Ayrton Senna, 30 anos: Quando o aluno bateu os ‘profes’ todos


Ayrton Senna era como todos o sabemos, um ganhador nato. Para ele apenas havia um objetivo: estar na frente, vencer. Tudo mais, não importava. Nem sequer a forma como isso era conseguido, conforme tantas vezes na sua carreira fez prova. Uma dessas vezes foi em Nürburgring quando, ao volante de um carro inferior ao que estava habituado a pilotar, bateu todos os seus pares na F1.

Nessa altura, a Mercedes tinha acabado de lançar no mercado o 190 E e, percebendo o alcance mediático e comercial de o associar a outra estreia, a do circuito de Nürburgring, que regressava à F1 após 17 anos de ausência, embora remodelado, não hesitou em colocá-lo à prova numa corrida em que participariam a maioria dos pilotos de F1 de então, bem como alguns convidados ilustres.

Assim, de repente, Ayrton Senna viu-se numa grelha de partida que incluía nomes como Stirling Moss, John Surtees, Phil Hill, Jack Brabham, James Hunt, Klaus Ludwig, Carlos Reutemann, e também os seus bem conhecidos Niki Lauda, Jacques Laffite, Elio de Angelis ou Alain Prost. Aliás, foi o próprio Prost quem o levou desde o aeroporto e foram conversando animadamente, durante os mais de 100 quilómetros da viagem, enquanto o francês conduzia a 240 km/h na autoestrada. Mais tarde, Prost descreveu-o como “um rapaz muito tímido”.

Na corrida, o ‘rapaz tímido’ ficou na primeira linha, mesmo a seu lado. E, mal começou a corrida, começou também um dos maiores duelos de que houve memória – e o primeiro entre ambos. No final das 12 voltas, Senna ganhou, batendo Lauda e Reutemann; Prost foi apenas 11º

classificado, iniciando desde logo aquilo que os iria juntar e separar para sempre: “Senna queimou a largada” – confessou, em Março de 2003.

Antes, tinha garantido ao seu amigo Nigel Roebuck que Senna o tinha tentado atirar para fora da pista, a meio da primeira volta. Em resultado, o francês comentou, anos depois, que “Senna não me queria vencer. Ele sempre quis me destruir.”

Hélio Rodrigues, In Memoriam

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