Do nascimento à revolução híbrida: a fascinante evolução do Mundial de Ralis

Por a 9 Dezembro 2024 11:01

Desde a sua criação em 1973, o Mundial de Ralis (WRC) tem sido palco de transformações tecnológicas e emocionantes reviravoltas. De carros icónicos e muito potentes – para a altura – como os lendários Grupos B, à chegada da sustentabilidade com os híbridos da categoria Rally1, cada era trouxe uma revolução e espetáculos únicos. Entre momentos de glória e desafios, o WRC não apenas moldou o automobilismo, mas também refletiu as mudanças sociais e ambientais de cada época, mantendo viva a essência de inovação e adrenalina que cativa gerações de adeptos.

Numa altura em que se traça o futuro, o WRC vai reinventar-se para continuar a cotar-se como a segundo disciplina mais importante do desporto motorizado mundial.

O Mundial de Ralis, desde a sua criação em 1973, tem sido palco de uma evolução fascinante na tecnologia, com cada era a trazer a sua própria revolução mecânica e espetáculo visual.

A Génese: 1973 – Os Quatro Mosqueteiros

Em 1973, o WRC nasceu com uma mistura eclética de máquinas. Quatro grupos distintos competiam lado a lado, como os quatro mosqueteiros, leia-se, Grupos. O Grupo 1, com os seus carros de turismo de produção em série, representava o homem comum na estrada. O Grupo 2 trazia os carros de turismo mais aprimorados, enquanto o Grupo 3 exibia a produção em série com um toque de sofisticação. Já o Grupo 4, era o topo, com os seus carros de turismo modificados, eram os rebeldes da família, e os mais competitivos.

A Revolução: 1982 – O Nascimento dos Grupos Lendários

1982 marcou uma viragem significativa. O Grupo N substituiu o Grupo 1, trazendo uma abordagem mais rigorosa à produção em série. O Grupo A, sucessor do Grupo 2, tornou-se o novo padrão para carros de turismo. Mas foi o Grupo B que roubou os holofotes, substituindo o Grupo 4 e inaugurando uma era de potência desenfreada e design radical.

O Fim de uma Era: 1986 – O Adeus ao Grupo B

O ano de 1986 ficou marcado na história como o crepúsculo do lendário Grupo B. Estes monstros de potência, que tinham capturado a imaginação dos fãs, foram banidos devido a preocupações de segurança, encerrando uma era de excessos, mas de muito espetáculo e emoção. Infelizmente também de tragédias…

A Era da Razão: 1987 – O Reinado do Grupo A

Com o Grupo B fora de cena, 1987 viu o Grupo A assumir o trono como a categoria de elite. Enquanto isso, o Grupo N tornou-se o refúgio dos pilotos privados, oferecendo uma opção mais acessível e económica para os aspirantes a campeões. Foi a maior mudança em sentido inverso, com carros que eram muito menos competitivos que os ‘monstros’ de Grupo B, a última evolução dos Supercarros.

O Grupo A reduziu a cerca de metade as potências dos motores e o Mundial de Ralis teve de fazer uma travessia do deserto. Mas rapidamente as marcas começaram a criar carros cada vez mais competitivos, e os Grupo A de 1987 nada tinham a ver com os mesmos carros de 1992-1996.

A Revolução Técnica: 1997 – Nasce o World Rally Car

Em 1997, o WRC entrou em cena uma nova era com a introdução da especificação World Rally Car. Esta mudança abriu as portas para uma nova geração de máquinas de rali, combinando tecnologia bem mais avançada com desempenho espetacular. Foi aqui que o WRC deu um significativo pulo competitivo, sendo que nesta altura os adeptos do WRC já se tinham ‘esquecido’ dos Grupos B. Esta fase do WRC foi, talvez, das melhores da sua história.

A Era da Eficiência: 2011 – Downsizing em alta velocidade

Só que a tecnologia avançada e no começo da segunda década do Séc. XXI a eficiência dos motores tinha ganho uma importância acrescida. 2011 trouxe uma mudança significativa com a introdução de novos World Rally Cars equipados com motores de 1.6 litros (ao invés dos anteriores 2.000cc). Esta mudança para motores menores e mais eficientes marcou uma nova direção para os ralis, equilibrando desempenho e sustentabilidade.

O Regresso da potência: 2017 – A Aerodinâmica encontra a ‘força bruta’

Em 2017, o WRC abraçou novamente a potência dos motores. Os carros ganharam uma aerodinâmica mais agressiva e um aumento significativo de potência, ‘saltando’ de 300 para uns impressionantes 380 cavalos. Esta mudança trouxe de volta bem mais espetáculo visual e sonoro que os fãs tanto adoram. Estes carros que se despediram em 2021 ficarão na história como os mais evoluídos tecnologicamente na mecânica utilizada, e como os mais rápidos de sempre da história do WRC, porque os que se seguiram, com os sistemas híbridos, eram mais rápidos, em determinados momentos e condições. Mas os WRC 2017/21 eram eficazes em todo o lado e com todo o tipo de troços. Num eventual confronto direto, se bem afinados (eram bem mais complexos de afinar) os WRC 2017/21 eram mais eficientes.

O Futuro Sustentável: 2022 – A Era Híbrida

A mais recente revolução chegou em 2022 com a introdução da categoria Rally1. Estes novos carros combinam um chassis tubular, redesenhado com motores híbridos, marcando o compromisso do WRC com a sustentabilidade sem sacrificar a emoção da competição. Sem dúvida, carros muito rápidos e espetaculares, mas também estupidamente caros e isso, com a fraca Promoção do WRC, ao momento que vive o mundo em geral e a indústria automóvel em particular tem levado a cada vez maiores dificuldades e por isso, a FIA dá agora um passo atrás de modo a solidificar o WRC, para depois o fazer crescer de novo. Se resulta, é outra história que só o futuro o dirá…

Na verdade, cada era do WRC trouxe a sua própria marca de inovação e emoção, refletindo não apenas a evolução da tecnologia automobilística, mas também as mudanças nas atitudes sociais e ambientais. De monstros de potência a máquinas híbridas de alta tecnologia, o WRC continua a ser um terreno de testes para o futuro do automobilismo.

Por isso, agora, resta aguardar pelo detalhe e esperar para ver como tudo evolui. Não esquecendo que até lá temos mais dois anos com os Rally1, já com as novidades impostas recentemente pela FIA.

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