Década de Emoções no CNR/CPR: as últimas 10 decisões épicas
Prepare-se para reviver uma verdadeira montanha-russa de emoções! As últimas dez decisões do Campeonato de Portugal de Ralis nem todas foram um espetáculo à parte, mas a maioria foram-no! Houve finais de temporada que mais pareceram enredos de cinema, onde a linha entre a glória e o desapontamento se desfazia a cada curva. Houve um pouco de tudo, a maioria só se decidiu no último troço, mas também houve anos que nem se chegou a esse último troço…
O CNR/CPR nos últimos anos tem sido muito interessante, e ano após ano, pilotos e equipas entregaram tudo em lutas titânicas, elevando o nível de intensidade a patamares inimagináveis. A disputa pelo título foi sempre feroz, marcada por equilíbrio impressionante e imprevisibilidade que mantiveram adeptos e rivais em suspense até o último troço cronometrado. Ralis em que o mínimo erro, o mais ligeiro deslize, custava caro e onde a pressão de fazer história pesou tanto.
Desde recuperações impossíveis a dramas mecânicos que levaram corações às mãos, nunca faltaram polémicas e discussões acaloradas e táticas de equipa que foram dissecadas ao detalhe. No entanto, se há algo que sempre se manteve inalterado ao longo desta década foi o espírito dos ralis: a dedicação e paixão de todos os envolvidos, culminando invariavelmente em celebrações vibrantes.
Do barro de Fafe ao asfalto do Algarve ou da Marinha Grande, como sucedeu na maioria das temporadas foi um novo capítulo deste épico, escrito por nomes dos melhores que os ralis em Portugal tiveram na sua história.
E, no fim de cada duelo, a festa dos campeões, merecida, suada, inesquecível, coroou não apenas os pilotos, mas também as suas ‘entourages’ numa era de ralis que nunca deixou de nos surpreender e encantar.
Agora, mergulhe neste mar de adrenalina e redescubra as últimas dez finais que definiram uma década de pura magia nos ralis portugueses!
Decisões de título no CPR: Rali da Madeira 2014, Pedro Meireles Campeão
Depois da prova madeirense, Pedro Meireles já só precisava de cumprir uns pequenos trâmites regulamentares para confirmar oficialmente o seu primeiro – e único até à data – título de Campeão Nacional de Ralis.
Não podia haver melhor palco como a ilha da Madeira, até pelo significado que tem para Pedro Meireles, com toda a sua beleza exótica e estradas que rapidamente fascinam os pilotos que ali se estreiam ou regressam depois de muito tempo, para ser o palco da decisão do título nacional de ralis de 2014.
Pedro Meireles não terá sido o piloto mais rápido em toda a competição, não tinha o melhor carro, mas foi quem cometeu menos erros e aquele que foi mais inteligente na abordagem da competição, atacando onde podia, resguardando-se onde devia, somando vitórias atrás de vitórias que surpreenderam muita gente, mas só os que não o viram passar na estrada, pois o nível com que se apresentou nessa época foi alto, mostrando uma grande adaptação ao seu fiável Skoda Fabia S2000.
Sabendo que tinha somente de manter o seu Skoda dentro dos limites das difíceis estradas madeirenses, não demorou muito até que a célebre calculadora de Mário Castro, o seu navegador da altura, funcionasse, já que na quarta especial da prova, Ricardo Moura foi protagonista de um aparatoso despiste. Com o açoriano fora de prova, as contas conjugaram-se e a partir daí era uma questão de posição na classificação para que as contas do título batessem certo. No final, Pedro Meireles assegurou a segunda posição da geral no CNR, e pode festejar o título de Campeão.
Já o ‘trio’ José Pedro Fontes, Inês Ponte e o Porsche 997 GT3 Cup colocou a fasquia um pouco acima dos seus adversários para vencer apenas com pouco mais de trinta segundos de avanço, na prova madeirense, quase se pode dizer que não ‘passaram cartão’ à concorrência nacional, tal foi a forma como a vantagem foi crescendo.
