ENSAIO: Skoda Octavia Break RS 230
Existem automóveis com performances desportivas que escondem as suas capacidades, chamados sleepers pelos condutores mais especializados. Mas esse não é o caso da Octavia Break RS 230, que de adormecido não tem nada, parecendo uma carrinha familiar mas rapidamente mostrando a sua verdadeira identidade oferecendo um verdadeiro prazer de condução
Imaginemos uma idílica cena doméstica. Um homem vira-se para a sua esposa e diz “querida, acho que precisamos de trocar de carro”. “Concordo, o nosso já não serve para levar as compras todas”. “Eu fui ao stand e vi lá um desportivo…” “Desportivo? Mas como é que vamos levar as coisas dos miúdos?”. “Bem…” “E depois vai gastar mais combustível” “Não vai…” “Não te metas nessas coisas. Ou é um desportivo ou é uma ‘coisa’ para família. Agora vê lá como escolhes”. Mas este ultimato já não é necessário. A Skoda é uma das marcas que costuma combinar os seus motores mais potentes com os seus espaçosos modelos de aptidões familiares, mas vai mais além com a nova evolução da versão RS, a RS 230, que em Portugal está disponível apenas como carrinha.
Em relação à versão normal do motor 2.0 TSI, a potência sobe de 220 para 230 cv, uma diferença que não traz grandes ganhos em termos de performance, sendo apenas um décimo de segundo mais rápido a passar a barreira dos 100 km/h. Mas a versão RS 230 tem a vantagem de já chegar a Portugal já com a caixa DSG (de dupla embraiagem) de série, além de acrescentar um diferencial autoblocante, melhorando bastante a estabilidade e a facilidade de condução com uma distribuição mais eficiente da potência pelas duas rodas. As jantes de 19 polegadas são também exclusivas desta versão, que no mercado nacional tem também direito a um reforço da lista de equipamento, justificando assim o aumento de preço em mais de 2200 euros em relação à variante equivalente de 220 cv. É que a gama RS do Octavia começa na casa dos 35 mil euros (na berlina com caixa manual) e a carrinha RS 230 é a única variante a gasolina que passa dos 40 (e dos 41) mil euros.
Mas vamos deixar a lógica para trás e avançar para a parte emocional. Nos últimos anos, o motor 2.0 TSI do Grupo Volkswagen tem sofrido grandes evoluções, tornando-o mais civilizado, mas ao mesmo tempo oferecendo ao condutor a possibilidade de explorar os limites da potência. A força máxima do carro está disponível logo desde um regime muito baixo e permanece disponível numa elevada faixa de utilização. O botão RS, colocado na consola central, é que acaba por funcionar como limitador a essa potência. No modo RS, o motor está sempre solto, disponível, barulhento, fazendo o coração do condutor palpitar e apelando a usar o acelerador a fundo. Mas é possível colocar o carro num modo mais ecológico, e deixando o motor a parecer… normal. A vantagem é que, neste modo, é possível baixar o consumo médio dos 10 l/100 km para um valor mais civilizado em redor dos 8 l/100 km. É que o Octavia RS também tem que servir para uso diário. A escolha do importador nacional pela caixa DSG em exclusivo é de louvar, continuando esta a ser a única caixa automática que dá prazer de utilizar em modo manual, através das patilhas no volante.
MULTIUSOS
O Skoda Octavia tem uma pequena desvantagem face aos seus ‘irmãos’ do segmento médio no Grupo VW, pois tem uma distância entre eixos mais longa, o que poderia piorar o desempenho em curva. Felizmente, a Skoda já tinha mexido no chassis para criar as outras versões RS, reduzindo a distância ao solo, montando amortecedores mais rijos e substituindo o eixo rígido traseiro por uma suspensão multibraços. A variante RS 230 acrescenta um diferencial autoblocante que auxilia ainda mais a estabilidade em curva. A carrinha Skoda Octavia pode ser comprida, mas encaixa facilmente no ápex das curvas sem necessitar de reduzir a velocidade. Apesar do seu comportamento desportivo, a Skoda fez um bom trabalho em garantir que o carro pode ser utilizado diariamente pelo condutor (e pela sua família) sem grandes perdas de conforto. Apesar do endurecimento dos amortecedores, não se transfere nenhuma sensação de incómodo para os ocupantes. Encontrar a posição de condução no Octavia RS é um pouco complicado, mas um dos equipamentos exclusivos desta versão é o ajuste elétrico da posição do banco do condutor, com função de memória. Para os ocupantes dos bancos traseiros, há espaço de sobra para as pernas, mas como já é normal em toda a indústria automóvel, transportar três adultos atrás fica mais apertado na largura. A Skoda sempre se destacou por providenciar boa habitabilidade traseira, graças à distância entre eixos aumentada, e a versão desportiva do Octavia não é exceção. O mesmo acontece com a bagageira desta carrinha, que ultrapassa os 600 litros em utilização normal e é bem apropriada para transportar objectos longos. Ou seja, se quiser ir de férias para a neve, por exemplo, pode transportar a família toda sem problemas, levar os esquis e as pranchas de snowboard sem falta de espaço e chegar ao local onde vai passar férias com a máxima celeridade providenciada pelos 230 cv do motor 2.0 TSI.
Preço 41 474 €
Motor: 4 cil., 16 v., inj. direta e turbo, 1984 cm3
Potência: 230 cv/4700-6200 rpm
Binário: 350 N.m/1500-4600 rpm
Transmissão: Dianteira, cx. dupla embraiagem 6 vel.
Suspensão: Independente McPherson à frente e multibraços atrás
Travagem: DV/D
Peso: 1487 kg
Mala: 610-1740 l
Depósito: 50 l
Velocidade máxima: 245 km/h
Aceleração 0 a 100 km/h: 7,0 segundos
Consumo médio: 6,4 l/100 km
Consumo médio AutoSport: 8,2 l/100 km
Emissões CO2: 147 g/km
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