Faltam 85 dias para o Rali de Portugal: As memórias de Timo Salonen do Vinho do Porto 1985

Timo Salonen sagrou-se Campeão do Mundo de Ralis (WRC) em 1985, com o Peugeot 205 Turbo 16 E2. Nesse ano, venceu um total de cinco provas, a começar exatamente no Rali de Portugal/Vinho do Porto. Mas a sua não foi uma vitória da ciência de uma maior pilotagem – ou tão-somente, de um domínio inequívoco na estrada.
Na verdade, Salonen parecia destinado a terminar o rali português no segundo lugar, atrás de Walter Röhrl, rapidíssimo e inalcançável, ao volante do imponente Audi Sport Quattro – e isto apesar de os carros franceses serem nitidamente os favoritos.
Só que a fiabilidade trocou as voltas aos que mais fizeram para ganhar. Primeiro, foi Ari Vatanen a desistir, em Arcos Portela, deixando Röhrl no comando. Só que a sorte deste não foi melhor – em Arganil, problemas com a caixa de velocidades fizeram-no penalizar cinco minutos, entregando de bandeja o triunfo a Salonen. Que agradeceu e o comemorou com um dos seus famosos cigarros, fumado avidamente ainda dentro do “cockpit” do 205…
Salonen contou ao AutoSport as suas memórias do Vinho do Porto de 85: “Lembro-me muito bem do Rali de Portugal. Apesar de ainda não ter direção assistida, a equipa instalara uma direção com uma cremalheira maior e isso tornava-a mais leve e permitia-me curvar mais facilmente. O Ari teve problemas e partiu a suspensão de uma das rodas e eu fiquei sozinho a defender as cores da Peugeot. Foi um rali em que o azar bateu à porta de outros pilotos, nomeadamente do Walter Röhrl e, no meu caso, isso não aconteceu, pelo que consegui levar o carro inteiro até ao final e ganhei. Era sempre um rali marcado pela presença de muitos espectadores, como em Sintra ou Fafe mas também havia outros sítios, no norte mais profundo, onde era possível conduzir sem aquela moldura humana à beira da estrada e aí conseguíamos conhecer o verdadeiro prazer de conduzir nas estradas portuguesas” disse Salonen que recordou como era insano competir naquela altura em troços repletos de espectadores como os da Serra de Sintra: “Era muito difícil. Na maioria das vezes, só tínhamos metade da estrada disponível. O resto, estava ocupado com espectadores e o sentimento de conduzir um carro de grupo B naquelas condições não é o melhor. A preocupação apoderava-se de nós e, no meu caso, eu não gostava de andar a fundo naquelas condições. O asfalto de Sintra era traiçoeiro, a aderência variava de curva para curva e a probabilidade de sair de estrada era grande, o que se tornaria numa tragédia, tal era a quantidade de pessoas à nossa volta.”







