Ensaio Hyundai Santa Fé 2.2 CRDi 4WD: um SUV espetacular
O AUTO+ esteve presente na apresentação europeia do novo Santa Fé da Hyundai que vai chegar ao mercado nacional no final deste ano com preços ainda desconhecidos.
A progressão feita pela Hyundai como construtor a nível global é simplesmente fabulosa. Não pude deixar de pensar nisso quando franquiei a porta que deu acesso ao lugar do condutor. Sentado, olhei ao meu redor e saíram das gavetas da memória as imagens e as sensações experimentadas com os primeiros modelos da casa sul-coreana. Fui acordado, gentilmente, pela menina que estava a controlar as saídas do parque de estacionamento do aeroporto de Barcelona.
Os plásticos vergonhosamente duros e que se riscavam com a unha, a montagem medíocre, a tecnologia obsoleta, a chapa fina como folha de papel, o muito equipamento, o preço baixo, enfim, tudo aquilo que fazia da Hyundai causa de chacota… desapareceu!
No seu lugar temos um carro espaçoso, elegante, desenhado com gosto e forrado com materiais de qualidade montados com rigor. Conforto, versatilidade, tecnologia, eficiência, enfim, um carro que merece estar entre os melhores do segmento e que está prontinho para ser uma pedra no sapato dos rivais alemães… e não só.
O Hyundai Santa Fé só chegará a Portugal lá para o final do ano e o importador nacional ainda não fechou a gama e menos ainda os valores finais. Naturalmente que não terá a repercussão no mercado nacional do Kauai e do Tucson, modelos que também experimentei nesta viagem até Barcelona. Mas esses ficam para mais tarde.
Contas feitas, esta quarta geração do Santa Fé funciona como a epitome da evolução da Hyundai. E num segmento em crescimento de vendas e de dimensões, o Santa Fe surge maior (são 70 mm) que o anterior, suficiente para oferecer versões de 5 e 7 lugares, sem que seja necessário fazer dois carros. Desaparece, assim, o Grand Santa Fé.
Maior que o anterior
Com este aumento de dimensões, o SUV da Hyundai aproxima-se dos cinco metros, tendo também crescido na altura (1,68 metros) e na largura (1,89 metros), colando-o a modelos como o Range Rover Sport. E o estilo do Santa Fé também ajuda pois, o carro está mais compacto no aspeto, com uma frente claramente inspirada no Kauai (faróis rasgados, a grelha em cascada e os nichos para os faróis de nevoeiro) uma lateral musculada com cavas das rodas amplas e uma traseira que também bebe inspiração no SUV mais pequeno da Hyundai.
O aumento de dimensões permite que o Santa Fé possa exibir uma bagageira com 625 (5 lugares) ou 547 litros (7 lugares) que podem esticar-se, respetivamente, até aos 1695 e 1625 litros. Valores muito interessantes. Depois, os sete centímetros a mais permitem que além da bagageira, hajam melhorias na habitabilidade. Na primeira fila de bancos há 1,12 metros de espaço para as pernas, na segunda fila 1,026 metros para o cinco lugares e 1,001 metros para a versão de sete lugares. Neste caso, os bancos extra oferecem 746 mm de espaço para as pernas. Com quase metro e meio de largura à altura dos ombros, percebe-se que espaço é coisa que não falta no Santa Fé a terceira fila de bancos consegue albergar dois adultos. Claro que após meia hora de viagem já devem estar aos berros para parar na próxima área de serviço…
Confortável, bonito e de qualidade
E já que falo do interior, tenho de dizer que é um regalo. Porque é confortável, porque é bonito, porque está bem desenhado em termos de ergonomia e porque tem qualidade. Não é um produto Premium, mas não está longe e tal como sucede com os produtos dessas marcas, o nível de qualidade baixa ao mesmo ritmo que descemos para as zonas mais recônditas e escondidas do habitáculo.
A versatilidade está presente graças ao sistema que rebate os bancos com um único botão, nos muitos espaços para arrumação, no ar condicionado para todos os bancos, enfim, tudo feito para que seja na versão de cinco ou sete lugares, o conforto seja elevado.
O equipamento é muito completo com um “head up display” projetado não numa lâmina de plástico, mas mesmo no para brisas, e com dimensões generosas e muita informação, aquecimento e refrigeração dos bancos, conectividade que passa pelas tomadas USB e AUX, ligação Bluetooth, streaming de áudio, Apple Car Play e Android Auto, sistema de navegação, enfim, uma série de tecnologia que acaba por ser um pouco traída pelo grafismo que já merecia uma remodelação e pela falta de intuição na utilização do sistema de info entretenimento.
Depois, destaque, ainda, para as ajudas á condução com todas as mais recentes tecnologias, inclusive a travagem autónoma de emergência que reconhece peões e um interessante e útil sensor de movimento nos lugares dianteiros e traseiros que, caso tranque o carro e deixe dentro dele algum ser vivo, dispara o alarme e as luzes para que regresse ao carro e liberte quem ficou lá dentro.
