Mercedes-Benz AMG C 63 S Cabrio – Ensaio
[soliloquy id=”313062″]
Mercedes-Benz AMG C 63 S Cabrio
Texto: André Duarte
“O sentido da vida”
Há momentos em que sentimos que o mundo tal e qual o conhecemos se transfigura e o sonho absorve a realidade, prendando-nos com um paraíso de emoções a que gostaríamos de estar ligados para sempre. Quando se abre a porta de um Mercedes-Benz AMG que supera a barreira dos 500 cv, sentimos que estamos perante um desses raros casos… resta-nos dizer – “Obrigado!”
Como um Mercedes-AMG C 63 Cabrio com 476 cv poderia ser pouco, a Mercedes acrescentou-lhe um “S” para se certificar que com 510 cv ninguém ficaria insatisfeito. Com um motor V8 de 4.0 litros a gasolina e transmissão automática (e função de duplo desembraiar) AMG SpeedShift MCT de 7 relações e dupla embraiagem, que garantem um registo dos 0 aos 100 km/h em 4,1s e disponibilizam um binário máximo de 700 N.m. a partir das 1750 rpm, de facto, é difícil! Mas, vamos por partes…
O fascínio
O C 63 S Cabrio transmite uma imagem de serenidade e jovialidade, em que só com a devida atenção percebemos alguns detalhes que nos revelam parte do seu eu. Apesar de inegavelmente marcar presença visual, esta acaba por ser suavizada pelas suas linhas, não sendo tão expansivo como alguns dos seus irmãos, alguns bem mais comedidos em potência, e só as inserções V8 Biturbo nas laterais, C 63 S no portão da bagageira, ou as pinças de travão AMG a vermelho a sobressaírem por entre as jantes de 19” à frente e 20” atrás (na versão ensaiada) fazem descobrir olhares, franzir sobrolhos e gerar uma curiosa expectativa à sua passagem. Um modelo que revela o essencial para nos adoçar o desejo, mas esconde o suficiente para nos prender ao fascínio da descoberta. Rapidamente percebemos que estamos na presença de um ser especial.
A descoberta
Já enlevados por um potencial ainda não experimentado, acomodamo-nos num habitáculo que oferece um compromisso entre ADN sóbrio e desportivo: painel de instrumentos com ecrã TFT multifunções de 13,97” (incluindo função racetimer); bancos desportivos AMG a preto e vermelho, com esta última tonalidade a passear-se pelo interior, através de pespontos que se alastram pelo volante desportivo AMG Performance, tablier, portas, e bancos, num toque de requinte final dado pelo sistema de som Burmester (opcional, 772€).
A sedução
Por muito que o nosso imaginário já estivesse a viajar, sabíamos que, mais cedo ou mais tarde o momento chegaria. Dedo no Start… e uma quente baforada de fogosidade explode-nos da dupla ponteira de escapes duplos na traseira, colocando-nos os sentidos de imediato em alerta.
Começamos respeitosamente a marcha selecionando o modo mais brando no AMG Dynamic Select, Comfort, que já de si oferece prestações sobejamente superiores a qualquer carro do quotidiano, porque o conceito dócil em 510 cv é coisa que não existe, e colocamos a suspensão desportiva AMG Ride Control (com três modos Comfort; Sport e Sport+) em sintonia com o Dynamic Select.
Após alguns quilómetros, e mais moldados a esta nova realidade, percebemos que o Sport+ é a opção ideal para extrairmos o potencial dentro de um limite de segurança que está sempre em vias de ser ultrapassado desde que ligamos o motor.
O especialíssimo modo Race (que ativa o ESP Sport Handling Mode) catapulta as performances oferecidas pelo C 63 S para níveis em que o pisar decidido do acelerador repercute-se num chicotear repentino da traseira (que conta com diferencial autoblocante com bloqueio eletrónico) que nas primeiras vezes, fruto das ausências de hábito e experiência, assusta! Nesta montanha russa os consumos passam de suaves médias de 11l/100 km, conseguidos com todos os cuidados do mundo e seguindo ‘quase’ ao ralenti, para a casa dos 25l.
A falta de palavras
Para colocarmos a ficha técnica à prova, fomos fazer um percurso sinuoso, 12 km para cada lado, por terras beirãs, no modo Race. Muitas curvas e pequenas retas a obrigar a travagens e acelerações quase em imediato e para o que ajuda atribuir uma função a cada pé. Esquerdo trava. Direito acelera. Não há tempo para andarmos a mover o direito entre pedais.
