BMW 425d Coupé – Ensaio
BMW 425d Coupé
Texto: Filipe Pinto Mesquita ([email protected])
No meio é que está a virtude!
O novo Serie 4 sofreu uma suave operação de cosmética, tanto no exterior como no interior, que lhe permitiu modernizar-se e ganhar novos argumentos de conquista. A versão 425d, meio termo entre a mais popular 420d e a mais exclusiva 435d XDrive, é seguramente a mais equilibradas.
Apesar dos “sub-géneros” criados pelos construtores automóveis, os Coupé parecem ter sempre lugar na história, por mais o tempo que passe. Mesmo se para os mais preciosistas, um motor diesel é sinónimo de sacrilégio neste tipo de carroçaria, a versão 425d da BMW pode facilmente servir de contra-argumento a esta tese. Sedutor e dinamicamente muito capaz, fruto das boas performances e bom comportamento oferecido, o irmão do meio da família diesel Serie 4 Coupé é sempre uma opção séria para levar em conta.
Exterior
Nascido em 2013, o Série 4 Coupé da BMW recebeu agora um justo restyling, que modernizou o segundo coupé da linha hierárquica da marca bávara, tornando-o mais atraente, sem perder a capacidade expressiva das suas dinâmicas linhas exteriores. Aliás, com as pequenas alterações introduzidas, o Coupé ganhou “raça”, mas ficou ainda longe de uma revolução.
À frente, é o desenho das novas entradas de ar que assume o estatuto de novidade, num “refresco” do visual que muito saiu a ganhar com a adoção grupos óticos em LED (incluindo as luzes de nevoeiro), e que, na versão desportiva M (extra de 3.250 €), ganha também um desenho mais “agressivo” dos para-choques. Visto ao pormenor não é um M4, mas, para os menos atentos, é facilmente confundido com a vestimenta do superdesportivo ou da mais radical versão do Serie 4 Coupé. Contudo, as dúvidas terminam se se der uns passos em direção à parte traseira, onde as semelhanças terminam abruptamente. Atrás, os também novos faróis LED ajudam a personalizar ainda mais o carácter deste Coupé, tal como o redesenho da tampa da bagageira, agora com ângulos mais pronunciados. O leque de novidades cresce igualmente com a adoção de jantes de liga leve de 19’’ de cinco raios duplos, com a assinatura “M”.
Interior
Tal como no exterior, também o interior recebeu retoques evolutivos, próprios de um restyling e não de um novo modelo. Aplicações com cromados nos controlos para o ar condicionado e sistema de som, uma consola central em preto de alto brilho e rebordos galvanizados juntos das saídas de ventilação e dos controles nas portas tornam o Série 4 Coupé mais elegante, tornando-o levemente rejuvenescido. Para isso também contribui o volante desportivo de série, mais grosso e com melhor qualidade tátil. Nesta versão do 425d Coupé (com Pack Desportivo M interior), os bancos desportivos, com acentuado apoio lombar e ajustes elétricos com memória, revelam-se de aconchego perfeito para o corpo, não prejudicando a habitabilidade nos lugares da frente, que é generosa, enquanto atrás dois adultos, de estatura média, também viajam de forma minimamente confortável, ainda que não à larga, sendo o maior problema o acesso aos bancos traseiros (devido ao facto dos dianteiros não circularem sobre as calhas automaticamente para a frente).
Por outro lado, o painel de instrumentos digital e multifuncional (extra de 329 €), pode agora ser alterado de acordo com o botão de Modo de Experiência selecionado, variando a fisionomia, tipo de indicações e as cores, com o azul para “Eco Pro”, o preto/branco no “Comfort”, e o vermelho para o “Sport” e “Sport+”.
Equipamento reforçado com sensores de luz, chuva e estacionamento e sistema de navegação (opcional na versão profissional) são também novidades, a par das novas e mais intuitivas funções no sistema de navegação e telefone, que se juntam à reorganização do visor iDrive, com leitura mais fácil, visual mais apelativo e moderno e que permite, inclusive, ao utilizador, priorizar os menus, para si, mais importantes.
Ao volante
Com bastante mais fulgor que o mais comercializável em Portugal 420d, o 425 d faz jus aos pergaminhos do comportamento dinâmico da marca da hélice, que continua a surgir como referência neste capítulo. Neste caso, o elástico motor de 224 cv “puxados” do mesmo bloco do 420d (que tem “apenas” 190 cv) e a rápida e precisa caixa automática Steptronic de 8 velocidades (com dispositivo de troca de passagens no volante, vulgo “patilhas”, são dois trunfos fundamentais, mas uma nova afinação do chassis e da direção revelam-se igualmente importantes para uma dinâmica globalmente mais apurada. As novas configurações da suspensão, mostram superior flexibilidade, ao mesmo tempo que ajudam a travar movimentos mais oscilatórios da carroçaria, contribuindo para um comportamento mais desportivo. Com uma carga elevada de binário, na ordem dos 450 Nm, a motricidade só com o ESP totalmente desligado e em situações limite é posta em causa, permitindo algum divertimento extra com pequenas derivas de traseira, sempre fáceis de resolver (o que atesta mais uma vez a nobreza do chassis), com um golpe de volante e a dose de acelerador certa.
