As Lendas do Rali Vinho Madeira: rica história
O palmarés do Rali Vinho Madeira conta alguma da história da prova, mas há muito mais por trás. Numa altura em que no Funchal já quase só se pensa na edição deste ano, importa recordar um pouco a história desta mítica prova, recordando as suas principais ‘lendas’.
Nascida em 1959, a Volta à Ilha da Madeira, agora Rali Vinho Madeira, vai para a sua 61ª edição, sendo mesmo a mais antiga prova do calendário do Campeonato de Portugal de Ralis. Fique com algumas ‘lendas’ de grandes pilotos, portugueses e estrangeiros, que passaram pela Madeira, bem como carros míticos que fizeram história na prova.
PORTUGUESES
Américo Nunes
Um dos nomes que durante muitos anos foi sinónimo da Volta à Ilha da Madeira, antiga denominação do Rali Vinho da Madeira, foi o de Américo Nunes. O piloto, nascido em 1928 em Lisboa venceu a prova madeirense em quatro ocasiões, entre 1968 e 1970 e ainda em 1977. O piloto subiu ao pódio ainda mais duas vezes, em 1971 e 1972, e cometeu a proeza de ser o único concorrente a terminar a prova madeirense em 1969. O nome de Américo Nunes também esteve sempre ligado aos Porsche. Entre 1962 e 1966 tripulou um Porsche 356 e passou para os comandos do mítico Porsche 911S em 1967. Foi nove vezes campeão nacional e venceu provas entre 1965 e 1978. Em 1980 realizou a sua última temporada a tempo inteiro e acabou por se retirar do automobilismo em 1983. O piloto da Bomba Verde faleceu no final de 2015, vítima de doença prolongada.
“Janica” Clemente
Durante muitos anos, “Janica” Clemente foi o último madeirense a vencer a Volta à Ilha da Madeira, primeira denominação do Rali Vinho da Madeira. O piloto conseguiu o feito em 1975 na edição que sucedeu um hiato na realização do evento devido à crise petrolífera de 1974. Só quase 30 anos depois, Vítor Sá conseguiria o mesmo. O triunfo do piloto só veio reforçar a sua popularidade no arquipélago pois já era muito apreciado não só pela sua amabilidade como pela sua condução espetacular, com muitos power slides.
João “Janica” Clemente Aguiar nasceu no Funchal no final da década de 1930 e nos ralis construiu uma carreira sempre associado à Ford. Os seus principais resultados foram conquistados na década de 1970 com viaturas como o Ford Cortina Lotus e as duas versões do Ford Escort RS 1600. Tal como muitos outros pilotos madeirenses na altura, também obteve boas classificações em ralis disputados no arquipélago das Canárias. O piloto retirou-se bastante cedo das competições e veio a falecer no começo de 2018, vítima de doença prolongada.
“Zeca” Cunha
O primeiro piloto a conseguir vencer a Volta à Ilha da Madeira, antiga denominação do Rali Vinho da Madeira, foi “Zeca” Cunha. O piloto conseguiu a proeza em 1965 com um Triumph TR4. Para além de uma rapidez muito grande, Cunha tinha uma postura irreverente que ajudou a construir a sua fama. O piloto foi para toda uma geração um símbolo de velocidade e também um exemplo de irreverência e comportamento dissonante dos cânones da altura. “Zeca” Cunha nasceu em 1944 e começou a prática de automobilismo no começo da década de 1960. Esteve ao volante de viaturas como o Triumph TR4 com que venceu o Rali, Ford Cortina Lotus, Renault 8 Gordini, volvo PV544 e Opel GT. A sua velocidade chamou a atenção dos responsáveis pela Gordini que lhe endereçaram um convite para correr para aquela filial da Renault no estrangeiro. O piloto faleceu na segunda metade dos anos 1980 de morte súbita.
PILOTOS INTERNACIONAIS
Carlos Sainz
Carlos Sainz não venceu o Rali Vinho da Madeira quando esteve presente na ilha mas a sua condução jamais foi esquecida pelos madeirenses. O piloto espanhol participou na edição de 1986 com um Renault 5 Turbo Maxi e foi o único a bater em algumas ocasiões o futuro vencedor do evento, o italiano Fabrizio Tabaton num Lancia Delta S4. Sainz entusiasmou todo o público com o seu desempenho numa viatura de tração traseira mas viria a desistir, sensivelmente a meio da prova, devido a um princípio de incêndio na viatura com as cores da filial espanhola da Renault.