Decisões de título no CPR: 2015, Fontes campeão em dia de emoções fortes no Rali do Algarve
José Pedro Fontes e Ricardo Moura lutaram pelo título do CNR até ao último troço da época de 2015. Num rali emocionante, o açoriano parecia estar em vantagem até ao furo de Pedro Meireles na penúltima classificativa…
Foi um fim-de-semana ‘quente’ no Algarve. José Pedro Fontes e Ricardo Moura digladiavam-se pelo título do Campeonato Nacional de Ralis. Um campeonato onde estes dois pilotos venceram seis das sete provas do CNR antes do Algarve (Pedro Meireles venceu em Mortágua), apesar da consistência de João Barros ter colocado o piloto de Paredes entre os candidatos ao título até ao último terço do ano.
Com Barros ausente no Algarve por motivos profissionais, os outsiders intrometeram-se no duelo entre Fontes e Moura. Desde logo Carlos Vieira, que venceu três dos quatro troços de sábado e que no final de sábado estava na frente da prova… apenas o seu segundo rali de terra. Ricardo Moura, que chegava a esta prova no segundo lugar do campeonato a 8,5 pontos do rival Fontes, era o melhor dos dois candidatos ao título nesta fase, sobretudo depois dos travões do DS3 R5 terem voltado a causar problemas ao líder do campeonato.
Ainda assim, a matemática do campeonato – uma equação entre os pontos da classificação final e das vitórias em especiais – dava vantagem a Fontes no final da primeira etapa algarvia.
Só que Carlos Vieira cometeu um erro (toque) na primeira especial de domingo (PEC5, Ameixial) e com isso Ricardo Moura recuperou o comando da prova, ao mesmo tempo que via Fontes penar o quarto lugar, a mais de um minuto do açoriano. No troço seguinte, Vieira continuou a perder tempo e Fontes subia ao terceiro lugar, atrás do seu companheiro na Sports&You, Pedro Meireles, que se via na posição ingrata de mediar os dois candidatos ao título. Depois de uma ida ao parque de assistência, eis que surge o grande golpe de teatro no Algarve: na PEC7, a segunda passagem por Ameixial, Pedro Meireles afirmou ter sofrido um furo que o obrigou a perder mais de quatro minutos, levando Fontes a subir a um segundo lugar suficiente para assegurar o título.
Logo surgiram dúvidas entre os apoiantes de Ricardo Moura sobre um possível acordo entre os pilotos da Sports&You mas o campeão cessante, Meireles – pouco comunicativo com a imprensa no final da prova –, assegurou em comunicado que sofreu de facto um furo numa das rodas dianteiras na fase inicial da PEC7. Com isto, Fontes limitou-se a levar o DS3 até ao final e, apesar da exibição quase irrepreensível de Moura, fez cheque-mate no xadrez do campeonato. Aliás, o próprio açoriano também se recusou a falar à imprensa no final de um evento onde já tinha discutido o título em 2013, batendo na altura Bernardo Sousa.
Decisões de título no CPR, Rallye Casino de Espinho 2016: Zé Pedro Fontes bicampeão
José Pedro Fontes venceu o Rali Casino de Espinho e assegurou antecipadamente o seu segundo título Nacional de Ralis. Depois de um pião a abrir, fez uma prova à sua imagem, e venceu, com diversos dos principais adversários a cometerem erros e a ficarem pelo caminho.
Quem tivesse olhado para o resultado final não imagina quão disputada esta prova foi, com três líderes distintos e quatro vencedores de troços. O grande destaque foi para José Pedro Fontes e Inês Ponte, que garantiram o título, com a navegadora tornar-se na primeira mulher a sagrar-se Campeã de Ralis em Portugal: “Estou a fazer história o que é curioso, pois os navegadores costumam passar um pouco à margem. Dezasseis anos depois de me ter estreado na competição consegui um título. É uma sensação muito engraçada.” Já Fontes,era um homem feliz: “É um triunfo muito saboroso e que premeia mais um ano de enorme esforço e dedicação de todos os que direta ou indiretamente nos acompanham! Cumprimos o objetivo e isso é o mais importante, até tendo em conta alguns percalços que pontualmente foram surgindo. Desde a primeira hora assumimos que este era um projeto ganhador e o que estamos a celebrar é também prova da excelente aposta que fizemos. Assegurar dois títulos consecutivos é ótimo. Estamos todos de parabéns” disse.
