Balanço do CPR 2024: domínio vs consistência, imprevisibilidade e emoção até ao fim
Kris Meeke conquistou o título do CPR 2024 após temporada marcada por algumas reviravoltas e muita emoção. Armindo Araújo e Kris Meeke protagonizaram uma batalha intensa até a última prova, mas ao domínio de Meeke, Armindo respondeu com consistência e depois a imprevisibilidade moldou uma das temporadas mais emocionantes dos últimos anos.
O Campeonato de Portugal de Ralis de 2024 foi uma competição bastante emocionante, com vários fatores a influenciar o seu resultado. O título foi para Kris Meeke, mas os problemas de fiabilidade do Hyundai i20 N Rally2 em duas provas abriram possibilidades a Armindo Araújo, que venceu esses dois ralis, e com isso levou a decisão para os dois últimos eventos do campeonato. Contudo, o seu acidente no Rali da Água facilitou a vida a Kris Meeke, que por sua vez sofreu uma penalização na última prova da competição, que o obrigou a lutar ao máximo para conseguir recuperar e assegurar os pontos que precisava para vencer o campeonato, o que conseguiu.
O domínio de Kris Meeke foi-se manifestando claramente nas primeiras provas, vencendo as quatro primeiras, mostrando um ritmo claramente superior aos seus adversários. Este domínio inicial foi crucial para a sua vitória final no campeonato, apesar dos problemas que enfrentou em Castelo Branco e na Madeira.
A consistência de Armindo Araújo, cotando-se como o melhor piloto luso na maioria das provas, foi importante, com o piloto do Skoda Fabia RS Rally2 a terminar sempre nos lugares da frente, mesmo quando não vencia.
Esta consistência permitiu-lhe lutar pelo título até à última prova, mas o abandono no Rali da Água foi uma forte machadada nas suas aspirações…
Os problemas mecânicos também foram parte importante do CPR 2024: diversos pilotos, incluindo Kris Meeke, Armindo Araújo e Ricardo Teodósio, sofreram problemas mecânicos ao longo do campeonato, uns mais relevantes que outros. Nos casos de Meeke e especialmente Ricardo Teodósio, estes problemas tiveram um impacto significativo no resultado final. Meeke chegou a perder a liderança do campeonato devido a problemas nas provas do Rali de Castelo Branco e do Rali da Madeira e Teodósio cedo ficou afastado das lutas na frente.
Mas não só, pois também existiram erros significativos de pilotagem. José Pedro Fontes, por exemplo, desistiu na última especial do Rali da Madeira quando estava em segundo lugar e a lutar pela vitória. Ricardo Teodósio lutava por um bom resultado quando se despistou violentamente no Rali Terras d’Aboboreira, mas o erro mais significativo foi o de Armindo Araújo no Rali da Água, porque tornou bastante mais difícil a sua possibilidade de chegar ao título.
A imprevisibilidade é quase sempre uma das características dos ralis, e o CPR de 2024 não foi exceção. As condições climatéricas, os problemas mecânicos e os erros de pilotagem podem acontecer a qualquer momento, mudando o rumo da competição e isso voltou a ver-se no campeonato deste ano.
Em suma, a combinação do domínio inicial de Meeke, a consistência de Araújo, os problemas mecânicos, os erros de pilotagem e a imprevisibilidade inerente aos ralis moldaram o resultado final do Campeonato de Portugal de Ralis de 2024. Quando se esperava inicialmente que o CPR 2024 fosse um autêntico passeio para Kris Meeke, a competição só foi decidida apenas na última prova, com o irlandês a assegurar o título mesmo em “cima da meta”. A emoção e incerteza que normalmente caracterizam este desporto, não faltaram no CPR 2024.
Como evoluiu a classificação do CPR 2024 ao longo da temporada?
A classificação do CPR 2024 evoluiu de forma dramática ao longo da temporada, com mudanças significativas na liderança e entre os principais candidatos ao título.
Kris Meeke iniciou a temporada de forma dominante, vencendo as quatro primeiras provas (Rali Serras de Fafe, Rali do Algarve, Rali Terras d’Aboboreira e Rali de Portugal). Este domínio inicial colocou-o numa posição confortável no campeonato. Armindo Araújo, com a sua consistência, era o principal perseguidor, tendo ficado em segundo lugar em três das quatro primeiras provas.
No entanto, a partir do Rali de Castelo Branco, a sorte começou a mudar. Kris Meeke sofreu problemas mecânicos que o atrasaram na classificação, permitindo a Armindo Araújo alcançar a sua primeira vitória na temporada e reduzir a diferença na classificação.
No Rali da Madeira, a reviravolta aconteceu. Meeke voltou a sofrer problemas no seu carro, desta vez logo na super especial de abertura, o que o impediu de lutar pela vitória. Armindo Araújo aproveitou a oportunidade para vencer a prova e assumir a liderança do campeonato. Esta mudança de liderança a duas provas do final da temporada demonstrou bem a imprevisibilidade do CPR, e tem sido assim nos últimos anos.