Hoje com 62 anos de idade, Carlos Sainz iniciou-se no automobilismo em provas de velocidade e só em 1980 deu os seus primeiros passos nos ralis. A Madeira figurou nas primeiras internacionalizações do piloto de Madrid que, também em Portugal mas em 1987, começou a impressionar no WRC. Passou depois por inúmeras marcas e muitos modelos de viatura até deixar os ralis em 2005. Pelo caminho, foi campeão mundial em 1990 e 1992 e já havia sido campeão de Espanha em 1987 e 1988. Atualmente é consultor de vários construtores no desenvolvimento de novos modelos de competição.
Andrea Aghini
A popularidade de Andrea Aghini na Madeira teve início com a sua estreia vitoriosa no Rali em 1992 a bordo de um vistoso “Deltona” da Martini Racing. Uma saída de estrada televisionada no ano seguinte também contribuiu para que ficasse cada vez mais conhecido. O italiano sempre foi muito rápido nas estradas da ilha e conseguiria obter mais três triunfos, em 1994 com um Toyota Celica, em 1998 com um Toyota Corolla WRC e ainda em 2002 com um Peugeot 206 WRC. Sendo um dos recordistas de vitórias na prova, foi o único a conseguir, em 1994, a proeza de vencer todas as provas especiais de uma edição.
Agora com 56 anos de idade, Aghini começou nos ralis em 1983 com um Autobianchi A112 Abarth. Em 1987 tripulou um Peugeot 205 GTi e integrou a equipa da marca francesa no seu país entre 1988 e 1991 com os modelos 309 GTi e 405 Mi16. Chamou a tenção da Lancia e defendeu as cores oficiais em 1992, ano em que obteve a sua única vitória no WRC, e 1993. Posteriormente esteve ligado às equipa Grifone, com Toyota, Procar, com Subaru. Participu com os mais variados modelos de forma regular até 2011 e fez as suas duas últimas aparições em 2017 e 2018.
Patrick Snijers
Patrick Snijers foi um dos pilotos que mais vezes participou no Rali Vinho da Madeira. O belga estreou-se na ilha em 1983 com um Porsche 911SC e a sua última presença na prova foi em 1996. Snijers parecia condenado a ser o eterno segundo classificado pois foi essa a sua classificação em 1983 e 1984 (Porsche 911SC) e 1986 (Lancia 037). Apesar de voltar a ser segundo em 1994, o piloto conseguiu mesmo vencer o evento e em duas ocasiões, em 1988 com um BMW M3 e em 1993 com um Ford Escort RS Cosworth.
Atualmente com 62 anos de idade, o belga iniciou-se nos ralis em 1976 com um Toyota Corolla mas já tripulou também carros tão díspares quanto um Opel Kadett GT/E, Ford Escort RS 1800, Lancia Delta HF, Toyota Celica, Peugeot 207 S2000, Mini JCW WRC ou, mais recentemente, VW Polo GTi R5.Snijers foi campeão europeu em 1994 e obteve o título na Bélgica sete vezes entre 1983 e 1994. Ainda participa em ralis com um Porsche 997 GT3 e este ano já subiu ao pódio no Rallye de Hannut.
Massimo Biasion
Massimo Biasion é um dos nomes mais famosos a passar pelo Rali Vinho da Madeira. O italiano passou pela ilha em plena ascensão de carreira e não teve dificuldade em vencer a edição de 1983, ano em que viria também a se sagrar campeão europeu. “Miki” Biasion tripulou na ocasião um Lancia 037 com as cores da Totip e preparado pelo Jolly Club, na altura uma academia de formação do grupo Fiat nos ralis.
Biasion nasceu em 1958 em Bassano del Grappa e iniciou-se nos ralis no final dos anos 1970. Conduziu Opel Kadett GT/E e Opel Ascona 400 e integrou a equipa Conrero, braço transalpino da marca alemã. Entre 1983 e 1991 foi piloto Lancia e, após muitas vitórias, juntou ao título europeu os títulos mundiais de 1988 e 1989. Esteve posteriormente ligado à Ford, terminando a sua carreira no WRC em 1994 após 17 vitórias e 40 pódios. Nos últimos anos participa esporadicamente em ralis e foi piloto assíduo do Dakar.
Henri Toivonen
Henri Toivonen é um dos nomes mágicos dos ralis e também um, como muitos outros, que fazem parte da história do Rali Vinho da Madeira. O finlandês passou pela Madeira em 1984, numa fase de impasse da sua carreira mundial, e levou o Porsche 911 SC com as bonitas cores do seu patrocinador ao lugar mais alto do pódio. Esse acabaria por ser um dos últimos triunfos do piloto num ano em que foi apenas segundo classificado no Europeu com o exigente modelo que tripulava.