Uma felicidade que não foi fácil de alcançar, pois se obteve quatro vitórias em sete provas, em todas elas teve que fazer pela vida, nomeadamente em Espinho, pois um pião logo a abrir o rali, em Gaia, levou-o a atrasar-se significativamente, chegando mesmo a estar a 23.40s do líder. A partir daí, encetou uma bela recuperação, até porque bastante cedo – no primeiro troço de domingo – viu Pedro Meireles sair de estrada, fruto de um problema com a direção assistida. A partir daí, a questão do título ficava ‘presa’ por terminar o rali nas primeiras posições, mas mesmo assim, Fontes queria mais, e desde aí venceu todas as classificativas, exceto uma, e com isso foi-se aproximando rapidamente da frente.
Decisões de título no CPR: O ‘milagre’ de Carlos Vieira em 2017 no Rali do Algarve
Carlos Vieira e Jorge Carvalho sagraram-se Campeões Nacionais de Ralis em 2017, com um exemplar triunfo no Rali Casinos do Algarve. O piloto do Citroën DS3 R5 foi o mais rápido e só não venceu dois troços do rali, sendo que, se olharmos apenas para as contas do CNR, só falhou a vitória em dois troços.
Carlos Vieira chegou ao Algarve com 8.34 pontos de desvantagem para Pedro Meireles, os dois únicos candidatos ao título, mas as vitórias nos troços, além do triunfo no rali, deram o merecido título, por menos de um ponto, a Vieira. Meireles teve de se contentar com o segundo lugar final, tal como já tinha sucedido em 2016.
Se a vitória no rali sempre esteve entre as previsões dos principais observadores, já o triunfo no número de classificativas necessário para suplantar o atraso pontual que tinha era tarefa bem mais complicada, mas Carlos Vieira realizou uma prova a todos os níveis excecional, cometendo apenas um erro num troço, e perdendo 20s. No final, assegura o título por… meio ponto! O que foi uma novidade absoluta no Campeonato Nacional de Ralis…
A prestação de Pedro Meireles tem de ser vista face à que realizou Vieira. Se esta prova tivesse sido na terra outro galo cantaria, mas terá sido em Mortágua que Meireles perdeu o campeonato. Ao permitir que um piloto com um carro que não conhecia o batesse onde o seu Skoda Fabia R5 era mais forte, foi-lhe fatal. Abriu a porta, e Vieira escancarou-a depois no Algarve. Tinha que ter feito mais e em 13 classificativas, nunca esteve sequer perto de incomodar Vieira. Talvez tenha pensado que este não conseguiria vencer tantos troços, mas não foi isso que aconteceu.
Decisões de título no CPR, 2018: O regresso aos títulos de Armindo Araújo
Armindo Araújo e Luís Ramalho venceram o Rallye Casinos do Algarve de 2018 e sagraram-se Campeões de Portugal de Ralis, com o Team Hyundai Portugal a vencer logo no seu ano de estreia do seu projeto.
Estava escrito nas estrelas: Desde que Armindo Araújo decidiu pegar novamente nas luvas e capacete, depois de um hiato de cinco anos sem competir, seduzido pelo projeto da Hyundai Portugal, que o mundo dos ralis nacionais ‘abanou’ e se entusiasmou. Aquele que é um dos maiores pilotos de sempre da história do automobilismo de estrada em Portugal, regressava com um projeto suportado numa marca que também se envolvia nos ralis a nível oficial, juntando-se à Citroën. Depois de ter guiado o Hyundai i20 R5 em competição pela primeira vez a 17 de fevereiro de 2018, precisamente nove meses depois confirmou, no Algarve o seu quinto título de campeão absoluto, passando a ser o piloto com maior número de campeonatos, cinco, mais um que os míticos Joaquim Santos e Carlos Bica.