A penúltima prova, o Rali da Água, foi marcada pela saída de estrada de Armindo Araújo, que o atrasou significativamente na classificação. Com esta infelicidade do seu adversário, Meeke recuperou a liderança do campeonato e ficou em posição privilegiada para conquistar o título.
No Rali Vidreiro, a última prova da temporada, a decisão do título foi até à Power Stage. Apesar de ter vencido o rali, Armindo Araújo precisava que Meeke terminasse em quarto lugar ou abaixo para ser campeão. No entanto, o piloto irlandês, mesmo com problemas durante a prova, a forte penalização, conseguiu, ainda assim, garantir o terceiro lugar e os pontos necessários para se sagrar campeão do CPR 2024.
O resumo da prestação dos principais pilotos da competição
Kris Meeke: O piloto irlandês começou a temporada de forma arrasadora, com um ritmo imbatível que lhe valeu vitórias consecutivas em Fafe, Algarve, Aboboreira e no Rali de Portugal. No entanto, problemas mecânicos em Castelo Branco e na Madeira, incluindo um princípio de incêndio na super especial do Rali da Madeira, comprometeram a sua liderança. Apesar destes contratempos, Meeke recuperou na última prova, o Rali Vidreiro, garantindo o terceiro lugar e os pontos necessários para se sagrar campeão do CPR 2024.
Armindo Araújo: Araújo demonstrou uma consistência notável ao longo da temporada, terminando sempre entre os primeiros lugares. A sua performance foi marcada por uma luta constante com Meeke pelo topo da classificação, ainda que na maioria dos casos a uma distância considerável. Araújo alcançou a sua primeira vitória em Castelo Branco e assumiu a liderança do campeonato após vencer o Rali da Madeira. Apesar de ter vencido o Rali Vidreiro, a última prova do campeonato, o piloto do Skoda perdeu o título para Meeke por apenas dois pontos.
Ricardo Teodósio: Campeão em título, o algarvio teve uma temporada marcada por poucos altos e muitos baixos. Conquistou um terceiro lugar no Rali do Algarve e segundo na Madeira e no Rali da Água, mas problemas mecânicos e erros de pilotagem prejudicaram a sua habitual consistência. Pela primeira vez desde 2020, não venceu qualquer rali do CPR.
José Pedro Fontes: Fontes demonstrou um bom andamento, especialmente em pisos de asfalto. Esteve na luta pela vitória em Castelo Branco e na Madeira, mas um acidente na última especial da prova da Pérola do Atlântico e problemas mecânicos em Chaves impediram-no de alcançar melhores resultados. Como habitualmente, tem tido bem mais dificuldades na terra, foi 5º em Fafe, no Algarve andou longe da frente até ter problemas, terminando ainda bem pior, na Aboboreira desistiu com um problema na suspensão do C3, e foi 2º no Rali de Portugal.
Pedro Almeida: Almeida teve uma temporada em crescendo. O seu melhor resultado foi um terceiro lugar no Rali Terras d’Aboboreira e Rali da Água, mostrando uma evolução consistente ao longo do ano, depois de um começo muito azarado com a lesão de Mário Castro em Fafe saindo depois de estrada no Rali do Algarve. Foi um ano em que mostrou estar um ‘bocadinho’ mais perto dos lugares da frente, mas ainda lhe falta algum caminho…
Ernesto Cunha: foi o seu primeiro ano a tempo inteiro nos Rally2, mas quem o viu no primeiro rali do ano em Fafe e no fim do ano, notou uma grande evolução, na terra como no asfalto. Foi ao pódio no asfalto da Madeira, mas está para já, ainda a andar melhor em terra. Fafe não lhe correu bem, mas no Algarve fez uma boa exibição coroada com o quarto lugar. Foi quinto na Aboboreira e desistiu no Rali de Portugal. Em Castelo Branco, para o segundo ‘semestre’, agora em asfalto, teve mais dificuldades, mas acabou o ano já num bom ritmo apesar de um toque e abandono em Chaves.
Rúben Rodrigues: O piloto açoriano teve uma estreia promissora no CPR, com um excelente quarto lugar no Rali Serras de Fafe. Apesar de um abandono na Aboboreira, a sua performance inicial sugere um futuro brilhante na competição, e era bem importante para o CPR 2025 que o açoriano reunisse apoios para conseguir disputar a competição, pois pelo que já mostrou era capaz de ‘virar o tabuleiro’ no CPR….
João Barros: O experiente piloto regressou ao CPR para participar em algumas provas. Apesar de não ter lutado pelo título, só fez cinco provas, Barros demonstrou a sua qualidade com um quarto lugar em Castelo Branco e um bom andamento no Rali da Água, antes de ser forçado a abandonar. Seja como for, os dois abandonos em Fafe e Aboboreira foram custosos. Em Fafe estava a ‘crescer’, abandonou, na Aboboreira, quase a mesma coisa.
Das 2RM, falaremos noutro artigo. Os pilotos de Rally2 ficaram classificados até ao sexto posto, daí para a frente ficaram os ‘rapazes’ das 2RM, com algumas prestações de grande relevância, especialmente o Campeão, Gonçalo Henriques e o vice-campeão, Hugo Lopes.
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