A real possibilidade do GP de Portugal de Fórmula 1
Por Jorge Girão
O Campeonato do Mundo de Fórmula 1 está a viver o seu período mais difícil desde que nasceu há setenta anos, tendo de recorrer a todas as soluções para garantir um calendário de, pelo menos, quinze provas, o que poderá obrigar a FOM a recorrer a Portugal para o garantir…
Estamos a meio de Abril e deveríamos ter já três Grandes Prémios disputados, mas até agora nem por uma vez vimos os mais recentes carros de Fórmula 1 a rodarem no máximo do seu potencial.
Mais preocupante ainda, os seis próximos eventos foram já adiados ou cancelados, como é o caso do Mónaco que, pela primeira vez desde 1953, não se realizará.
A primeira prova agendada é, ainda, o Grande Prémio de França, a 28 de Junho, mas a actual situação no país gaulês aponta para que a realização da prova de Paul Ricard esteja em risco, pelo menos na data prevista.
A situação é claramente preocupante, para dizer o mínimo…
A luz ao fundo do túnel vem da Áustria, onde se dá um início a um relaxamento das medidas de constrangimento social, parecendo ser o primeiro país em situação capaz de poder realizar um Grande Prémio. Contudo, para duas semanas depois está planeado o Grande Prémio da Grã-Bretanha, zona para onde os especialistas projectam a maior letalidade da Europa, o que torna difícil que Silverstone realize a sua prova a 19 de Julho.
A FOM tem, portanto, um verdadeiro quebra-cabeças pela frente para montar um calendário de, pelo menos, quinze corridas até ao final do ano, ou mais tardar Janeiro de 2021, tendo até tirado do website oficial do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 a página que tinha o escalonamento das provas deste ano.
Como já foi avançado por Ross Brawn, se o mundial arrancar em Julho, será possível realizar dezanove corridas, recorrendo a blocos de três provas seguidas, mas para isso acontecer terá de existir a garantia de que os países visitados estejam em condições de receber o Grande Circo, o que será determinante para que, no mínimo, sejam asseguradas quinze provas.
Este é um número importante para a FOM, uma vez que é o limite mínimo para que os contratos com as cadeias de televisão para a transmissão dos Grandes Prémios sejam cumpridos.
Esta é a parcela mais importante dos lucros da FOM, tendo no ano passado sido responsável por mais de 38% dos proveitos do grupo que gere os direitos comerciais da categoria máxima do desporto automóvel. Isto significa que a Fórmula 1 perderá mais de quarenta e cinco milhões de euros por cada prova que fique abaixo do mínimo das quinze, o que poderá obrigar os homens da Liberty a recorrer a um circuito para efectuar um Grande Prémio sem que este seja obrigado a pagar pelo direito de ter uma corrida da competição máximo do automobilismo, que custa em média cerca de trinta milhões de euros, só para conter os prejuízos.
É neste cenário que Portugal poderá ser uma opção para albergar um Grande Prémio de Fórmula 1.
O nosso país está a contrariar eficazmente a disseminação da COVID-19, tendo já alcançado o pico de epidemia, atravessando agora o propalado planalto, o que lhe permitirá começar a relaxar a medidas de confinamento social a partir de Maio. Existe da parte de diversos quadrantes nacionais o desejo de retomar o normal desenrolar da vida em sociedade, ainda que com cuidados na interação entre as pessoas, e dos diferentes sectores económicos, o que coloca Portugal em melhor situação que alguns países europeus para assumir a realização de uma corrida de Fórmula 1.
Tanto o Autódromo do Estoril como o Autódromo Internacional do Algarve têm homologação para poder organizar uma prova da categoria máxima, mas o mais antigo circuito permanente português envelheceu com o passar dos anos e hoje não tem as infraestruturas de apoio para albergar um Grande Prémio de Fórmula 1, sendo por isso uma opção difícil de concretizar.
Já a pista situada nos arredores Portimão foi concebida com a Fórmula 1 em mente, oferecendo todas as exigências necessárias para equipas, organização e espectadores, o que a torna numa possibilidade válida.
Para além disso, o clima algarvio, mesmo em Dezembro, tem temperaturas médias semelhantes às que se vivem em Silverstone em Julho, mês do Grande Prémio da Grã-Bretanha, e uma pluviosidade média inferior, o que permite uma maior adaptação a um calendário que será feito de situações de recurso.
Acresce ainda que, caso a situação sanitária espoletada pela pandemia da COVID-19 esteja devidamente controlada, um Grande Prémio de Portugal no Algarve poderia até ser uma forma efectiva de mostrar ao mundo que esta zona turística estaria pronta para poder voltar a receber o turismo pela qual é conhecida, o que potenciaria a economia local.
Paulo Pinheiro mostra abertura, assumindo gostar de ver o seu circuito a ser o palco de um Grande Prémio, muito embora, admita que as questões financeiras poderão ser um óbice. “Teremos sempre o interesse óbvio em receber uma corrida de Fórmula 1, mas não há milagres…Um Grande Prémio tem um custo enorme, que é normalmente suportado pelas entidades publicas e não nos parece que, naturalmente, essa seja a prioridade, agora, nos países com problemas económicos gerados pelo COVID-19”, afirmou ao AutoSport o CEO da Parkalgar, a empresa que gere o Autódromo Internacional do Algarve.
Pinheiro reconhece que o nosso país não tem muita receptividade a apoiar uma prova da categoria máxima, sublinhando que corridas sem público não seria uma solução vantajosa, dado que a venda de bilhetes é a única fonte de receitas dos promotores de Grandes Prémios. “Em Portugal não há forma de obter apoios para uma corrida de Fórmula 1, quando especialmente neste momento, a previsão é que a maior parte das corridas sejam à porta fechada para o público… Portanto, um modelo de negócio que para os promotores privados não interessa como é facilmente compreensível”, sublinhou o responsável pelo Autódromo Internacional do Algarve.
No entanto, existem já alguns rumores que apontam para que a FOM faça descontos substanciais aos Grandes Prémios realizados sem público e, para além disso, se for necessário um circuito fora do calendário para alcançar o mínimo das quinze provas, o Autódromo Internacional do Algarve fica numa posição privilegiada, o que poderá dar a Paulo Pinheiro as garantias financeiras para garantir o seu desejo.
Não é uma certeza, mas face à situação actual, o regresso do Grande Prémio de Portugal é uma possibilidade real…
Se não tiver de pagar os tais trinta milhões, será, de facto uma real possibilidade.
Entrando no domínio da especulação, será que a homologação do AIA há tão pouco tempo, e já no decurso da pandemia, não foi já a pensar na necessidade de encontrar alternativas? É que o circuito já tem uns anitos, porquê justamente agora é que o homologaram?
O CEO do AiA até sempre foi um ‘ilusionista’. Desta vez está com os pés no chão porque sabe bem onde está, como estamos e como não sabemos como viremos a estar. Assim no geral é assunto inabordável. Agora se a FOM vier e pagar, ‘agua, luz, gás, renda e condomínio’, trazem a mobilia e a comida for cozinhada por eles, e ainda deixam uma gorgeta, é outra ideia. Que o AiA têm lá na parede do escritório o diploma Grau 1 FIA á pouco tempo, é verdade, e já o podiam ter á mais tempo… Mas que o Costa… Ler mais »