F1: Será que em 2025 vamos ter equipas a levantar o pé?
2026 será um ano importante para as equipas da F1. Com a entrada de um novo regulamento técnico, teremos novas unidades motrizes (mais simplificadas e mais dependentes das baterias) e uma nova filosofia aerodinâmica. Algumas equipas poderão ficar tentadas em fazer um “all in” em 2026, comprometendo 2025, para começar em força na nova era.
O diretor da equipa Ferrari, Fred Vasseur, acredita que as restrições aos testes aerodinâmicos da Fórmula 1 (ATR – aerodynamic testing regulations) poderão ter um impacto significativo na competição em 2026.
Com a próxima revisão dos motores turbo-híbridos e das regras aerodinâmicas da F1, as equipas podem optar por concentrar os seus recursos em 2026, em vez da época de 2025, para obterem um avanço no desenvolvimento.
O sistema ATR atribui o tempo de testes em túnel de vento e CFD com base na classificação dos campeonatos de construtores, sendo que as equipas com classificações mais baixas têm mais tempo para desenvolver. Vasseur sugere que algumas equipas podem deliberadamente ter um desempenho inferior em 2025 para ganhar mais tempo de ensaio, especialmente após a reposição a meio da época, maximizando o seu tempo de testes aerodinâmicos para 2026. Esta abordagem poderá ser uma vantagem estratégica, uma vez que as equipas de topo poderão ter de dividir os recursos entre as duas épocas, enquanto as equipas de classificação inferior se dedicam ao desenvolvimento de 2026.
“Não é crítico, neste período, se alguém tem uma vantagem e recebe mais tempo[no túnel de vento]”, disse ele. “Isto porque atualmente estamos a fazer pequenos progressos em cada corrida. Mas o que vai mudar o jogo pode ser 2026 porque algumas equipas que talvez não estejam a lutar pelo campeonato no próximo ano podem decidir: ‘Ok, para ’25 não nos importamos se se ficarmos mais abaixo no campeonato. Vamos apenas avançar com o projeto de ’26’.”
Regulamentos de Testes Aerodinâmicos – o que são e o que implicam
Os Regulamentos de Testes Aerodinâmicos (ATR) da Fórmula 1 foram concebidos para nivelar as performances, concedendo às equipas com classificações mais baixas tempo extra de testes aerodinâmicos com base na sua posição no campeonato de construtores. Este sistema atribui tempo limite de túnel de vento e de Dinâmica de Fluidos Computacional (CFD) como uma percentagem de “base”, garantindo que as equipas que terminam em posições mais baixas na classificação podem testar mais extensivamente do que as equipas de topo, encorajando uma competição mais próxima.
De acordo com esta escala, à equipa que ocupa o primeiro lugar é atribuído 70% do tempo de teste de base, enquanto as equipas do meio da classificação recebem percentagens progressivamente mais elevadas, como 90% para o quinto lugar. As equipas em último lugar, na 10ª posição, recebem o máximo de tempo, 115%, o que lhes dá um aumento significativo no tempo de teste em relação às equipas de topo. Estes ajustamentos aplicam-se tanto aos ensaios em túnel de vento como às simulações CFD, permitindo às equipas menos bem classificadas um acesso adicional a estes valiosos recursos de desenvolvimento.
Cada ano civil é dividido em seis Períodos de Testes Aerodinâmicos (ATP), durante os quais são aplicados estes ajustamentos. A escala é redefinida duas vezes em cada época para refletir as classificações a meio e no final da época. De janeiro a junho, as atribuições de testes são determinadas com base na ordem final do campeonato da época anterior. A partir de julho, as dotações são recalculadas com base na classificação da época em curso a meio, permitindo que as equipas menos bem posicionadas aumentem o seu desenvolvimento aerodinâmico na segunda metade do ano.
Esta escala não só tem impacto no número de ensaios em túnel de vento permitidos, como também aumenta os recursos informáticos atribuídos às simulações CFD, vitais para analisar e otimizar a aerodinâmica dos automóveis. As equipas com classificações mais baixas podem, por conseguinte, gerar mais dados de simulação, permitindo aperfeiçoamentos adicionais essenciais para melhorar o desempenho.
Fará sentido levantar o pé?
Equipas do meio da tabela poderão ficar tentadas em usar a estratégia. No entanto, a questão do dinheiro é também importante. Quanto melhor a classificação final, mais dinheiro a equipa recebe ao fim do ano e neste negócio, o dinheiro é importante. Cada equipa terá de ponderar bem a relação custo/ benefício. Em teoria, parece pouco provável termos equipas a levantar o pé a pensar na próxima época, onde não é garantido que tenham sucesso. A mentalidade das equipas é sempre tentar ao máximo ter sucesso a curto prazo, pois o futuro nunca é garantido. Mas como este sistema de escala de tempo de testes é relativamente recente, ainda pode ser explorado de outras formas.