Tecnicamente avançado
O Santa Fé tem um chassis novo que é mais rígido e mais leve que o anterior modelo. A Hyundai trabalhou muito no chassis e a verdade é que o carro está maior, mas “esconde” muito bem essa majoração de dimensões graças ao peso mais contido e a uma dinâmica revista. Grande diferença reside na direção que, para grande surpresa minha, mostrou-se rápida, precisa e, surpresa das surpresas, com alguma sensibilidade. Isso é meu caminho andado para que o carro pareça muito mais ágil do que na realidade é, até porque se o sistema HTRAC gere de forma perfeita a necessidade de tração, a verdade é que apesar de tudo ainda há algum rolamento da carroçaria. Mas muito bem controlado face aos quase 1,70 metros de altura.
Ou seja, ao contrário do que se passa com a maioria dos SUV destas dimensões, eficazes, mas sensaborões, o Santa Fé consegue ser minimamente interessante de conduzir.
Em autoestrada, revelou-se um carro sereno com a suspensão com dureza apropriada para rolar sem hesitações, suportar alguns abusos em curva e não nos deixar com dores nas costas. Ou seja, a relação conforto/comportamento é muito boa e é mais um ponto a favor deste Santa Fé, juntamente com o refinamento, o mesmo que me fez regressar, desta feita já no banco do passageiro, uma vez mais aos primórdios da Hyundai e reconhecer que a evolução é tremenda!
Motores a gasolina e diesel
O Santa Fé é oferecido com uma completa gama de motores, desde o 2.4 litros a gasolina (185 CV às 6000 rpm, 241 Nm de binário às 4000 rpm, aceleração 0-100 km/h em 10,4 segundos, 195 km/h, com consumo médio de 9,3 l/100 km e emissões de 215 gr/km de CO2) até aos dois blocos diesel com 2.0 e 2.2 litros. O primeiro surge com duas versões de potência (150 e 182 CV, com 400 Nm de binário às 1750 rpm, aceleração 0-100 km/h em 10,3 e 10 segundos, 190 e 201 km/h, consumos entre os 6,4 e 5,5 l/100 km com emissões de 147 a 162 gr/km de CO2) o segundo com 200 CV e 440 Nm de binário, 205 km/h de velocidade máxima, 9,3 segundos dos 0-100 km/h com consumos de 5,7 a 6,1 l/100 km (dependendo de serem versões de tração dianteira com caixa manual de seis ou automática de 8 velocidades, ou 4×4 com caixa manual ou automática) e emissões de 152 a 165 gr/km de CO2.
Experimentei a versão 2.2 CRDi com tração integral e caixa automática de oito velocidades, uma unidade nova desenvolvida pela Hyundai. A tração era às quatro rodas, através do sistema de tração integral HTRAC que controla a divisão do binário os dois eixos, alterando entre os modos de condução. O modo Eco permite que a tração seja feita 100% nas rodas dianteiras para reduzir os consumos, o modo Sport leva à repartição 50/50 entre os dois eixos e o modo Comfort leva até 35% de binário às rodas traseiras. Tudo é feito de modo automático e no modo Smart, tudo é ainda mais automatizado e todas as possibilidades são aceites, pois se fizermos “kick down” no acelerador, o sistema “percebe” que queremos andar depressa e assume o modo Sport. Por outro lado, se a velocidade estabilizar e o sistema “entende” que estamos a rolar e assume o modo Eco.
Suavidade, refinamento e facilidade de utilização definem o casamento entre o motor já conhecido da gama Hyundai e a nova caixa de velocidades. Ou seja, a mecânica ajuda a formar um conjunto realmente interessante e que ajuda sobremaneira o condutor a sentir-se confortável e, sobretudo, confiante. Os valores de consumo e emissões são já de acordo com o novo protocolo WLTP e os valores que confirmei com o computador de bordo, acabaram por ser semelhantes aos anunciados.
Contas feitas, tudo se decidirá em função da gama e dos preços que a Hyundai pedir pelo Santa Fé. É um carro grande que “esconde” essas dimensões de forma admirável quase convencendo o utilizador que é um carro ágil, tem um interior de qualidade, confortável e espaçoso e, finalmente, acaba por ser mais agradável e até divertido de conduzir que a maioria dos seus rivais.
O Autosport já não existe em versão papel, apenas na versão online.
E por essa razão, não é mais possível o Autosport continuar a disponibilizar todos os seus artigos gratuitamente.
Para que os leitores possam contribuir para a existência e evolução da qualidade do seu site preferido, criámos o Clube Autosport com inúmeras vantagens e descontos que permitirá a cada membro aceder a todos os artigos do site Autosport e ainda recuperar (varias vezes) o custo de ser membro.
Os membros do Clube Autosport receberão um cartão de membro com validade de 1 ano, que apresentarão junto das empresas parceiras como identificação.
Lista de Vantagens:
-Acesso a todos os conteúdos no site Autosport sem ter que ver a publicidade
-Desconto nos combustíveis Repsol
-Acesso a seguros especialmente desenvolvidos pela Vitorinos seguros a preços imbatíveis
-Descontos em oficinas, lojas e serviços auto
-Acesso exclusivo a eventos especialmente organizados para membros
Saiba mais AQUI