F1: A evolução que poderá fazer tremer a Aston Martin
A Aston Martin protagonizou o ano passado uma falsa partida, mas conseguiu recuperar competitivamente. Em 2023 a equipa que pretende se afirmar como uma força vencedora tem de dar obrigatoriamente um passo em frente, sob pena de se começarem a ver cisões na sua estrutura.
A formação que representa as cores do construtor britânico contava aproveitar o novo regulamento técnico introduzido em 2022 para se colocar no topo do Segundo Pelotão, mas apresentou um conceito errado e até ao Grande Prémio de Espanha não tinha mais que o nono carro mais rápido do plantel.
Apesar de uma falsa partida que implicou somar apenas dezoito pontos, dos cinquenta e cinco que apresentou no final da temporada, até ao meio do ano, a Aston Martin conseguiu recuperar e depois do Verão tinha, consistentemente, o sexto carro mais competitivo em pista, o que lhe permitiu ganhar terreno e, inclusivamente, ameaçar o sexto lugar no Campeonato de Construtores, terminando em sétimo com os mesmos pontos da Alfa Romeo.
Esta inversão de fortunas evidencia que a equipa de Silverstone tem uma departamento técnico capaz, liderado por Dan Fallows, que Lawrence Stroll foi buscar à Red Bull.
O técnico inglês não teve influência na concepção do AMR-22 original, mas foi determinante no desenvolvimento realizado que resultou num carro completamente diferente a tempo do Grande Prémio de Espanha, em Maio.
É sob a liderança de Fallows – que assumiu a comando do departamento técnico da Aston Martin, passando Andy Green para um papel fora da Fórmula 1, na Aston Martin Performance Technologies – que se espera que a equipa de Silverstone progrida e se aproxime, numa primeira fase, do topo do Segundo Pelotão, para depois ascender ao grupo das vencedoras, pelo menos este é o plano de Lawrence Stroll.
Mas, mais que um carro para lutar pela primazia atrás das ‘Três Grandes’, os homens da Aston Martin esperam que o AMR-23 assuma a filosofia para que a equipa cresça nos próximos anos e aproveite os recursos da nova fábrica e o massivo plano de contratações para se apresentar como uma força competitiva e vencedora a médio prazo.
Uma peça fundamental para o passo em frente que se espera verificar este ano por parte da formação britânica é Fernando Alonso.
O espanhol ocupa o lugar deixado vago por Sebastian Vettel, que abandonou a Fórmula 1, e por muito que se possa dizer do alemão, serão muito poucos, se alguns, aqueles que não veem nesta substituição um ‘upgrade’.
O tetracampeão desde há muito que estava longe do piloto que venceu quatro títulos com a Red Bull, já o bicampeão mundial da categoria parece ter a mesma fome de vencer que tinha quando chegou à Fórmula 1, ao passo que as suas capacidades dentro do carro, apesar dos seus 41 anos, parecem intactas, como se viu ao longo da temporada passada na Alpine.
Com Alonso, a Aston Martin terá a certeza de que, seja qual for o momento, o seu monolugar deste ano estará no máximo das suas capacidades, o que será de capital importância para perceber a competitividade do AMR-23 e, inclusivamente, para delinear caminhos para o desenvolvimento.
Porém, é sabido que o espanhol não deixa nada por dizer, por vezes até publicamente, e que apontará todos os pormenores que não estão de acordo com os seus elevados standards. Esta característica tem duas faces – por um lado, ajuda a equipa a crescer, se olhar para as críticas de Alonso de uma forma construtiva; por outro, se for demasiado frequente e contundente, poderá criar mau ambiente no seio da estrutura, levando a um abaixamento dos níveis motivacionais de todos os envolvidos.
Para além disso, a personalidade forte do espanhol pode entrar facilmente em confronto com Lawrence Stroll.
É evidente que o canadiano gosta que as coisas sejam feitas da sua forma, o que, por vezes, cria anticorpos que impedem que exista uma evolução da estrutura que pretende liderar.
Como já foi dito, Alonso não tem papas na língua e se entender que o Stroll Sr. está a envolver-se numa situação em que não deve, causando problemas na equipa, dificilmente ficará calado, ficando por saber qual a reacção do canadiano.
Acresce a isso perceber como Stroll reagirá, caso o seu filho, Lance Stroll, for batido consistentemente pelo espanhol, o que é altamente provável. Lawrence, pelo menos publicamente, ainda acredita que o seu protegido poderá ser um dia Campeão do Mundo.
No entanto, as dúvidas sobre o piloto canadiano, que vai já para a sua sétima temporada na Fórmula 1. Existem alguns relatos de cansaço de Stroll que poderão levar ao seu abandono da categoria, o que levou a que Felipe Drugovich tenha entrada na Aston Martin como terceiro piloto, pagando um bom punhado de milhões, esperando que o filho do patrão abra um lugar na equipa.
Apesar das dúvidas que pairam sobre Stroll, existe uma evolução no que diz respeito à dupla de pilotos, relativamente, ao passado, não sendo esperado um erro conceptual no carro, o que garante uma progressão relativamente a 2022. Fica por saber se o passo em frente que se verificará será suficiente para Alonso e, sobretudo, para Lawrence Stroll, podendo a desilusão de um, ou de ambos, ser determinante para o bom estar na Aston Martin.