Resultado: o mundo em volta desaparece. A realidade torna-se somente a próxima curva, numa dança coordenada de acelera, trava, vira, acelera, trava, vira, enquanto as forças G brincam connosco. Deixamos de pensar para passarmos somente a agir, com o nosso corpo a sentir-se num constante vaivém. A cada aceleração parece que somos engolidos por uma ventosa de potência que nos suga ao banco. A cada travagem mais viva somos bruscamente empurrados. Queremos mais!
Pisamos a fundo e experienciamos um misto entre medo e prazer enquanto sentimos que avançamos como uma bala e o sorriso deixa de encontrar espaço no rosto ao vermos a celeridade das rotações a galgarem no painel de instrumentos, enquanto a gasolina é fogosamente dilacerada no escape em jeito de espetáculo de pirotecnia, “prá, prá, trá, prá, trá…”. Tudo funciona em plena sintonia: motor; direção, suspensão, travões. A velocidade deixa de ganhar importância, porque a bolha de sensações em que seguimos faz-nos esquecer… tudo!
Assim que termina e voltamos à terra apercebemo-nos que estamos exaustos, a respirar fundo, a temperatura corporal elevada face ao normal, o coração acelerado e o corpo como se tivesse acabado de fazer exercício físico. Percebemos, talvez, aquilo que devem sentir os pilotos
É altura de colocar o ‘modo’ Cabrio em uso, e em 20s temos a capota recolhida e o vento a refrescar-nos o ambiente, permitindo-nos desfrutar da paisagem sempre acompanhados por um “toc, toc” vindo do escape em contenção. Um prazer igualmente tão confortante como quando viajamos ‘na sua’ realidade paralela.
A despedida
Como em tudo, há aquele momento que sabemos que irá chegar mas que queremos retardar ao máximo, porém, é inevitável. A despedida. Depois de tudo, sempre o mais difícil, principalmente por não ser todos os dias que se priva com um carro de corridas semi-disfarçado de transeunte, mas que não pode ser tratado como tal. Precisamos de o perceber, rodar muitos quilómetros, porque é um produto de uma eficácia e entrega de potência tremendas, que nos faz viajar num sonho feito de estradas reais, com limites reais e com todo um Mundo que a ele não está adaptado. Os seus limites permitem muitíssimo… e excedê-los é o mesmo que passarmos a chave a um piloto para ele ver como se desenvencilha. Certamente fá-lo-á bem, mas irá perguntar primeiro onde é a pista mais próxima…
Preço base: 123.150€
Mais: Potência; Prazer de Condução;Comportamento Dinâmico; Barulho;
Menos: Espaço nos lugares traseiros
Ficha técnica
Motor V8, injeção direta, turbo, intercooler 3982 cc
Potência 510 cv/5500-6250 rpm
Binário 700 Nm/1750-4500 rpm
Transmissão traseira, caixa auto. de 7 vel.
Suspensão Independente com molas helicoidais à frente e atrás
Travagem DV com furações à frente e atrás
Peso 1925 kg
Mala 360l
Depósito 66l
Vel. Máx. 250 km/h (eletronicamente limitada)
Aceleração 0 aos 100 km/h 4,1s
Consumo médio 8,9l/100 km
Consumo médio AutoSport 11l/100 km
Emissões CO2 208 g/km
O Autosport já não existe em versão papel, apenas na versão online.
E por essa razão, não é mais possível o Autosport continuar a disponibilizar todos os seus artigos gratuitamente.
Para que os leitores possam contribuir para a existência e evolução da qualidade do seu site preferido, criámos o Clube Autosport com inúmeras vantagens e descontos que permitirá a cada membro aceder a todos os artigos do site Autosport e ainda recuperar (varias vezes) o custo de ser membro.
Os membros do Clube Autosport receberão um cartão de membro com validade de 1 ano, que apresentarão junto das empresas parceiras como identificação.
Lista de Vantagens:
-Acesso a todos os conteúdos no site Autosport sem ter que ver a publicidade
-Desconto nos combustíveis Repsol
-Acesso a seguros especialmente desenvolvidos pela Vitorinos seguros a preços imbatíveis
-Descontos em oficinas, lojas e serviços auto
-Acesso exclusivo a eventos especialmente organizados para membros
Saiba mais AQUI
Um excelente automóvel para passear na fantástica Serra da Arrábida. Nunca guiei um carro assim naquele local, com aquele tempo, mas não imagino melhor. Subir a Rampa, passar pelo topo com vista para o Portinho e para Palmela, até ao Cabo da Roca, ou até à Comporta… Comer uma caldeirada ou um choco frito em Setubal, ou uma mariscada ou uma sardinhada em Sesimbra, com um queijinho de Azeitão para a entrada, com uma torta do mesmo sítio para sobremesa… A volta dos 3 castelos, que já fiz tantas vezes mas nunca com esse automóvel… A sério, eu sei que… Ler mais »