Depois de uma temporada, atribulada em alguns momentos, quando as peças se começaram a encaixar na perfeição, o piloto de Santo Tirso acelerou para uma conquista, que tem tanto de histórica, como teve de difícil, já que a competição só ficou resolvida “quando o Sol se punha” no campeonato.
À chegada ao Algarve eram três os pilotos que tinham hipóteses de chegar ao ceptro, o piloto da Hyundai e ainda Ricardo Teodósio e José Pedro Fontes, no final do primeiro dia de prova, o piloto do Citroën C3 R5, já tinha deixado de poder lá chegar, mas Teodósio continuou a fazer pela vida e protelou o suspense da decisão até onde o motor do seu Skoda Fabia R5 lhe permitiu.
Quis o destino que o AutoSport fosse a passar pela assistência da Hyundai, e no preciso momento em que nos preparávamos para cumprimentar o Nuno Castro e o Miguel Rodrigues, da equipa de apoio de Armindo Araújo, que a festa rebentou, já que foi nesse preciso momento que tiveram a confirmação que Ricardo Teodósio estava parado com o motor do Skoda partido.
O que se pode pedir mais como adepto ou jornalista que os protagonistas de um qualquer campeonato levem a decisão se possível até aos últimos metros. Foi o que aconteceu com o CPR 2018, uma competição que teve quatro vencedores em nove provas, Armindo Araújo (4), Ricardo Moura (2), José Pedro Fontes (2) e Ricardo Teodósio (1). As circunstâncias da competição levaram a que a decisão tenha ficado presa até à manhã do último dia dos nove meses do campeonato.
Na fase inicial, Fontes foi para a frente, Armindo começava mal, com um pião onde cedeu logo 24.1s. Tinha o carro mal afinado e iria sofrer até ao fim do dia, terminando em sétimo, a mais de um minuto do líder. Teodósio passou para a frente na PE3 e por lá ficou até abandonar, quando já tinha construído um avanço de 31.8s para Fontes, que teve problemas de travões.
Em quarto do CPR (7º da geral), Armindo precisava de subir uma posição, para não deixar nas mãos de Teodósio a decisão. E foi o que fez. Com o carro melhor afinado no segundo dia, converteu em dois troços um atraso de 16.8s para Miguel Barbosa, num avanço de 4.5s. Com o lugar que precisava para depender apenas de si próprio, o terceiro, no troço seguinte, saltou surpreendentemente para a liderança do rali, já que para além do abandono de Teodósio com o motor partido do Skoda, Fontes furou, perdeu 1m09.9s e caiu para terceiro.
Estava concretizada a reviravolta e o título assegurado. Daí para a frente, Barbosa ainda esboçou uma reação, Fontes também se reaproximou, mas o triunfo no rali ficou mesmo nas mãos de Armindo Araújo, que festejou a partir do lugar mais alto do pódio, com Luís Ramalho a ser também campeão de navegadores.
Teodósio não merecia o azar que teve, mas nada lhe tira o mérito de ter levado a luta tão longe.
Decisões de título no CPR, 2019: Festa rija com o título de Ricardo Teodósio
No Rali do algarve de 2019, a emoção durou até ao fim, mas a festa rija foi algarvia. Bruno e Hugo Magalhães venceram o Rallye Casinos do Algarve, embora o segundo lugar de Ricardo Teodósio e José Teixeira tenha chegado e sobrado para alcançar o sonho de uma vida, o título de Campeões de Portugal de Ralis.
A vitória não foi fácil e por isso foi ainda mais saborosa.
