Alpine: ambição redobrada na Fórmula 1
A recente revolução operada pela administração da Renault na Alpine, levando à troca de Laurent Rossi como CEO, que teve impacto direto na equipa de Fórmula 1, com o fim de relação contratual com Otmar Szafnauer e Alan Permane, assim como a falta de resultados condizentes com o plano pré-determinado pelos franceses, têm levado a uma série de rumores sobre a possível venda da equipa de F1.
No entanto, mais do que nunca, os sinais dados pela Alpine parecem ir numa direção contrária.
Helmut Marko, no final do GP da Bélgica, afirmou que a venda da Alpine à Andretti Autosport beneficiava todos os intervenientes: a Renault porque continuaria a fornecer motores na Fórmula 1 e Michael Andretti conseguiria entrar no mundial da FIA sem qualquer contestação das outras equipas. No entanto, esta é a opinião parcial do consultor da Red Bull, que quando é chamado a fazer qualquer consideração, defende – e bem – a sua dama. Neste cenário, as 10 atuais equipas não teriam de dividir o bónus da F1, uma vez que se mantinham apenas este número de estruturas no paddock e o processo iniciado pela FIA, assim como a própria entidade federativa, perdia força. Também é verdade que a Renault andou anos com um pé fora e outro dentro da F1, mas não perdeu o contacto com a disciplina através do seu fornecimento de motores.
Os tempos são outros e pela primeira vez na história da F1, as equipas podem imaginar o seu negócio a dar lucro. E por isso, é muito difícil uma estrutura vender os direitos de operação na competição, principalmente uma que é apoiada diretamente por um construtor automóvel com peso no mercado. Pelo contrário, as marcas estão a querer apostar na F1, como se vê pela Audi e pelo, menos bem sucedido, projeto da Porsche.
A Alpine tem investido em Enstone, na sua fábrica onde são desenvolvidos os chassis da Fórmula 1, preferindo evoluir as antigas instalações ao contrário do que fez a Aston Martin, que constrói uma nova fábrica em Silverstone.
A fábrica de Enstone “estava longe, muito longe do que deveria ser”, assumiu Rob White, gestor destas infraestruturas da Alpine, ao Motorsport-Total.com, admitindo que ainda há “ambições em relação aos equipamentos e infraestruturas”. Ao que se refere White é ao novo simulador que já está a ser construído no campus de Enstone e está no topo da lista de tarefas. A Alpine, como por exemplo estava a McLaren, está muito atrasada nesta importante ferramenta.
Um outro passo importante para a equipa já foi dado. Uma sala de maquete digital ou virtual, permite à equipa desenhar e redesenhar componentes sem gastar mais recursos. Como é óbvio, precisa de atualizações e não são baratas, mas por aí se vê o nível de investimento de uma equipa que é apontada, por exemplo, por Karun Chandhok como num caminho que a possa levar ao fim da sua participação na F1.
Como referimos antes, os sinais são contrários a este cenário de ‘deitar a toalha ao chão’. Parece faltar liderança e um rumo claro a seguir e há equipas que estiveram sob imensa pressão e que foram mais ágeis no seu desenvolvimento, mas não parece que a Alpine encerre a sua atividade na F1.
Foto: Zak Mauger / LAT Images