F1: A Alpine e os desafios que representam Gasly & Ocon

Por a 20 Fevereiro 2023 14:18

A Alpine é uma das equipas sobre as quais existe uma enorme expectativa este ano, esperando-se que possa dar um passo em frente no que diz respeito à competitividade, mas como em todos os casos existem algumas questões que precisam de ser geridas.

A equipa do construtor francês terminou a temporada passada na quarta posição do Campeonato de Construtores, depois de uma intensa luta com a McLaren que se estendeu até ao derradeiro Grande Prémio da temporada.

Ao longo da época passada, em média, o Alpine parecia ser ligeiramente mais forte que o carro da equipa inglesa, mas inúmeros problemas de fiabilidade na unidade de potência de Viry-Châtillon, impediram a equipa de concretizar o potencial do seu monolugar, sobretudo através de Fernando Alonso, que foi quem mais sofreu problemas terminais dos dois homens da formação sediada em Enstone.

No que diz respeito a resultados, a Alpine tinha performance no carro para mais, porém, estava longe de poder incomodar as ‘Três Grandes’ e a McLaren também teve os seus problemas – principalmente, pontuava quase apenas com um piloto – o que evidencia que a tem ainda um longo caminho a percorrer até poder incomodar a Red Bull, Ferrari e Mercedes, em circunstâncias normais.

Os homens da equipa de Enstone estão conscientes da jornada que têm pela frente e que não é aceitável colocar como objectivo alcançar as três estruturas da frente este ano, seria uma receita para a frustração e a perda de motivação, mas têm desideratos ambiciosos para 2023 que passam por reassegurar o quarto posto do Campeonato de Construtores, e ficar mais próxima pontualmente da terceira classificada que das suas perseguidoras.

Pode parecer um objectivo fácil de alcançar, mas se olharmos para a classificação do ano passado, percebemos que a Alpine ficou no quarto posto a trezentos e quarenta e dois pontos da Mercedes, a terceira, tendo uma vantagem de apenas catorze para a McLaren.

Mesmo se considerarmos que os problemas de fiabilidade custaram à equipa de Enstone cento e cinquenta pontos, numa estimativa optimista, a Alpine ficaria aquém do seu objectivo para este ano.

Resolver as questões técnicas que custaram pontos aos seus pilotos durante 2022 é imperativo, e o trabalho em Viry-Châtillon terá sido árduo para solucionar os problemas do V6 turbohíbridos sem perder performance e, de preferência, ganhara alguma.

Mas mesmo isso não chega, sendo obrigatório que os homens do departamento de chassis encontrem soluções para que o A523 dê um salto competitivo relativamente ao seu antecessor.

Ao longo da temporada passada os técnicos de Enstone mostraram uma boa capacidade de desenvolvimento, o que indica que têm um bom entendimento do novo regulamento técnico e do carro que tinha entre mãos, tendo ainda as referências correctas nas suas ferramentas de simulação para poder evoluir.

Existe, portanto, a expectativa de ver a Alpine evoluir tecnicamente, mas a Aston Martin e a McLaren não estiveram quietas durante o defeso e estão determinadas em apagar as temporadas menos conseguidas em 2022.

Mas se existe alguma confiança quanto à capacidade dos departamentos técnicos da equipa do construtor gaulês, no campo dos pilotos poderá haver algumas dúvidas.

A Alpine perdeu Alonso, que foi substituído por Pierre Gasly, depois de Oscar Piastri ter recusado um contracto com a equipa que o formou.

O espanhol terminou o Campeonato de Pilotos atrás de Esteban Ocon, com menos onze pontos que o seu colega de equipa, mas foi quem mais sofreu problemas de fiabilidade ao longo da temporada, sendo habitualmente o piloto da Alpine de quem se esperavam os melhores resultados, sobretudo em corrida.

O bicampeão mundial de Fórmula 1 era o piloto da equipa que chegava consistentemente ao potencial do A522, ao passo que Ocon por vezes perdia-se, enredando-se diversas vezes em questões que passam por encontrar problemas técnicos no seu carro que os engenheiros ao seu redor não vislumbravam.

A saída de Alonso poderá ser uma perda dura para a Alpine, com um impacto importante nos resultados da equipa, até porque Gasly poderá não ser um substituto à altura do espanhol.

O francês já mostrou ser capaz de performances notáveis, basta recordar a sua vitória no Grande Prémio de Itália de 2020, mas por vezes, à semelhança do seu novo colega de equipa, perde-se, desaparecendo do mapa, o que o leva a performances menos conseguidas.

A Alpine, sem uma referência forte, pode encontrar-se numa situação em que nenhum dos seus pilotos está no potencial do seu carro, levando a que a equipa se possa perder tecnicamente e tome caminhos errados no desenvolvimento.

Para além disso, sabe-se que os Ocon e Gasly têm um passado que levou a um azedar da relação entre ambos, podendo qualquer pormenor espoletar uma guerra civil na equipa, o que poderá não ser tão difícil de ocorrer como poderá parecer, uma vez que o veterano da Alpine tem por característica bater-se duramente em pista com os seus colegas de equipa.

A equipa do construtor gaulês parece estar numa fase de evolução técnica, o que poderá garantir uma melhor máquina para que os seus pilotos se possam bater em pista com os seus adversários, mas estes terão de mostrar mais consistência do que alguma vez evidenciaram nas suas carreiras e, principalmente, evitar querelas entre eles. A Alpine está mais dependente de Ocon e Gasly que qualquer outra equipa dos seus respectivos pilotos.

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1 Comentário
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alvesba22020_gmail_com
alvesba22020_gmail_com
1 ano atrás

Um line up espetacular… Não fossem os dois serem tão “amigos”.
Expectante será um eufemismo, uma vez que estou mais para o receoso com o que esta dupla poderá fazer… Um ao outro.
Esperemos que já tenham a experiência suficiente para por a equipa acima da sua relação

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