Estratégia comercial da Fórmula 1 vai mudar?
Que a estratégia comercial engendrada por Ecclestone em tempos de fartura não está a resistir bem à crise que se instalou desde os finais de 2008 já toda a gente sabe, mas no seu estilo tradicional a Fórmula 1 está a demorar uma eternidade para reagir, continuando numa espécie de fuga para a frente que está a ter resultados nefastos.
A perda de três equipas nos últimos anos, das quais se recuperou apenas a Manor neste ano que está a terminar, fez com que pela primeira vez desde os anos 70 só tenhamos tido 20 carros à partida de cada Grande Prémio, quando há ainda poucos anos era comum termos grelhas de partida com 24 ou 26 monolugares. É claro que as equipas da frente são aquelas que têm mais seguidores, mas os adeptos mais conhecedores da F1 sempre apreciaram as lutas em todo o pelotão e até para quem pagou uma fortuna para comprar um bilhete, tem muito mais interesse ver 26 carros em ação do que apenas 20.
Com os circuitos tradicionais em grandes dificuldades para fazerem face às exigências de Ecclestone a busca de novos mercados não tem sido particularmente bem sucedida, pois poucos países têm investido verdadeiramente na construção de novos autódromos, salvo aqueles em que o poder político necessita de ações de relações publicas internacionais para se promover.
Mesmo fora da Europa há quem há muitos problemas, por exemplo, os responsáveis pelo circuito de Austin debatem com questões fiscais e políticos que os poderão forçar a abandonar o evento. Para os responsáveis do Circuit de Catalunya o futuro de Fernando Alonso é motivo de grande apreensão, pois temem que quando o asturiano abandonar a F1 a sua corrida registe uma enorme quebra de receitas, como aconteceu na Alemanha no pós-Schumacher. O ‘Ayuntamiento’ de Barcelona já reduziu para metade o apoio ao Circuito de Barcelona-Catalunha para 2016, e em Espanha já se diz “”a Fórmula 1 não é uma prioridade”. O seu contrato expira no final de 2016. Já Monza, salvou à última da hora com a aprovação de uma lei que salvou o Grande Prémio em Itália. Só essa alteração legislativa pode manter o Autódromo com os benefícios fiscais que o tornaram viável na última década.
Alienando o mercado tradicional da F1 – a Europa – sem ter conseguido conquistar novos mercados – Índia, Coreia do Sul e Turquia foram fiascos confirmados, enquanto no Bahrein, Rússia e Malásia as bancadas estão também às moscas…. – só a China dá alguma razão para Ecclestone continuar com a sua política, pois os últimos dois anos o numero de espetadores jovens subiu muito na corrida de Xangai.
Por isso não falta quem acredite que está na hora de regressar aos mercados tradicionais, com mais provas na Europa e em outros regiões com tradições no automobilismo – América do Norte e do Sul, África do Sul – abandonando países em que a F1 passa despercebida e que não acrescentam nada nem para os patrocinadores nem para os adeptos dos Grande Prémios. Até lá, mais do mesmo, introduz-se uma corrida como o Azerbeijão…
A galinha dos ovos de ouro não morreu, mas o seu estado de saúde inspira cuidados. Há que recuperá-la, regressar aos mercados tradicionais, dar mais aos espetadores, aos telespectadores e aos patrocinadores, ou correr o risco de num futuro próximo termos uma dúzia de corridas em países que ninguém quer visitar, em pistas sem qualquer tradição e… disponíveis apenas para uma pequena elite no ‘pay per view’.
Luis Vasconcelos
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Eu acho que o Bernie, mais que ninguém, sabe perfeitamente o caminho a ser tomado. Ele sabe que tem de tornar a F1 numa modalidade para as massas e não para a elite, e isso consegue-se entregando os direitos televisivos para canais que transmitam as corridas em sinal aberto, baixando os custos dos bilhetes, investindo nas novas tecnologias (nomeadamente nas redes sociais) na promoção da Fórmula 1 para com o público jovem e dando maior liberdade às equipas para que possam desenvolver um carro o mais singular possível, para além de voltar a dividir o bolo das receitas com medidas… Ler mais »