F1: Conseguirá a McLaren vencer as restantes corridas?
Singapura foi palco de uma das mais claras demonstrações de força da McLaren. Numa pista onde os pontos fortes do carro da equipa britânica se destacaram, dominaram como há muito não faziam. Mas serão capazes de manter este nível até ao fim?
Se no início do ano disséssemos que a McLaren iria vencer com 20 segundos de vantagem para a Red Bull, todos soltariam gargalhadas. A verdade é que o equilíbrio de forças mudou drasticamente e a McLaren é agora considerada a equipa com o melhor carro.
A Red Bull tem sete vitórias, contra cinco da McLaren, com Mercedes e Ferrari empatadas com três. Quanto às poles, Red Bull tem oito, contra cinco da McLaren, três da Mercedes e duas da Ferrari. Nesta fase, a Red Bull não vence há oito corridase desde o GP de Espanha que a Mercedes triunfou três vezes, a McLaren quatro e a Ferrari uma.
Há quem aponte a McLaren como a grande favorita para o resto da temporada (seis corridas) mas será que a McLaren tem condições para vencer as restantes corridas?
McLaren mais forte em pista com níveis de apoio aerodinâmico mais elevado.
Cada equipa do top 4 tem-se destacado num capítulo. A Mercedes é melhor em pistas de alta velocidade (especialmente se estiverem frescas) e mais fraca em locais mais quentes e de baixa velocidade, onde a tração é importante. A Ferrari tem uma boa velocidade máxima e destaca-se nas curvas curtas e lentas, enquanto a Red Bull mantém-se como a referência na eficiência aerodinâmica global e baixo arrasto a alta velocidade. A McLaren domina quando se trata de circuitos de apoio aerodinâmico máximo.
A próxima corrida está agendada para o Circuito das Américas, em Austin. É uma pista muito interessante que mistura secções muito sinuosas onde o apoio aerodinâmico é fundamental, mas também conta com duas longas retas, especialmente a oposta à meta. Aqui o favoritismo cai novamente para a McLaren, com o setor 1 e 3 a exigir muito apoio aerodinâmico. E, como vimos em Baku, os engenheiros de Woking encontraram forma de ser eficientes também em linha reta. A McLaren já não usará o truque do mini DRS, mas terá argumentos para aguentar os ataques nas retas. A Red Bull deverá ser a que mais se aproxima, contando implementar atualizações por essa altura. Mas a McLaren deverá ser forte.
O Autódromo Hermanos Rodríguez é uma pista diferente e a altura faz com que o arrasto não seja tanto um problema. Aqui o trunfo principal é o motor e a capacidade de conseguir debitar potência mesmo com o ar rarefeito. E aqui, a Red Bull tem tido vantagem, com o motor Honda a ter mais força que os motores Mercedes e Ferrari em altitude. Aqui, poderemos ver um triunfo da Red Bull.
A Mercedes pode olhar para Interlagos como uma boa pista para tentar regressar aos triunfos. A pista é fluída e a chuva costuma aparecer. Se for o caso, as temperaturas da pista vão baixar e a Mercedes ganha vantagem, com a McLaren e a Red Bull à espreita.
Las Vegas é um citadino à imagem de Baku, com longas retas e curvas curtas e lentas. Aqui a Ferrari poderá ter uma palavra a dizer, como fez em Monza e Baku.
No Qatar, as temperaturas deverão afastar a Mercedes de um bom resultado e com a configuração da pista, a McLaren pode voltar a ganhar vantagem, com curvas longas, rápidas, onde o apoio aerodinâmico se vai revelar fundamental.
Em Abu Dhabi, há secções que podem agradar a todas, sendo que a Red Bull vencer desde 2020. A elevada degradação que habitualmente se sente e os setores 1 e três beneficiam a McLaren e a Red Bull, com a Ferrari e a Red Bull mais à vontade no setor 2. A Red Bull pode ter alguma vantagem aqui.
Claro que este é um exercício meramente teórico, tendo em conta o que se sabe agora. Se a atualização da Red Bull der resultados, tudo isto pode mudar. O mesmo se aplica às outras equipas. Referimos aqui apenas as caraterísticas base dos carros. E sabemos que a gestão de pneus é também fundamental e que muda de pista para pista, de carro para carro… muitas vezes de dia para dia.
A McLaren dominou em Singapura. Lando Norris estava a 60% do que podia fazer e mesmo assim ia ganhando pouco menos de um segundo por volta a Max Verstappen. Uma mostra de força tão clara poderia fazer pensar que a McLaren ia dominar o resto da época. A realidade poderá ser muito diferente e deveremos ter muita emoção nas últimas corridas do ano.
Foto: Philippe Nanchino / MPSA