Brabham BT46B/Alfa Romeo: O aspirador de serviço

Por a 27 Março 2020 15:13

O seu nome de guerra era Brabham BT46B/Alfa Romeo e foi mais um objeto da extrema criatividade de Gordon Murray. Estreou-se no GP da Suécia de 1978 e venceu aquela que foi a sua única corrida. A sua particularidade era uma ventoinha, colocada atrás do motor, que sugava o ar debaixo do carro. A equipa afirmou que a ventoinha estava ali para arrefecer o motor – mas ninguém acreditou.

A sua finalidade verdadeira era óbvia e incluía-se no âmbito da engenharia aerodinâmica. A prova nórdica não teve nenhuma particularidade – foi mesmo muito aborrecida. Quando Mário Andretti teve que abandonar, com problemas de motor, Niki Lauda ficou no comando e apenas teve que se esforçar por não vencer… com demasiada facilidade. Na verdade, este carro era tão eficaz que, nos treinos, os seus pilotos – Lauda e John Watson – andaram muito abaixo das suas possibilidades, para não darem nas vistas e assustarem a concorrência.

Mas o que fazia tão bom o BT46B?

A ventoinha era activada através da caixa de velocidades, por uma série de

eixos e embraiagens, sendo estas usadas para evitar que a ventoinha danificasse a caixa durante a passagem das mudanças.

Não foi fácil construir as pás da ventoinha nos primeiros testes, em Brands

Hatch, eram feitas de plástico, mas desintegraram- se por completo.

Seguiram-se versões em fibra de vidro e em magnésio, mas estas só ficaram prontas na semana antes da prova de Anderstorp.

Osistema funcionou de forma brilhante, criando uma tal sucção do ar

que o carro deslizava colado ao chão, como se fosse sobre carris.

Aliás, em algumas curvas os pilotos nem sequer levantavam o pé, tal a certeza de que o Brabham não se desviaria da sua rota! Quando parado nas boxes, era bem audível o ruído do seu funcionamento, que por vezes se sobrepunha ao do próprio motor. A ilegalidade era por demais evidente, contrariando as regras que diziam que artefactos aerodinâmicos não podiam, em nenhum caso, ser móveis.

Por isso, a FIA não teve qualquer dúvida em banir o curioso carro das pistas. Definitivamente! E, assim, Colin Chapman pode continuar a passear, sem oposição, o seu fenomenal Lotus 78 com efeito de solo.

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