Como o GP de França regressou à Fórmula 1

Não foi muito fácil manter em segredo o regresso do Grande Prémio de França e, ainda por cima, ao Paul Ricard. Até porque parece que não foi fácil e levou alguns anos para que Christian Estrosi, o homem que remou mais que todos para conseguir o regresso da Fórmula 1 a França. Mas, quem é Christian Estrosi?

Os mais conhecedores lembram o seu passado como pilotos de motos, quatro vezes campeão de França entre 1974 e 1979 e vencedor de duas provas do Mundial de Motocilismo na classe 750 c.c.. Estrosi abandonou o liceu para ser piloto e, por isso mesmo, ganhou a alcunha de “motodidata”. Nascido em 1955 em Nice, o ex-piloto, agora com 62 anos, é um político que é o Presidente da Câmara de Nice desde 15 de maio de 2017.

Recuando o filme, a presença dos franceses na Fórmula 1 não tem sido particularmente entusiasmante e depois de não conseguir agregar interesses em redor da candidatura de França a um Grande Prémio, Estrosi teve de fazer charme a Bernie Ecclestone.

Tudo recebeu maior empenho quando Estrosi se candidatou à presidência da Câmara de Nice e ganhou o cargo e recuperou os elementos que formaram os dois últimos projetos falhados de fazer regressar a F1 a território gaulês. Além disso, aconselhou-se com Eric Bouiller e Cyril Abiteboul sobre a melhor forma de apresentar um caderno de encargos que fosse possível ser aceite por Ecclestone.

Depois, foi tempo de convencer todas as entidades da região para a importância do evento e de contribuir, financeiramente, para que o sonho fosse uma realidade. Com o caderno de encargos fechado e com o financiamento assegurado, Estrosi e a sua equipa apresentou o projeto a Bernie Ecclestone e, em outubro de 2016, estava na sede da FIA em Genebra. Segundo Estrosi, “foram precisos 10 minutos para que tudo ficasse acertado e apertássemos as mãos.”

Caso sui-generis: como sucede em todas as regiões francesas, há uma enorme autonomia e o projeto do GP de França no Paul Ricard é um projeto local que não tem nada a ver com o Governo francês.

Segundo Christian Estrosi, o contrato terá a duração de cinco anos e foi mais uma herança que Ecclestone deixou à Liberty Media.

Seja como for, a Fórmula 1 está de regresso ao Paul Ricard e a França depois de 10 anos de ausência do GP de França e de 28 anos sem visitar o traçado famoso pela reta Mistral e pela curva Signes.

O organizador do GP de França é a GIP (Grupo de Interesse Público) e conseguiu, junto com os donos do circuito, representado por Stephane Clair, remodelar as bancas para poder acolher 65 mil espetadores.

O problema é o tráfego, pois os acessos ao Paul Ricard são dramáticos! Segundo contou Estreosi ao site “Motorsport.com”, “foi criado um anel de distribuição de trânsito, há novos parques com 25 mil lugares, estando disponíveis navetes para levar e trazer as pessoas do circuito para esses parques.” Não será fácil…

Para Estrosi, há necessidade de criar um evento que apele aos espetadores e ás equipas e reavivar a paixão pela F1. O custo do GP de França, Christian Estrosi não quis revelar, mas lembrou que o retorno esperado em termos de impacto financeiro na região será de 65 milhões de euros.