Toivonen nasceu em agosto de 1956 e começou nos ralis em 1975 com um Simca Rallye 2. Tripulou vários outros carros em que deu nas vistas e foi recrutado pela equipa Talbot para tripular um dos Sunbeam Lotus com que viria a vencer o Ralyi RAC. Passou depois pela Opel com um Opel Manta 400 que, como posteriormente com o Porsche, não era um carro competitivo na altura. Em 1984 passou para a poderosa equipa Lancia e demorou algum tempo a obter resultados. Já com o Lancia Delta S4, voltou a vencer o Rally RAC em 1985 e o Monte Carlo de 1986. Viria a falecer em maio desse ano depois duma saída de estrada na Volta à Córsega.
Ari Vatanen
Foi um dos primeiros “finlandeses voadores” e passou pela Madeira em 1978. Ninguém na Madeira ficou indiferente à presença de Ari Vatanen no Rali Vinho da Madeira. A sua condução exuberante e espetacular cativou todos aqueles que assistiram a esta prova que venceu de forma categórica. A sua presença na ilha também contribuiu para que o rali organizado pelo Club Sports da Madeira passasse a integrar no ano seguinte o campeonato europeu da modalidade.
Atualmente com 68 anos, Vatanen estreou-se nos ralis em 1971 com um Opel RK. Nos quatro anos seguintes esteve sempre ao volante de modelos da marca alemã mas em 1975 passou para os comandos do Ford Escort RS em que viria a se celebrizar. Em contínua ascensão, viria ser campeão mundial em 1981, 3 anos após a vitória na Madeira. Regressou à Opel em 1983 com o Manta 400 e depois fez parte, entre 1984 e 1996, da equipa oficial da Peugeot/Citroën tanto nos ralis como no Dakar. Com um palmarés de que constam 10 vitórias no WRC, participa esporadicamente em provas automobilísticas.
Adartico Vudafieri
Adartico Vudafieri foi um dos nomes que rimou durante algum tempo com velocidade na Madeira. Na transição entre os anos 1970 e 1980, o italiano esteve no Rali Vinho da Madeira em quatro ocasiões sempre ao volante do cúbico mas competitivo Fiat 131 Abarth. Em 1979 foi segundo atrás de Tony Fassina no competitivo Lancia Stratos mas em 1980 vingou-se e pode abrir o champanhe da vitória na Avenida Arriaga, frente à sede do Club Sports da Madeira.
Adartico Vudafieri nasceu em 1950 perto de Veneza e começou a participar em ralis em 1973 com um Simca Rallye 2. Nos dois anos seguintes utilizou um Porsche de grupo 3, viatura com que foi terceiro no troféu nacional de ralis. Passou depois para os comandos de um Lancia Stratos mas foi com o Fiat 131 Abarth que foi campeão italiano de ralis em 1978 e 1980 e campeão europeu em 1981. Em 1982 e 1983 defendeu, sem grandes resultados, as cores da Lancia Martini com o 037. A bordo de uma dessas viaturas seria campeão italiano open em 1984. Retirou-se da competição pouco depois.
Jean-Pierre Nicolas
Jean-Pierre Nicolas foi o primeiro piloto estrangeiro a vencer a Volta à Ilha, antiga designação do Rali Vinho da Madeira. O francês conseguiu a proeza num Renault R8 Gordini em 1967, numa altura em que a prova madeirense dava os primeiros passos em termos de internacionalização deste evento, concebido também como um meio de promoção da região enquanto destino turístico.
Nicolas era um piloto que gostava de corridas longas e duras, sendo a prova madeirense uma das mais difíceis da altura.
Jean-Pierre Nicolas nasceu em 1945 e estreou-se no automobilismo em 1963, como copiloto do seu pai. Passou para o carro de condução durante o ano em que esteve presente na Madeira. Em 1970 começou a conduzir um Alpine A110 e foi com esse modelo que se sagrou campeão nacional em 1971.
Em 1973 inicia uma ligação duradoura à Peugeot que só viria a terminar quando se torna um dos pilotos que desenvolve e estreia o então novo Peugeot 205 Turbo 16. Venceu cinco ralis do Campeonato do Mundo e é, juntamente com Hannu Mikkola, um dos poucos pilotos a vencer as três etapas africanas da referida competição: Marrocos, Quénia e Costa do Marfim. Atualmente, é consultor de marcas e competições.
