milhões de libras em dívidas, Kevin viu aqui a sua oportunidade de ouro para comprar o chassis #1 que disputou 11 corridas da Fórmula 1. O último acidente no Grande Prémio da Hungria desse ano condenou-o ao ostracismo (a Caterham até iniciou a sua reparação, mas ficou sem fundos para terminar a operação) até que este colecionador de carros optou por recuperá-lo a troco de 9982 libras, o preço desta raridade em bocadinhos.

Não será igual ao monolugar que competia, mas quem não gostaria de ter um igual, e poder dizer que foi feito pelas suas próprias mãos?
Interessado? Pode seguir os passos desta reconstrução aqui. Veja ainda a nossa galeria:

 

 

 

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