Pelo terceiro ano consecutivo o CPR decidiu-se apenas no Algarve, e tal como sucedeu nos dois anos anteriores, não faltou emoção, incerteza, e muita gente de calculadora na mão. Desta feita, quatro magníficos, Ricardo Teodósio, Bruno Magalhães, Armindo Araújo e José Pedro Fontes, na ordem a que chegaram ao Algarve, tinham todos as suas hipóteses e se para Fontes e Armindo as contas eram mais complicadas, para os dois primeiros estava tudo muito mais em aberto.
Curiosamente, o mau tempo, uma ironia no Algarve, também ajudou a baralhar um pouco as coisas, e depois de um primeiro dia a apalpar terreno para uns, de ‘full-attack’ para outros, no arranque do dia decisivo era notória a apreensão em muitos semblantes.
“Que porra, está húmido em Monchique, mas está a chover muito em Marmelete”, ouvi duma boca. Isto significava que as escolhas de pneus seriam decisivas, e o stress apertou corações. É que com quatro troços na serra para fazer, nada garantia que uma escolha ou outra resultasse, pois ninguém poderia ter a certeza que a sua escolha seria a melhor. Podia dividir-se o mal pelas aldeias, mas isso também abria a possibilidade para quem mais precisasse de um tudo ou nada.
Tudo isto porque o dia de sábado, com cinco troços realizados, tinha deixado em aberto a possibilidade de qualquer um dos quatro ser campeão. Teodósio estava mais próximo, Bruno Magalhães posicionou-se bem, e com José Pedro Fontes a andar bem o algarvio tinha ali um problema. O segundo lugar garantia o título a Teodósio, mas se permanecesse em terceiro e Bruno vencesse quatro dos cinco troços do dia, e vencesse o rali com Fontes em segundo, era campeão.
Depois de ter visto como paravam as modas na 6ª Feira, deixando margem para andar mais, Teodósio atacou no sábado e venceu o primeiro troço, enquanto Fontes fazia uma péssima especial, caindo para 3º a 12.9s do algarvio, sendo este o momento chave do título.
Reforçado logo a seguir quando Fontes saiu de estrada. Isto significou que Teodósio ficou em segundo, a 8.5s de Bruno, mas com mais de um minuto de avanço face a Armindo Araújo, o único que lhe podia roubar pontos.
A partir daqui, bastaria a Teodósio levar o carro inteirinho até ao fim naquela posição. Só um azar mecânico ou erro lhe poderia roubar o título.
E o algarvio não meteu um pé fora do sítio, levando o carro até à enorme desta que ‘rebentou’ em Portimão, assegurando o seu primeiro título absoluto de ralis no CPR.
Bruno Magalhães venceu merecidamente o rali, levou a luta até ao limite, mas esta era a vez de Teodósio.
Com três candidatos ao título separados por 10.6s no final do primeiro dia, o momento chave do rali e do campeonato deu-se nas duas primeiras especiais de sábado, quando Teodósio passa Fontes, chega a segundo, ficando totalmente à vontade, quando o homem do Citroën saiu de estrada no troço seguinte. Não precisava de atacar Bruno, e Armindo estava a mais de um minuto. Foi só levar o ‘brinquedo para casa’…
Decisões de título no CPR, 2020, pandemia impediu luta na estrada: Armindo Araújo campeão
Quando Armindo Araújo e Luís Ramalho venceram o Rali Terras d’Aboboreira e passaram a ser os novos líderes do campeonato pensava-se que a decisão com Bruno Magalhães se faria no Algarve, mas as autoridades de Saúde deram um parecer negativo à realização da prova, o que resultou no desfecho menos querido por parte dos adeptos, bem como os dois principais protagonistas, Armindo Araújo e Bruno Magalhães, que já tinham revelado que sendo possível, a prova se deveria realizar. Contudo, não foi possível, devido ao parecer não favorável por parte das Autoridades de Saúde, alegando o Estado de Emergência causado pela pandemia do coronavírus. Desta forma, o Clube Automóvel do Algarve viu-se forçado a cancelar a última prova do Campeonato de Portugal de Ralis, o Rallye Casinos do Algarve, que estava previsto para os dias 17, 18 e 19 de dezembro.
