» Textos: Hélio Rodrigues, In Memoriam

 

Ayrton Senna, 30 anos, GP do Brasil: sofrer a sofrer a sério


Ayrton Senna não foi muito feliz no ‘seu’ GP do Brasil. Fez Pole Positions, liderou dezenas de voltas, teve acidentes e chegou a ser desclassificado – e só à 8ª tentativa, em 1991, conseguiu subir ao lugar mais alto do pódio. Mas, mesmo assim, a sua foi uma tarefa digna de Hércules.

A prova teve lugar três dias depois de ter festejado o seu 31º aniversário – esmagando o bolo na cara de Jo Ramirez, para gáudio de todos os presentes. Nova Pole e liderança incontornável que chegou aos 40s sobre Nelson Piquet. Então, a partir de meio da prova começou a ficar sem relações na caixa de velocidades até que ficou somente com a 6ª velocidade operacional. E foi assim, que fez o resto da corrida, fazendo mesmo voltas à pista em 1m25s, coisa em que Piquet não acreditou… até ver os registos da telemetria de bordo do McLaren!

Apesar de ver a sua vantagem diminuir de forma dramática, da mesma forma dramática Senna conseguiu manter o comando, cortando a meta finalmente como vencedor em sua casa. De tão extenuado que ficou, quase desmaiou no pódio e mal conseguiu erguer o troféu: “Nas últimas duas voltas comecei a ficar zonzo” – explicou ele mais tarde. “Tinha que fazer um esforço enorme para travar no final das retas, pois não tinha ajuda do motor e, com o piso um pouco molhado, foi um sufoco para não sair da pista.” Na volta de honra com o McLaren a baixa velocidade, o motor ‘morreu’ e Senna ficou parado na pista. Imóvel no cockpit confessou depois que “as dores nos ombros e de lado eram tremendas. Não sabia se havia de rir, de gritar ou de chorar. Não sabia o que fazer. Foi o Wilson [Fittipaldi] quem me ajudou a sair do carro e levaram-me para o pódio.”

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