CARROS MÍTICOS
Peugeot 306 Maxi
Foi um dos carros mais eficazes em asfalto e levou mesmo a que os Kit-Car fossem banidos das competições internacionais pois batia os bem mais onerosos WRC. O Peugeot 306 Maxi emitia um som fabuloso do seu motor atmosférico a atingir altas rotações e levou a que muitos o considerassem o melhor carros de ralis de sempre em asfalto. Exatamente por isso foi utilizado por vários pilotos madeirenses e também se destacou no Rali Vinho da Madeira pelas mãos de Adruzilo Lopes. Foi, no entanto, com Vítor Sá que, em 2004, obteve a sua única vitória no evento.
Desenvolvido pela Peugeot Sport em colaboração com a Pipo, o 306 Maxi surgiu em 1995 como uma evolução do 306 S16 com uma carroçaria alargada a pensar na competição. Tinha cerca de 4 metros de comprimento para uma largura de 1,84 metros e um peso de 960 kg. O seu motor de quatro cilindros em linha com 1.998 cc debitava 280 cavalos às 8.700 rpm mas na segunda evolução, apresentada em 1997, a potência ainda aumentaria 20 cavalos. Ainda hoje é um carro venerado internacionalmente pelos fãs dos ralis.
Lancia Delta HF
As versões de grupo A do Lancia Delta HF venceram as edições do Rali Vinho Madeira entre 1987 e 1992, exceção feita à de 1988. Entre o Lancia Delta HF 4wd e o Lancia Delta HF Integrale 16V, o modelo italiano passou dez vezes pelo pódio nesse período, provando ser mesmo a máquina a bater nessa altura. Nomes como os de Dario Cerrato, Yves Loubet, Fabrizio Tabaton ou Andrea Aghini fizeram figurar o seu nome no álbum de ouro da prova com estas viaturas.
Com a abolição do grupo B, a Lancia aproveitou o Delta HF 4wd de tração integraç, apresentado em março de 1986, para desenvolver um carro de ralis. Dos pouco mais de 200 cavalos da versão inicial e após a evolução pelo HF Integrale, o modelo chegaria a extrair dos 1.997 cc do seu motor de quatro cilindros em linha cerca de 325 cavalos no HF Integrale 16V, vulgo “Deltona”. A carroçaria cúbica, desenhada por Giugiaro, tinha pouco menos de 4 metros e uma largura de 1,77, numa viatura que rondava os 1.240 kg.
Lancia Delta S4
O Lancia Delta S4 foi o carro mais potente que alguma vez passou pelo Rali Vinho da Madeira. O modelo italiano era um dos “monstros” do grupo B e permitiu a Fabrizio Tabaton, sobretudo após o abandono de Carlos Sainz, não conhecer oposição na caminhada para aquele que seria o seu primeiro triunfo na ilha. A meio da década de 1980, o S4 impressionava pela sua eficácia.
Após a aposta no 037, a Lancia decidiu se converter à tração integral para fazer face à concorrência e em 1985 apresentou o Delta S4 com uma carroçaria em que a função prevalecia sobre a estética e que resultava de muitas horas em túnel de vento. O motor, central traseiro, era de quatro cilindros em linha e tinha 1.759 cc e ostentava um sistema de sobrealimentação duplo, com compressor volumétrico para a entrega de binário a baixa rotação e um turbocompressor para a potência em alta. Oficialmente debitava 480 cavalos mas fontes informais garantem quase mais 80 cavalos. Foi concebido a privilegiar a rapidez de assistência e com materiais que permitiram ter 950 kg, 10 abaixo do mínimo regulamentar.
Lancia 037
Tal como no mundo dos ralis, o Lancia 037 é um carro que ficará para sempre na memória dos madeirenses. O modelo italiano desistiu no seu ano de estreia, 1982 mas entre 1983 e 1986 venceu duas vezes e esteve em mais seis ocasiões no pódio. O seu ruído metálico e as linhas da Pininfarina não deixavam ninguém indiferente ao Lancia Rally, o seu nome oficial, que, contudo, ficaria conhecido como 037, o número do projeto na Abarth.