Foi pena porque a sexta de sete provas do CPR 2020 redundou num ‘virar de tabuleiro’. Numa altura em que parecia que o campeonato estava a ficar muito inclinado para Bruno Magalhães, eis que uma prova (Aboboreira) em que o Hyundai i20 R5 não teve argumentos para os seus adversários, atirou com o até aqui líder do campeonato para um quarto lugar que lhe iria dificultar a luta pelo título, que nessa altura passou a mostrar-se mais favorável a Armindo Araújo.
O piloto da The Racing Factory ia para o Algarve na liderança, com uma vantagem de 8,88 pontos, o que obrigava Bruno Magalhães não só a vencer, mas se Armindo Araújo fosse segundo, a assegurar ainda pontos adicionais através de vitórias em especiais e/ou PowerStage. Não pudemos ver essa luta…
Decisões de título no CPR, 2021: parafuso quase ‘tramou’ Ricardo Teodósio. Quase!
O Rali de Mortágua de 2021 foi impróprio para cardíacos. Tudo começou com um pião de Armindo Araújo na qualificação o que o levou a ser o primeiro na estrada, num rali de terra. Despistou-se com pouco mais de um quilómetro na PE1, e deixou nas mãos de Ricardo Teodósio a decisão do título. Precisava ‘apenas’ de ser segundo. Mas isso foi mesmo muito difícil porque o algarvio teve problemas com a alavanca da caixa de velocidades do Skoda e atrasou-se na manhã da prova, chegando ao meio do dia a 22.5s do segundo lugar que necessitava para ser campeão, caso também obtivesse dois pontos na PowerStage.
De tarde, Teodósio encetou uma boa recuperação que o levou do quarto ao segundo lugar, ultrapassado Miguel Correia na derradeira especial, com o jovem piloto do Skoda a revelar que teve problemas com a ‘wastegate’ (válvula do turbo), justificando assim todo o tempo perdido à tarde. Com o triunfo na PowerStage, Ricardo Teodósio e José Teixeira asseguraram o seu segundo título em três anos. Um título que ficava bem a qualquer das duas duplas que levou a luta até à derradeira prova.
Depois de Armindo Araújo ter ficado fora de prova logo na PE1,na sequência de um furo, que o atirou contra uma árvore, ironicamente, Teodósio teve que mudar o chip, pois estava preparado mentalmente para uma prova ao ataque e de repente viu-se a ter que passar a manhã a gerir os problemas que teve com a alavanca da caixa de velocidades do carro, que o levam a perder os tais mais de 50s.
Depois de colocado o ‘parafuso’ que faltava na alavanca da caixa na assistência, fez o que precisava de fazer, com a obrigatoriedade de ter que chegar ao segundo lugar e ainda obter pelo menos dois pontos na PowerStage.
Numa tarde de ataque quase máximo, pois havia que poupar pneus nos primeiros dois troços, Teodósio recuperou muito tempo a Miguel Correia, a quem ‘roubou’ o segundo lugar na última especial do dia, que venceu, conquistando os três pontos da Power Stage, o que lhe garantiu o título nacional. Bruno Magalhães/Carlos Magalhães (Hyundai I20 N Rally 2) terminaram o ano em grande e venceram o rali, a primeira vitória do Hyundai I20 Rally2 em solo nacional.
Decisões de título no CPR, 2022: Armindo Araújo campeão de ‘calculadora’ na mão…
Bruno Magalhães/Carlos Magalhães (Hyundai I20 N Rally2) venceram o Rali da Água-CIM Alto Tâmega, Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia Rally 2 Evo) foram terceiros e asseguram o seu 7º título ‘nacional’.