Não se tratando de um superdesportivo, este 425d permite já atingir performances respeitáveis (247 km/h e 6.1s dos 0-100 km/h), sempre salvaguardado pela destreza do seu comportamento prático e segurança que transmite a velocidades mais elevadas, que, por vezes, nos fazem esquecer que estamos ao volante de um carro diesel.
Na altura de travar, o sistema de discos ventilados à frente e atrás, mostra-se sempre à altura das necessidades, incutindo confiança extra ao condutor, que pouco ou nada se precisa de preocupar a ritmos mais baixos, onde a agradabilidade de condução e o nível de conforto recebem nota francamente positiva.
Sistemas de Assistência à Condução, Segurança e Conetividade
Ao nível da segurança, o 425d Coupé não está propriamente “mal vestido” ou seja, inclui todos os mais convencionais dispositivos de segurança ativa e passiva. O problema é que uma boa parte dos mais avançados sistemas de ajuda à condução fazem parte da lista de equipamento opcional, com o Assistente de condução, o Cruise Control adaptativo com função Stop&Go, o Assistente de aviso de mudança de faixa de rodagem ou mesmo a câmara traseira a serem um bom exemplo da tradicional estratégia das marcas premium em contemplar um mundo à parte de itens na secção dos extras. Ainda assim, espelhos interiores anti-encadeamento, pneus Runflat, ou Assistente de luzes máximos são “bónus” para o condutor deste 425d.
Falando da conectividade, este BMW aparece bem apetrechado, respondendo às principais necessidades do condutor moderno, com o sistema BMW ConnectedDrive a oferecer um Assistente de mobilidade personalizado e digital. Hotspot que permite conectar até 10 dispositivos móveis e duas portas USB para ligação ao mundo digital, são apenas dois dos atributos em matéria de conectividade deste 425d Coupé.
Equipamento Opcional
Com menos equipamento opcional que os rivais alemães de outras marcas, a lista de equipamento extra é relativamente comedida, pelo menos, na unidade ensaiada. O principal opcional e que transfigura a imagem deste BMW é o kit de versão desportiva M exterior e interior que tem um preço de 3.211 €, onde estão incluídos os bancos dianteiros desportivos, os frisos em alumínio Carbon com acabamentos em brilho pérola, o volante desportivo M em pele, o Pack (exterior) aerodinâmico M, os frisos exteriores Shadow Line BMW Individual, o forro do tecto antracite BMW Individual, mas onde as jantes de liga leve 19’’ (com pneus mistos 225/40R19 à frente e 225/35R19 atrás) obrigam a um acréscimo de 804 €, tal como a suspensão adaptativa, que faz parte do kit, mas lhe acrescenta 602 €.
Depois, como opcionais, há que contar com a transmissão automática desportiva Steptronic (1.976 €), o alarme (169 €), a câmara traseira (354 €), os vidros de proteção solar (297 €), o ajuste elétrico do banco do condutor com memória (927 €), o apoio lombar dos bancos dianteiros (211 €), as luzes adaptativas LED (1.000 €), o aviso de alteração de faixa de rodagem (472 €), o Assistente de condução (439 €), o Cruise Control ativo com função Stop&Go (537 €), o Surround View (328 €), o Assistente de estacionamento (297 €), o Sistema de navegação profissional (634 €), o Sistema de som Harman/Kardon (919 €), o Sistema de informação de trânsito em tempo real (127 €), os Serviços Concierge (211 €), os Serviços Remote (67 €), a conectividade aparelhos móveis, Bluetooth e USB com carregamento wireless (337 €) e, finalmente, o painel de instrumentos multifuncional (329 €).
Tudo somado, são ainda assim, 16.377 € de extras!
Consumos
Guloso, mas não demasiado! É assim o apetite desde 425d Coupé que fica longe das médias de consumo anunciadas pelo fabricante – na ordem dos 4.7 litros/100 km -, mas que não se torna verdadeiramente abusivo, se tivermos consciência que debaixo do pé direito estão quase 230 cv de potência, prontos a responder com inesgotável energia. Mais pragmaticamente, é melhor contar com médias de 7,2 l/100 km, mas se quiser tentar transformar o carro num verdadeiro desportivo, usando e abusando das rotações mais elevadas, então será melhor precaver-se para médias a rondar os 10 l/100 km. Apesar de tudo, muito aceitáveis, para o que o 425d lhe pode oferecer.
