TOYOTA GAZOO Racing Caetano Portugal: Uma volta com Pedro Salvador e Bruno Magalhães
A TOYOTA GAZOO Racing Caetano Portugal está a alargar o seu projeto desportivo, com o ano de 2025 a marcar o arranque de uma nova era, com presença em três frentes. O que isso significa? Três diferentes palcos, três campeonatos distintos e… três vezes mais fãs satisfeitos. A Toyota quis mostrar o que poderemos sentir na próxima época, num evento em Portimão… podemos garantir que serão sensações fortes.
Era cada vez menos frequente a aposta das marcas de automóveis no desporto motorizado nacional. Mas, depois de uma fase em que o desinteresse era quase assustador (e incompreensível), vemos agora projetos interessantes a surgir. Sem querer entrar em pormenores sobre o envolvimento das marcas, são apostas como estas que permitem a jovens pilotos e a nomes consagrados mostrarem o que valem. É também assim que os construtores de automóveis se aproximam dos clientes.
Apesar de o impacto do motorsport na sociedade ser menor do que era há 15 ou 20 anos, ninguém pode dizer que é um mau exercício de marketing, para as marcas envolvidas e até para os patrocinadores. Quantas conversas de centenas de fãs implicam recordar o carro, que tinha esta ou aquela decoração. Recordar o carro é recordar a marca, o modelo e os patrocinadores que mais se destacavam na decoração. Mais ainda, os adeptos mais ligados à história do desporto muitas vezes recordam efemérides com fotos nas redes sociais, onde as marcas e os patrocinadores aparecem bem destacados. No fundo, um investimento em publicidade que, potencialmente, permite um retorno que se prolonga. São muito poucas as ações de marketing que perduram tanto no tempo. Porque muito poucas ações se associam a algo que desperta este tipo de paixão.
O que a Toyota está a fazer é algo do género, mas a uma escala raramente vista no nosso país. Ter um projeto que engloba o TT, a velocidade e os ralis é, no mínimo, espantoso para a nossa realidade. São excelentes notícias para os fãs e uma aposta inteligente da Salvador Caetano, reforçando a sua ligação com as corridas, que já vem de há muito tempo. Com isto, promovem o nome da Toyota, da Salvador Caetano e aproximam-se de um público que se interessa muito por automóveis. Ganha a marca, ganham os pilotos e ganham os fãs.
O TT já fazia parte do projeto, com o “homem da casa” João Ramos, a lutar regularmente por triunfos nas provas nacionais, sempre com máquinas nipónicas e este ano com um pouco menos de sorte aos comandos da Hilux T1 + EVO. A aposta na velocidade surgiu no arranque de 2024, com a dupla Bernardo Sousa e Carlos Vieira a assumir o volante do GR Supra GT4 no CPV. Ainda este ano vimos a primeira incursão da estrutura nos ralis, com a estreia em asfalto do GR Yaris Rally2 pilotado por Alexandre Camacho, que lutou pela vitória no Rali Vinho Madeira. No evento da Toyota, tivemos a confirmação que teremos um GR Yaris Rally 2 a tempo inteiro no CPR (o nome do piloto ainda não foi confirmado).
Viver o motorsport por dentro
A TOYOTA GAZOO Racing Caetano Portugal preparou um programa único em Portugal e talvez a nível global. Experimentar as sensações do GR Supra GT4, do GR Yaris Rally 2 e da Hilux T1+ de uma vez. Sentarmo-nos num carro de competição e dar uma volta, só por si, é raro. Fazê-lo em três máquinas distintas, é uma espécie de Natal antecipado que qualquer fã de corridas gostaria de ter.
A primeira experiência foi feita no GR Supra GT4, com a TOYOTA GAZOO Racing Caetano Portugal e a Speedy Motorsport a disponibilizarem os carros para os co-drive. Ao AutoSport calhou ficar no grupo da Speedy Motorsport, com o cicerone Pedro Salvador a explicar, com a já sua habitual eloquência e boa disposição, os pormenores da máquina. Seria o próprio Salvador a fazer os co-drives do lado da Speedy. No lado da TOYOTA GAZOO Racing Caetano Portugal estava um tal de José Pedro Fontes. Dois grandes nomes do nosso desporto para dar umas voltas ao Autódromo Internacional do Algarve.
Um Speedy Salvador
Calhou-nos em sorte sermos os primeiros em pista e, com pneus menos usados, estávamos à espera de uma volta animada. Pedro Salvador tratou de fazer um pouco mais do que uma volta animada. Ofereceu-nos a experiência única de estarmos num carro de competição, com um ritmo nada longe do que os seus pilotos mostraram no dia seguinte nas qualificações.