Revelado em 1982, o Lancia Rally 037 resultou de um projeto comum da Abarth, Pininfarina e Dallara e, numa altura em que a tração integral começava a se impor, apostava na racionalização máxima de uma viatura de tração traseira no espírito do grupo B. Tinha dimensões reduzidas (3,9m x 1,85m x 1,25m) e o seu peso estava muito próximo do mínimo permitido, 960 kg. Tinha um motor de quatro cilindros em linha com 1.995 cc e debitava cerca de 515 cavalos na sua versão de injeção. Na sobrealimentação era usado um compressor volumétrico Roots que, em detrimento da potência, privilegiava a entrega de binário.
Ferrari 308 GTB
A mítica Ferrari venceu o Rali Vinho da Madeira em 1962 com o não menos endeusado 250 de Horácio Macedo mas seria o 308 GTB a cativar o numeroso público local. Aproveitando a homologação em grupo 4 do modelo para pista, o concessionário francês da marca italiana decidiu apostar na sua utilização em ralis de asfalto. Nesse contexto, Jean-Claude Andruet esteve na Madeira e lutava pela vitória em 1981 quando foi forçado a desistir devido a um problema com o combustível. Nem por isso, o modelo com as belas linhas de Pininfarina deixou de integrar a galeria dos clássicos do evento.
O Ferrari 308 GTB foi produzido entre 1975 e 1985 e tinha um comprimento de 4,22m, altura de 1,12m e largura de 1,72m. O motor colocado centralmente na traseira era de 8 cilindros em V com 2.927 cc e debitava em competição cerca de 315 cavalos. Uma das suas características ímpares era dispor de uma carroçaria em fibra de vidro que ajudava a limitar o peso a 1050 kg.
Porsche 911S
Foram muitos os pilotos que passaram pelo Rali Vinho da Madeira a bordo de um Porsche 911S e Giovanni Salvi também o levou ao triunfo em 1971 mas foi sobretudo com Américo Nunes que este modelo ficou para sempre gravado na memória dos madeirenses. O piloto venceu quatro edições do evento, numa delas foi mesmo o único concorrente a terminar, devido ao poder de uma viatura que recebeu mesmo o cognome de Bomba Verde.
O Porsche 911 foi apresentado em 1966 e surgia nas suas primeiras versões com um motor de seis cilindros horizontais opostos de 1.991 cc que em competição ultrapassava em pouco os 200 cavalos. Posteriormente o modelo viria a receber um motor de 2.687 cc com uma potência mais próxima dos 300 cavalos, um valor importante para a altura. A tração traseira e a colocação do motor na extremidade também traseira do veículo tornavam a sua condução muito exigente.
Ford Escort RS
O Ford Escort RS Mk II foi um dos modelos mais populares em ralis mas apenas venceu na Madeira em duas ocasiões, em 1978 com Ari Vatanen e em 1981 com Ali Kridel. A primeira versão do popular carro da Ford já havia vencido a prova em 1975 com “Janica” Clemente e em 1976 com Giovanni Salvi. Para o carinho que o público nutria por estas viaturas estava o facto de proporcionar aos seus utilizadores uma condução espetacular em que abundavam os power slides.
A segunda versão do Ford Escort de competição foi apresentada ao público em 1975 e contava com um motor de quatro cilindros e 1.993 cc que, acompanhado do som dos carburadores Weber, chegou a debitar cerca de 265 cavalos nas suas últimas evoluções. Com um peso total de cerca de 920 kg, o Ford Escort Mk II tinha uma carroçaria com um comprimento de 3,98 m e uma largura de mais de 1,70m devido às bonitas extensões de pára-lamas.
MG MGA
Os carros do Rali sempre preencheram o imaginário dos madeirenses. Na primeira edição da prova e em estradas muito difíceis, quem se impôs foi o alentejano José Bernardino Lampreia ao volante de um MG MGA. Este modelo da Morris Garage começou a ser desenvolvido em 1951 e foi produzido entre 1955 e 1962. Foi criado por Syd Enever com uma carroçaria mais aerodinâmica e com um centro de gravidade mais baixo que o anterior MG TF.
Com pouco menos de 4 metros de comprimento, tinha uma largura de 1,48m e uma altura de 1,27m. Estava dotado de um motor de quatro cilindros em linha, com 1.588 cc, e dupla árvore de cames à cabeça para debitar 108 cavalos. Pesava cerca de 900 kg e tinha uma aceleração dos 0 aos 100 km/h de 12,9 segundos. Estava dotado de travões de disco nas quatro rodas.