Preço, motorizações e versões disponíveis
A versão base deste 425d Coupé vale, à saída do importador BMW, 50.624 €, mas pode crescer quase 30%, somados muitos dos extras disponíveis, o que equivale a dizer que rondará os 70.769 € (preço da unidade ensaiada). Mas no Série 4, com motorizações diesel poderá encontrar outras opções menos dispendiosas como 418d (versão com 150 Cv e preço de 45.960 €) e 420 d (com 190 Cv e custo de 48.850 €). Se o 425d não for suficiente para as suas necessidades, então a BMW propõe-lhe o 435d xDrive Auto (com 313 Cv por 76.950 €, na sua versão base, claro!). Mas se é fã das motorizações a gasolina e os consumos não são um problema, então também poderá optar pelos Serie 4 420i (184 cv, 46.710 €), 430i (252 cv, 51.660 €), 440 i (326 cv, 67.400 €), para além do mais agressivo e radical M4, cuja potência ascende já aos 431 cv e o preço se cifra nos 103.860 €).
Concorrentes
- Alfa Romeo Giulia 2.2 Diesel 180 Super (45.350 €, 2.1 cc, 180 cv, 230 km/h, 7.2 0-100 km/h, 4,2 l/100 km e 109 g/km)
- Audi A5 2.0 TDI 190 S Tronic (49.870 €, 2.0 cc, 190 cv, 238 km/h, 7.7s 0-100 km/h, 4,1 l/100 km e 107 g/km)
- Lexus RC 300h (49.560 €, 2.5 cc, 223 cv, 190 km/h, 8.7s 0-100 km/h, 4.7 l/100 km e 108 g/km)
- Mercedes-Benz C 250 d Coupé Auto (52.900 €, 2.1 cc, 204 cv, 247 km/h, 6.7s 0-100 km/h, 4.2 l/100 km e 115 g/km)
Com a motorização 425d o Serie 4 Coupé quase não tem rivais diretos. Na Alfa Romeo e Audi, os motores diesel “acabam” mais cedo ou seja, têm menos potência e, por isso, piores performances, com os interiores a poderem corresponder ao do BMW. O mesmo sucede na Mercedes, mas o 250d consegue, com menos 21 cv, ser bastante mais “atrevido” se comparado com o Giulia e o A5, mas, sofrendo do preço que é mais elevado que o do BMW. Menos vulgar e, por isso, também mais atrativo, pela diferença poderá ser o Lexus RC 300h, que não tem a mesma dinâmica que o RC300 h, mas tem uma motorização híbrida (gasolina e elétrica) que, nos tempos que correm, pode ser uma boa solução a pensar no futuro.
Balanço Final
A BMW aplicou boa parte da sua experiência em matéria de Coupés, neste 425d. Sem revolucionar, o upgrade estético e funcional feito, trouxe pequenas melhorias ao Serie 4, que permitiram alinhá-lo com a concorrência em quase todas as suas vertentes. Mas continua a ser no capítulo dinâmico que mais furor faz este Coupé, que com motor “cheio”, consumos moderados e comportamento tão divertido quanto eficiente, se torna muito apetecível. Só a lista base de equipamento poderia ser maior pelo mesmo preço!
Mais: Motor possante, caixa rápida e comportamento dinâmico
Menos: Opcionais, Acesso aos lugares traseiros, ausência de travão de mão elétrico
FICHA TÉCNICA
Motor
Tipo – 4 Cilindros, injeção direta, turbodiesel, intercooler
Cilindrada (cm3) – 1995
Diâmetro x curso (mm) – 90,0 x 84,0
Taxa de compressão – 16,5:1
Potência máxima (cv/rpm) – 224/4400
Binário máximo (Nm/rpm) – 450/1500-3000
Transmissão, direção, suspensão e travões
Transmissão e direção – Tração traseira, caixa automática Steptronic 8 vel.; direção de pinhão e cremalheira elétrica-mecânica
Suspensão (fr/tr) – Independente McPherson/Duplos triângulos
Travões (fr/tr) – Discos ventilados / Discos ventilados
Prestações e consumos
Aceleração 0-100 km/h (s) – 6,1s
Velocidade máxima (km/h) – 247 km/h
Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) 4.1/5.0/4.4
Emissões de CO2 (g/km) – 116
Dimensões e pesos
Comp./largura/altura (mm) – 4640/1825/1377
Distância entre eixos (mm) – 2810
Largura de vias (fr/tr) (mm) – 1547/1593
Peso (kg) – 1590
Capacidade da bagageira (l) – 445
Pneus (fr/tr) – 225/50 R 17 / 225/50 R 17
Preço base (€) – 50.624 €
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