Estivemos presentes semanas antes num evento da Mercedes (trabalho que será publicado em breve) onde pudemos dar umas voltas ao AIA a conduzir. Tentamos comparar o que fizemos então com o que Pedro Salvador fazia. Um exercício que, à primeira vista, seria engraçado, mas que se tornou demasiado ridículo logo na curva 3. Limitamo-nos a apreciar a violência das sensações e a arte de quem estava ao volante. Pedro Salvador é daqueles nomes que conquistou algo difícil em Portugal… a unanimidade. Goste-se mais ou menos da pessoa, ninguém duvida do talento, e poder ver o artista ao vivo, no mesmo carro, foi um privilégio.
A travagem para a curva da Torre, o mergulho a fundo na Craig Jones, o segundo mergulho na secção da 11 e 12. A beleza do seis cilindros a gritar, as forças que se sentem… Sem esquecer que se trata de um carro mais pensado para Gentleman drivers sendo a porta de acesso ao mundo dos GT. Se isto no GT4 é assim, imagine-se nas categorias superiores. A montanha-russa de Portimão já ao anoitecer, com o Sr. Salvador ao volante, foi um dos momentos que dificilmente esqueceremos. Mas havia mais.
Bruno Magalhães claramente em forma
No dia seguinte tivemos a oportunidade de conhecer a arte de outro nome consagrado do nosso motorsport. Bruno Magalhães era o nosso “Uber”, num pequeno troço de ralis, feito logo ao lado do Kartódromo Internacional do Algarve, gizado com a ajuda de Ricardo Teodósio. Desta vez fomos já dos últimos a experimentar, com o troço algo batido e com a chuva a diminuir drasticamente a aderência.
Mesmo em condições difíceis, Bruno Magalhães mostrou o que sabe fazer. E sabe muito! Logo no início do troço tínhamos um gancho, apertado, com o carro a ter pouca vontade de entrar na curva, dada a pouca aderência, mas Magalhães tratou disso com mestria. O troço é excelente, replicando a sensação de montanha-russa da pista de velocidade. Uma secção rápida, com um pequeno salto, antecedida de uma secção mais sinuosa. No final, uma secção com curvas mais abertas. Tudo isto, num troço já massacrado pelas passagens do Yaris e da Hilux. Apenas uma trajetória disponível, seguida de forma irrepreensível por Bruno Magalhães.
E se no GT4 espantou a violência das travagens e as forças nas curvas, no Yaris ficamos encantados com o controlo do carro, mesmo que as típicas “atravessadelas”. A mente tem alguma dificuldade em entender como um carro que vira para a esquerda, vai depois parar à direita, no único ponto onde pode passar. É quase criminoso que Bruno Magalhães esteja sem competir há dois anos e naquela manhã tratou de mostrar aos muitos jornalistas presentes que não foi por acaso que atingiu o sucesso que conseguiu na sua carreira, até agora.
Um Drive to Survive à portuguesa
Gostaríamos de lhe dar conta das sensações da Hilux, facilmente o carro mais imponente dos três, mas o S. Pedro resolveu dar-nos uma carga de chuva que acabou por tornar o troço demasiado perigoso para garantir a segurança, pelo que as sensações do TT terão de ficar para outra altura.
O que a Toyota proporcionou foi um momento único. E mais que isso, permitiu recordar o porquê de gostarmos tanto disto. Estivemos à conversa com os pilotos, vimos as boxes, sentimos por dentro as sensações dos carros. Continuamos convencidos que qualquer pessoa, por muito que não goste de corridas, ficaria fascinado com este mundo se o vivesse um pouco mais por dentro.
A F1 conseguiu isso com o Drive to Survive, mostrando os bastidores das corridas, o lado humano dos pilotos e dos chefes de equipa. Um Drive to Survive à portuguesa seria muito diferente, por razões que todos entendem, mas permitiria mostrar que também cá o motorsport é interessante. Mas, às vezes basta dar mais acesso aos fãs, falar com eles, mostrar-lhes um pouco deste espantoso mundo. Também cá temos personagens que podem despertar paixões e ódios. Há muito que pode e deve ser explorado.
E quanto ao nosso respeito pelos pilotos… mais uma vez subiu muito. Eles já estão habituados, mas sentir a velocidade e as forças a que estão sujeitos, resolvendo o que parecem acidentes iminentes com um golpe de volante, como quem faz um pisca, só nos faz reforçar a convicção que este desporto é incrível. Não só na parte técnica e de engenharia, mas especialmente do lado humano. A melhor forma de gostar de corridas é ir ver ao vivo, falar com as pessoas, e sentir o muito que há para sentir. Se for, já não volta.