O Campeonato de Portugal de Ralis teve em Trás-os-Montes uma das suas melhores provas do ano. Foi, sem dúvida, um bom rali e foi em Chaves/Boticas que Armindo Araújo chancelou o seu sétimo título nacional, não dando muitas hipóteses aos seus adversários. Curiosamente, o seu pior resultado do ano foi mesmo este, um pódio. E quando um pódio é o pior resultado, está tudo dito. Muito regular, não deixou pedra sobre pedra, e quando assim é é difícil batê-lo.
Bruno Magalhães/Carlos Magalhães (Hyundai I20 N Rally2) venceram a prova do CAMI MotorSport, com 8.0s de avanço para Ricardo Teodósio/José Teixeira (Hyundai I20 N Rally2) com Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia Rally 2 Evo) em terceiro, a 34.6s.
Os novos campeões, Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia Rally 2 Evo) terminaram no pódio, mas cedo deixaram claro que nada iriam arriscar nesta prova, andando sempre de calculadora na mão para efetuar mesmo os ‘serviços’ mínimos’ necessários à concretização do objetivo. Assim pensaram, assim fizeram, com precisão milimétrica. Não houve risco, muito menos uma roda fora do sítio. E o objetivo foi alcançado.
Tal foi o domínio de Armindo Araújo em 2022, já este ano, as coisas estão a ser bem diferentes, com quatro duplas a poder ser campeões.
Decisões de título no CPR, 2023: Ricardo Teodósio e José Teixeira tricampeões nacionais
O tri chefou na Marinha Grande! Ricardo Teodósio acompanhado por José Teixeira no Hyundai i20 N Rally2, depois dos dois triunfos em 2019 e 2021, voltaram a ser Campeões em ano ímpar. A dupla teve uma entrada do segundo dia do Rali Vidreiro/Centro de Portugal muito forte, passando a liderar a discussão do campeonato depois desta ter começado com margens muito curtas entre os quatro candidatos.
Teodósio e Teixeira viram José Pedro Fontes/Inês Ponte (Citroën C3 R5) a começar melhor este derradeiro rali da temporada, mas deram a volta mostrando um ritmo muito forte, principalmente nos dois troços desta manhã, passando a gerir nas duas últimas especiais, uma vez que a diferença que detinham para os restantes candidatos, nessa altura já uma luta a três depois do abandono de José Pedro Fontes, lhe dava margem para o fazer.
Acabou o rali com muita festa junto ao final do troço, congratulado pelos seus adversários num gesto bonito que se repete ano para ano, e com o terceiro lugar da classificação geral da prova, a 1:18.8s da dupla vencedora Kris Meeke/Brian Hoy (Hyundai I20 N Rally 2).
Entre os quatro pilotos portugueses que estavam na discussão do título antes da derradeira prova do CPR, Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia RS Rally2 evo) começou com um toque na primeira especial, mas no final do primeiro dia, apenas dois troços, uma delas a Super Especial da Marinha Grande, as diferenças entre as duplas eram curtas. Teodósio e Teixeira começaram muito bem, ao contrário de Araújo e Miguel Correia/Jorge Carvalho (Skoda Fabia R5 Evo), que ficavam mais afastados devido às suas escolhas de pneus. A atenção virava-se para Teodósio e José Pedro Fontes, mas na quinta especial o piloto do Citroën C3 e a navegadora Inês Ponte ficaram fora da discussão da luta pelo título nacional, depois de ter tido um acidente, assim como aconteceu com a dupla Pedro Meireles/Pedro Alves (Hyundai i20 N Rally 2). Isso deixou Teodósio bem mais à vontade, com 45s de avanço para Armindo Araújo e Miguel Correia, faltando apenas dois troços podendo gerir essa vantagem,
Na Power Stage, Meeke bateu Alejandro Cachón/Alejandro Lopez (Citroën C3), mas foram Ricardo Teodósio e José Teixeira a fazer a festa no final.
Em 2024 só dois pilotos podem chegar ao título, Kris Meeke e Armindo Araújo. Se for o português, temos Campeão, se for o irlandês, Campeão Nacional não é, e neste momento nem sequer sabemos se lhe podemos chamar vencedor do campeonato…
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