A importância dos túneis de vento na Fórmula 1
Um dos pontos interessantes da pré-época de F1 é o trabalho que as equipas de Fórmula 1 fazem no túnel de vento, situação que é contada “ao minuto” pois a sua utilização é totalmente controlada pela FIA de modo a que as equipas que tiverem mais meios, possam tirar daí vantagem em pista. Seja como for, isso sucede sempre, pois tudo conta. E porquê? Porque há equipas que dominam melhor todos os parâmetros que explicamos a seguir, ou que têm ‘cérebros’ melhores para ‘saltar degraus’ e ganhar tempo.
É como tudo na vida, especialmente no desporto, quem tem os melhores, normalmente, ganha…
A correlação entre o desempenho do carro de F1 em túnel de vento e na pista é um tópico complexo e multifacetado, com diversos fatores influenciando a relação entre os resultados obtidos em testes e o desempenho real em corrida.
Fatores que contribuem para uma boa correlação:
- Precisão do túnel de vento:
A calibração e validação rigorosas são muito importantes para garantir a precisão das medições aerodinâmicas.
A modelagem precisa do carro e dos componentes, incluindo pneus e suspensão é indispensável, pois qualquer erro a este nível pode fazer alterar os resultados. A simulação realista das condições de pista, como temperatura, pressão e vento são importantes, e este é um ponto muito difícil de alcançar pois as incógnitas são quase ilimitadas.
- Técnicas de teste adequadas:
A seleção de testes que representem os cenários reais de corrida, como diferentes velocidades, ângulos de ataque e configurações aerodinâmicas são primordiais, e tendo em conta o tempo disponível que as equipas têm, há sempre que fazer compromissos, pois não podem testar todas as situações.
Por outro lado é necessário uma boa aquisição de dados precisos e confiáveis durante os testes, e esta é das partes mais fáceis bem como a sua análise cuidadosa dos resultados para identificar áreas de melhoria no desempenho do carro. Mas é trabalhoso.
- Correlação com dados de pista:
A comparação dos resultados do túnel de vento com dados de telemetria reunidos durante os treinos e corridas é muito importante pois é a única forma de se aproximarem mais rapidamente da otimização do carro, cuma afinação será sempre um compromisso, pois para ser perfeito o carro teria que mudar a cada curva ou a cada mudança de temperatura e isso é impossível. Daí os compromissos mais aproximados possível para potenciar o melhor tempo por volta.
Num ponto que se refere ao anterior, é importante a boa identificação de discrepâncias e ajuste dos modelos e técnicas de teste para melhorar a correlação.
Uso de ferramentas computacionais avançadas para simular o comportamento aerodinâmico do carro em diferentes condições. Daí as equipas estarem cada vez mais a trabalhar sistema tipo AWS (Amazon Web Services, também conhecido como AWS, é uma plataforma de serviços de computação em nuvem, para mais poder de processamento de dados)
Mas também há muitos desafios na correlação do túnel de vento com a pista:
- Complexidade da aerodinâmica: A aerodinâmica da F1 é extremamente complexa e influenciada por diversos fatores, como turbulência, interação entre diferentes partes do carro e condições climáticas.
- Limitações do túnel de vento: Túneis de vento não são capazes de replicar perfeitamente as condições reais de pista, como rajadas de vento e mudanças na temperatura.
- Dificuldade em prever o comportamento dos pneus: O comportamento dos pneus em diferentes condições pode ter um impacto significativo no desempenho do carro, e é difícil de prever com precisão em túnel de vento.
Entre os exemplos de como as equipas de F1 usam o túnel de vento está o teste de diferentes configurações aerodinâmicas, pois as equipas usam o túnel de vento para testar diferentes configurações de asas, ‘bargeboards’, difusores e outros componentes aerodinâmicos para otimizar o desempenho do carro.
O túnel de vento pode ser ainda usado para avaliar a eficiência do sistema de arrefecimento do carro e garantir que o motor opere dentro da temperatura ideal.
Desenvolver novos conceitos de carro: As equipas podem usar o túnel de vento para testar novos conceitos de carro antes de construí-los e testá-los em pista. Em resumo, o túnel de vento é uma ferramenta valiosa para as equipas de F1 desenvolverem carros mais rápidos e eficientes. No entanto, a correlação entre os resultados do túnel de vento e o desempenho real em pista está longe de ser perfeita e existem diversos desafios que as equipas precisam superar para melhorar a fiabilidade dos testes. Quanto mais parâmetros acertarem, melhor será a correlação e melhor informação terão as equipas para afinar os seus carros sendo que um carro menos bom, bem afinado, pode suplantar um excelente carro com má afinação.