PALMARÉS
2023 Alexandre Camacho/Pedro Calado Skoda Fabia Rally2 Evo
2022 Miguel Nunes/Roberto Castro Skoda Fabia Rally2 Evo
2021 Miguel Nunes/João Paulo Skoda Fabia Rally2 Evo
2020 Miguel Nunes/João Paulo Skoda Fabia R5 Evo
2019 Alexandre Camacho/Pedro Calado Skoda Fabia R5
2018 Alexandre Camacho/Pedro Calado Skoda Fabia R5
2017 Alexandre Camacho/Pedro Calado Peugeot 208 T16 R5
2016 José Pedro Fontes/Inês Ponte Citröen DS3 R5
2015 Bruno Magalhães/Hugo Magalhães Peugeot 208 T16
2014 Bruno Magalhães/Carlos Magalhães Peugeot 208 T16
2013 Giandomenico Basso/Lorenzo Granai Peugeot 207 S2000
2012 Bruno Magalhães/Nuno Rodrigues Da Silva Peugeot 207 S2000
2011 Bruno Magalhães/Paulo Grave Peugeot 207 S2000
2010 Freddy Loix/Frédéric Miclotte Skoda Fabia S2000
2009 Giandomenico Basso/Mitia Dotta Fiat Punto Abarth S2000
2008 Nicolas Vouilloz/Nicolas Klinger Peugeot 207 S2000
2007 Giandomenico Basso/Mitia Dotta Fiat Punto Abarth S2000
2006 Giandomenico Basso/Mitia Dotta Fiat Punto Abarth S2000
2005 Renato Travaglia/Flavio Zanela Renault Clio S1600
2004 Vitor Sá/Ornelas Camacho Peugeot 306 Maxi Kit Car
2003 Miguel Campos / Carlos Magalhães Peugeot 206 WRC
2002 Andrea Aghini/Loris Roggia Peugeot 206 WRC
2001 Adruzilo Lopes/Luis Lisboa Peugeot 206 WRC
2000 Piero Liatti/Carlo Cassina Subaru Impreza WRC
1999 Bruno Thiry/Stephane Prevot Subaru Impreza WRC
1998 Andrea Aghini/L. Roggia Toyota Corolla WRC
1997 Piero Liatti/F. Pons Subaru Impreza WRC
1996 F. Peres/R. Caldeira Ford Escort Cosworth
1995 Piero Liatti/Alessandrini Subaru Impreza WRC
1994 Andrea Aghini/Farnocchia Toyota Corolla WRC
1993 Patrick Snijers/D. Colebunders Ford Escort Cosworth
1992 Andrea Aghini/Farnochia Lancia Delta
1991 Fabrizio Tabaton/Imerito Lancia Delta
1990 Fabrizio Tabaton/Imerito Lancia Delta
1989 Yves Loubet/A. Andrie Lancia Delta
1988 Patrick Snijers/D. Colebunders BMW M3
1987 Dario Cerrato/Cerri Lancia Delta
1986 Fabrizio Tabaton/Tedeschini Lancia Delta S4
1985 Salvador Servia/Sabater Lancia 037
1984 Henri Toivonen/J. Pironen Porsche 9ll SC
1983 Miki Biasion /T. Siviero Lancia 037
1982 Toni Fassina/Rudy Opel Ascona 400
1981 Aly Kridel Sr/Paul Dunkel Ford Escort
1980 Adartico Vudafieri/Penariol Fiat 131 Abarth
1979 Toni Fassina/Nanini Lancia Stratos
1978 Ari Vatanen/Henry Liddon Escort 2000-RS
1977 Américo Nunes/João Baptista Porsche 911-S
1976 Giovanni Salvi/Pedro Almeida Escort 2000-RS
1975 João Clemente Aguiar/Miguel Sousa Escort 1600-RS
1973 Gomes Pereira/Almeida Pereira Opel 1904-SR
1972 Luís Neto/Jocames Fiat 125 Special
1971 Giovanni Salvi/José Arnaud Porsche 911-S
1970 Américo Nunes/Fernando Fonseca Porsche 911-S
1969 Américo Nunes/Fernando Fonseca Porsche 911-S
1968 Américo Nunes/Evaristo Saraiva Porsche 911-S
1967 Jean Pierre Nicolas/Jean Claude Roure Renault R8 1300
1966 António Sarmento Rebelo NSU Prinz 1000
1965 Zeca Cunha Triumph TR4
1964 Fernando Basílio Dos Santos Porsche SC
1963 Horácio Macedo Ferrari
1962 Horácio Macedo Ferrari
1961 António P. Peixinho Alfa Romeo
1960 Horácio Macedo Mercedes 300SL
1959 José Bernardino Lampreia MGA